(Vão me acusar que falta experiência para escrever o que vou escrever. Vão me acusar de ser mais uma das que falam, falam e não tomam atitude. Podem até me acusar de querer polemizar. Mas bem, eu sei que esse post saiu de uma série de coisas: blogs que leio, conversas que tenho com amigos e conhecidos que trabalham na área, visão pessoal baseada nas minhas experiências e pretensões, além de todas as coisas que consumo relacionadas a mercado digital, logo só espero que, no final, não fique aquela sensação de “ah, ela está bravejando sem sentido”.
Não quero que concordem comigo, mas sim que exista um debate sobre o tema.)
Olho para ações lá de fora. Olho para ações nacionais. Olho para o que eu faço e o que está sendo feito em outros lugares. E a minha conclusão é: o grande problema da publicidade é fazer publicidade e achar que isso basta. E isso se reflete em como se faz publicidade para meios interativos.
No geral somos sim influenciados por um modelo que vigora há anos a fio que é a remuneração de mídia e não das idéias. Podia dar certo antes, podia ser adaptado aos meios tradicionais, mas isso não funciona para o online. Não da forma escancaradamente tosca e não adaptada que tem sido feito.
As boas idéias são (mal) copiadas, a gente se prende a fórmulas que deram certo antes e não se arrisca em mudar. Não falo de guerrilha, não falo de ARG, nem viral, nem colaboração nem nada disso. Falo de idéia: acho que está rolando uma preguiça e receio de tentar fazer diferente.
E, honestamente, internet não é plataforma de publicidade, se continuarmos a ver publicidade como se vê há mais de 50 anos. Internet é plataforma de serviço e sociabilização e nossa publicidade, no geral, não entrega nem serviço, nem favorece sociabilização, não agrega valor, não entretém. A publicidade só fala e fala e fala.
Compra-se mídia em diversos locais, links patrocinados, criam-se redes sociais ou se interfere em redes sociais já existentes, mas no fim são poucas as ações que entregam algo além do blah.
Interpreto como algo completamente contraditório querer só falar e aparecer em plataformas que permitem retorno por parte do consumidor. E ignorar é um tipo de feedback que a maioria desconsidera e publicam com orgulho que 0,8% de CTR num banner é “um resultado fenomenal” (sem contar que muitos nem sabem o que o consumidor fez dentro do site depois que entrou nele).
Sem contar as ações “colaborativas” que nascem todo dia. Acho legal querer que o usuário coopere, colabore, participe de uma forma mais ativa na criação da marca, mas… será que todo tipo de produto pede esse tipo de ação? Todo perfil de público tem a ver com este tipo de ação? Pensou-se em algo diferente além do que está “na moda”? Colaboração não é deixar o cara postar o que quiser ou criar uma rede social e achar que ele vai migrar.
Não tenho uma fórmula, ainda bem, de como deve ser feito ou não, para onde deve-se olhar agora ou não. Faço parte do grupo que sabe que está meio perdido, que percebe que as coisas estão em transição, por isso acho importante estimular debate em cima de certos assuntos, para tentarmos ver as coisas de um jeito diferente. E eu mesma me incluo no pacote de quem precisa ver diferente.
Há medo de testar. Há um apego forte a ações e métodos passados que davam certo. Há uma estrutura fixa que não se adéqua ao meio que está. Há uma preguiça de buscar novas idéias (às vezes é trabalhoso demais e ganho de menos). E, por tudo isso, eu concluí aquilo que eu disse lá em cima, porque publicidade não se resume à mídia, não se resume a modismos. Temos que evoluir nossa forma de propagar, porque está retumbando no vazio.
O que me deixa feliz é que há, sim, alguns poucos que começaram a se mexer, alguns de dentro do mercado, outros de fora que enxergaram a necessidade de mudar, que correm atrás de novas idéias, outras soluções e eu também estou correndo atrás disso, porque não quero ser vista como “mais uma” ou como alguns consumidores finais vêem a galera de marketing e publicidade: um bando de gente que só promete.
* Artigo originalmente publicado em http://www.mbox.blog.br/.