Desde o segundo semestre do ano passado já foram lançados milhares
de livros de gestão com dicas de como os líderes devem agir para
melhorar o desempenho das empresas. A maioria deles inclui capítulos
específicos de como os departamentos de negócio deveriam lidar com a TI. Ora, pessoal, será que ninguém cansou desses
clichês de que as áreas de tecnologia devem ser tratadas como um anexo
ao organograma corporativo?
Uma organização precisa que todos os departamentos operem com um
mesmo objetivo para alcançar os resultados esperados. Principalmente
este ano, quando grande parte das empresas aposta na recuperação
econômica mundial para sair do modo de funcionamento “sobrevivência” e
voltar a crescer.
Mesmo sem concordar com os desentendimentos, resolvi consultar
especialistas de mercado e analisar o perfil dos departamentos de TI
para identificar os motivos dessa briga entre tecnologia e negócios. E
acredito que saber as causas é o primeiro passo para remediar os
efeitos.
A tensão entre a TI e as áreas de negócio está atrelada à estrutura organizacional das empresas
Talvez por uma visão mais clássica (para não dizer antiga) de gestão,
muitas organizações posicionam o departamento de tecnologia como uma
esfera separada das demais áreas, de modo que, quando há uma crise, essa
distância aumenta e gera uma batalha de “nós” contra “eles”. No momento
em que a insegurança toma conta das corporações, todos começam a buscar
alianças com o intuito de manter os empregos. Da forma como é
posicionada, é óbvio que a área de TI seja vista como inimiga das
demais e, pior, ela é enxergada como um centro de custos que não traz resultados às empresas.
O posicionamento da TI como prestadora que realiza serviços de acordo com uma fila de chegada gera desapontamento
A
centralização do orçamento para projetos de tecnologia é prejudicial na
medida em que faz com que a área seja vista como prestadora de serviços
sob demanda. A impressão de todos é que basta chegar ao departamento e
“pegar uma senha” para que a necessidade seja sanada de acordo com a
ordem de chegada, sem levar em consideração a importância e a urgência
dos projetos. Ou seja, sem a visão estratégica necessária. Se cada
departamento tivesse um budget voltado às iniciativas tecnológicas, o
departamento de TI agiria como uma consultoria,o que geraria aumento a agilidade das ações.
As prioridades da TI estão de ponta-cabeça
Executivos de negócio querem usar o Twitter como ferramenta de contato com clientes, enquanto CIOs estão
preocupados se tal prática pode provocar ataques à rede das empresas,
por exemplo. Em nenhum momento os dois lados sentam e discutem as
necessidades de um e a capacidade do outro de ajudá-lo.
Em resumo, podemos afirmar que esse “desentendimento” ainda vai levar algum tempo para ser solucionado, porém, isso deve depender principalmente da nossa (TI) “iniciativa em querer que a coisa ande”.