Uma coisa que me incomoda muito nos entusiastas, gurus, experts ou qualquer tag do tipo de pessoas que trabalham com web é a capacidade que eles têm em distorcer a realidade, em pegar um fator, isolá-lo e considerá-lo como novidade master de todos os tempos da última semana.
Me chamem de chata, mas não consigo ver a internet só como um “instrumento” de qualquer coisa. Internet é, a meu ver, um espaço social como qualquer outro, logicamente as dinâmicas em relação a este espaço são diferentes dos demais e, por isso, possibilitam e potencializam algumas coisas que antes não eram tão simples assim.
Internet, um espaço social, onde seu comportamento varia, sim. É natural do ser humano, mesmo que inconscientemente, adaptar seu comportamento ao ambiente em que se encontra. Você não se comporta num consultório médico da mesma forma que se comporta numa boate, certo? Inclusive a sua linguagem pode mudar. É natural. Porém há uma coisa meio que permeia todos os ambientes (e acho que inclusive por isso você adapta seu comportamento). Essa coisa se chama Reputação que, em épocas de exaltação da web 2.0 e bla bla bla, tem gente chamando de “personal brand”.
Personal Brand. Você considera isso uma coisa nova? Um advento da contemporaneidade possibilitado pelas ferramentas colaborativas (inclua aqui todo o “bla” de web 2.0 que melhor lhe convir)?
Não, personal brand não é uma coisa nova. Desde que o mundo é o mundo as pessoas se preocupam, mesmo que inconscientemente, com a imagem que passam para os outros (e o cartão de visita, essa coisa velha, de papel, que você mandou fazer com “a sua cara” é uma das coisas que mostram que “personal brand” existe desde quando você nem pensava em existir).
O que a internet possibilitou foi ampliar os espaços sociais nos quais você (lê-se “sua imagem”) aparece. Você não é mais visto só por aquele grupo de pessoas do colégio, do trabalho ou curso. Você agora tem também uma persona online e, assim como na vida offline, você se preocupa com a imagem que passa online.
Mas o termo “personal brand” ganhou tanta importância porque na internet é muito mais fácil alguém ter algum contato com você, saber quem você “é”, cair no seu blog, twitter ou no teu perfil do orkut por acaso. Saber da existência de alguém, no meio online, é bem mais rápido do que pelos meios tradicionais, então a sua “marca”, ou seja, sua reputação também se espalha com muito mais facilidade do que antes.
Tenho uma grande crítica com as pessoas que não se permitem observar a internet com um olhar mais, digamos, antropológico ou social. Isolar como objeto de estudo dá uma visão mais “técnica” das coisas e um conhecimento sobre algo “pontual”, mas para entender mesmo comportamentos, até para quem (como eu) usa internet como uma das ferramentas de publicidade e marketing, essa tentativa de observação mais holística é necessária (como uma ferramenta web influencia a outra? como é a variação de comportamento dentro dos ambientes digitais/interativos? etc.)
Quem quiser acompanhar um pouco sobre essa discussão de personal brand, coloco alguns links abaixo. Eles não necessariamente seguem a minha visão acima, mas alguns apresentam pontos conflitantes sobre os quais vale a pena parar um pouquinho e refletir.
“Brand U.0´´ – blog sobre personal brand do David Armano (gosto muito das idéias do David Armano e o bom é que nem sempre concordo com ele).