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7 ago, 2009

Celular: uma nova modalidade de inclusão/exclusão digital

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Corriqueiramente leio, em diferentes veículos de comunicação, debates, matérias e ações sobre a inclusão/exclusão digital. Apesar de representar apenas uma pequena fatia na educação e socialização em nosso país, os números da inclusão digital vêm crescendo constantemente, e isso é muito bom.

Uma nova modalidade de inclusão digital que tem crescido é o aparelho de telefonia celular, através de seus diferentes formatos, como voz, web, sms e outros.

Segundo informação divulgada pela Anatel, em abril de 2009 havia oito celulares para cada dez habitantes. Isso representa mais de 153 milhões de assinantes no Serviço Móvel Pessoal (SMP), com mais de 1.3 milhão de novas habilitações (crescimento de 0,86%), apenas em março de 2009.

Os maiores crescimentos da teledensidade em março foram registrados no Maranhão, Amapá, Amazonas, Alagoas e Pará. É isso mesmo: pontos distantes dos grandes centros que, talvez, você nem imaginasse que tivessem sinal.

Analisando esses números e as atuais mudanças na forma de oferecer conteúdo e entretenimento, me deparei com algumas informações que me fizeram refletir sobre esse tema. Então para compartilhar minhas dúvidas faço-lhes as seguintes perguntas:

  • É a inclusão digital se expandindo por todos os cantos do país, certo?
  • Se considerarmos apenas as pessoas que possuem aparelho celular (cerca de 154 milhões de brasileiros), podemos afirmar que essas estão incluídas digitalmente?

Deixo a resposta com vocês, porém vou expor meu ponto de vista: ainda não!

O que me levou a pensar assim? Vamos aos pesares.

De todo esse universo, 81,61% são pré-pagos e apenas 18,39% pós-pagos, sendo que desses pré-pagos, muitos utilizam o aparelho apenas para receber ligação. (Dados divulgados pela Anatel, em abril de 2009).

Segundo pesquisa da Nielsen realizada no quarto trimestre de 2008, cerca de 16% dos consumidores só usam o celular para voz e 25% usam o celular para voz e mensagem de texto. Apenas 19% usam serviços de valor adicionado, como acesso a web, envio de mensagens mms, Apps e outros.

Esses dados por si só já seriam um bom argumento. Não basta ter um aparelho celular para estar incluído digitalmente. Mas ainda há outros pontos que gostaria de analisar com vocês.

Segundo pesquisa do Yankee Group, a expectativa é que em 2013 a venda de Smartphones atinja 38%. Segundo as próprias operadoras, quem tem esse tipo de aparelho gasta cerca de 20% a mais no final do mês na conta telefônica.

O que pode parecer uma grande notícia pra uns, é algo desanimador pra outros. Anunciantes olham com receio esses dados. A falta de padrão no segmento e o pouco conhecimento do mercado fazem com que agências e anunciantes fiquem receosos em investir suas verbas em mídias que ainda estão em desenvolvimento. Com a velocidade frenética e o avanço das tecnologias mobile, esses números poderiam ser bem mais animadores.

O segmento de Smartphones é o que mais cresce neste mercado. Os 38%, nesse caso, parecem muito aquém do que o mercado espera. Esses aparelhos são os responsáveis por grande parte dos acessos à internet pelo celular. Um exemplo claro é a APP Store, que hoje conta com mais de cinqüenta mil aplicativos. Esse é um mercado extremamente segmentado e a grande maioria dos usuários utiliza suas ferramentas multimídias. Porém esse número representa muito pouco de acordo com o universo de usuários que temos na telefonia móvel.

Com o advento da tecnologia 3G e o aumento na tecnologia dos aparelhos, a previsão é que número de acessos à web através de celular aumente consideravelmente. Mas o que mais deve impulsionar esse mercado é o fator Social Media. Muitos usuários utilizam o celular para acessar e atualizar suas páginas. O Twitter é um exemplo claro. Basta uma mensagem de texto e pronto, seus seguidores sabem o que você postou, seja lá de qual lugar no planeta você está, bastando esse ter um sinal de sua operadora.

Porém, vejo o preço do tráfego e dos pacotes de dados ainda muito caro e pouco acessível à maioria dos brasileiros. Usuários de linhas pré-pagas dificilmente navegarão na rede através de seu aparelho celular, e se contarmos que mais de 80% dos usuários optam por esse tipo de serviço, podemos deduzir que poucos usuários realmente estão incluídos digitalmente através do celular.

Para dar exemplo de minhas afirmações, fiz o download de um software para ler QR Code pelo celular com linha pré-paga através de WAP. O programinha é bem pequeno, com cerca de 4 MB. Entre acessar o site, escolher o modelo do telefone compatível e baixar o software gastei incríveis R$13,75. Quantos usuários estão dispostos a gastar esse montante para baixar um software via celular?

Sendo assim, de alguma maneira o celular acaba excluindo digitalmente grande parte dos usuários. E o próprio mercado contribui pra isso produzindo conteúdo e distribuindo de forma exclusiva. Ou você tem um iPhone ou fica de fora. Se tem, pode baixar milhares de aplicativos. Se não tem, fica na vontade. Alguns concorrentes começam a se mexer, mas os usuários têm sede de informação.

O mercado de telefonia móvel podia tomar a internet como exemplo. A internet ganhou um incrível número de usuários e popularizou-se graças à redução do custo dos computadores pessoais e o surgimentos das Lan Houses, que levou o acesso à rede a locais e pessoas com poucos recursos. Com isso a inclusão digital também deu um enorme salto. A redução nos custos da navegação através de banda larga também contribuiu, e muito, para isso acontecer. Com isso, todos saíram ganhando. Essa inclusão através das redes de telefonia celular também pode ser acelerada com planos de telefonia mais baratos e pacotes de dados mais acessíveis. Todos sairão ganhando, clientes, operadores, empresas, etc.

E você. Se sente digitalmente incluído?

Se tiver dúvidas, sugestões ou críticas, fique à vontade para comentar ou enviar para meu e-mail: Kadu Lima – kadu@perdidosnanight.com.br

Até a próxima!