DevSecOps

12 nov, 2009

TI é um commodity ou gera diferencial competitivo para as empresas?

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O tema não é novo, mas a dúvida persiste: a TI é um
commodity ou gera diferencial competitivo para as empresas? Há duas abordagens
quase radicais. A primeira delas defende que a tecnologia da informação vai
tornar-se infraestrutura básica, como a eletricidade; no outro
extremo, o mercado nacional aponta que a TI é estratégica para os negócios. Na
minha visão, ambos os conceitos estão igualmente certos e errados.

A TI ainda não é um commodity, isso porque há grande diferença de custo e
desempenho, dependendo de onde é executada e como está organizada. Ao contrário,
uma típica commodity obedece padrões rígidos de qualidade e seu preço varia com
a demanda, como ocorre com o café ou com a eletricidade.

De modo geral, a TI não tem padrões. Quando conduzimos uma solicitação de
proposta para contratar um serviço de outsourcing é comum encontrarmos
diferenças de preço de até 40%. Investigando os dados de benchmarking (melhores
práticas) de algumas consultorias, identificamos que os fornecedores também
variam sua oferta de SLA, mesmo para os serviços mais comuns.

A TI é a responsável pela promoção da inovação e produz diferencial competitivo
para a empresa. Sou também defensor dessa tese, mas sejamos práticos: no seu
dia, quanto tempo você dedica para pensar nas melhorias que pode trazer para
o negócio? 10%, 20% ou 30%, se formos mais otimistas? Na maior parte do tempo,
somos consumidos pelos problemas cotidianos: atualização da segurança,
negociação com fornecedores, instalação da rede na nova filial, sistema parado,
reunião com a diretoria, avaliação de funcionários, orçamento, entre outros. O
líder da área de tecnologia precisa apagar vários incêndios todos os dias.

A verdade é que há serviços que poderiam ser commodity, assim como há a certeza
de que poderíamos aplicar melhor o nosso tempo nos assuntos estratégicos.

Por exemplo, o hosting de aplicativos, como o website da empresa, já é padrão:
disponível o tempo todo, seguro, tem crescimento planejado e a introdução de
alterações é feita de modo controlado. O datacenter que hospeda o ERP pode ser
mais complexo, porém mostra-se igualmente padronizável, assim como o email, a
gestão de incidentes e todos os serviços que possam ser definidos por catálogo.

Já o diferencial estratégico para os negócios está limitado, principalmente,
pelo tipo de negócio. Se a empresa atua em segmentos nos quais os produtos só
são diferenciados por preços, será que a área de negócio está interessada em
ouvir idéias inovadoras do CIO? Provavelmente não. Já em outros segmentos, que
“brigam” pelo cliente, o espaço para esse gestor atuar em inovação é maior.

Entenda a cultura da empresa e desenhe uma TI apropriada para a sua realidade.
Em todos os casos, há vantagens em explorar a padronização dos serviços, o que
reduz custos e melhora qualidade. E para as empresas mais inovadoras, a grande
oportunidade é aperfeiçoar a capacidade de entrega de projetos, nos quais a TI
pode produzir um grande diferencial. Onde você vai aplicar a sua energia hoje?

Independente de ser um commodity ou não, a tecnologia pode e
deve ser um diferencial para que as empresas possam trabalhar com mais
segurança e qualidade em tempos de crise.

Porém, um dúvida ainda fica no ar: a falta de líderes
capacitados é, e vai continuar sendo, uma das maiores causas de problemas na
economia nacional e, se tratando de tecnologia, onde o capital investido é
alto, isso pode acarretar em outra crise. Onde fica a pergunta: o país deve
investir em tecnologia para superar a crise ou em profissionais qualificados?

Isso eu já não posso responder. Mas adoraria saber a
resposta.