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11 ago, 2009

A corrida do ouro e a Internet

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Uma vez comentei com um cliente sobre a bolha da internet, e ele me fez uma pergunta “Quem ganhou
dinheiro com a corrida do ouro?”. Entendi na hora aonde ele queria
chegar, afinal no final da década de 1990 vivenciamos o sonho da
internet e o estouro da bolha em 2000. Muitos “garimpeiros” acharam que
desenvolver sites os fariam ricos, mas descobrimos a duras penas que o
marketing online ainda teria um longo caminho a percorrer. Atualmente,
a internet já se consolidou como ferramenta essencial na estratégia de
qualquer empresa, mas vale a pena refletir sobre o passado para evitar
o surgimento de novas bolhas.

O objetivo deste artigo não é ser um estudo acadêmico, mas apenas um
convite à reflexão para que possamos tomar decisões mais assertivas
como investir nosso tempo de estudo e o dinheiro de nossos clientes nos
projetos de marketing online.

Nos últimos anos, duas grandes tendências se consolidaram como essenciais nas estratégias de marketing online: O marketing de busca – também conhecido como SEM (search engine marketing) – que se divide em links patrocinados e SEO (search engine optimization) -; e as redes sociais (Social Media).

Como reação natural, surgiram diversas agências especializados em
SEO e redes sociais. As agências web também passaram a oferecer
serviços de SEO e redes sociais com parte de seu leque de serviços. Infelizmente é comum estagiários assumirem estas atividades que não são
o core-business. É importante valorizarmos cada atividade, pois ofertar
serviços nos quais não somos especialistas apenas prejudica todo setor. SEO e redes sociais vieram para ficar, e devem ser tratados como novos segmentos de mercado, tal como é o design e a programação.

Que lição podemos aprender com a crise pós-bolha em 2001?
Na minha opinião, em 2001 esquecemos que era necessário ter audiência e
pessoas navegando na internet. Naquela época ainda era comum muitas
pessoas usarem internet discada, a base de usuários ainda era pequena e
o tempo médio de navegação era muito menor do que hoje. O resultado
desta combinação de fatores era a impossibilidade de fechar a conta
entre anunciantes, portais e PÚBLICO. Em resumo, tinha muito portal para pouco público.

Uma nova bolha?

Li este post no twitter do @renedepaula, e vale uma boa reflexão.

Mercado de SEO

Sobre o mercado de SEO e redes sociais, acredito que está ocorrendo
algo similar, pois há um crescente número de profissionais que estão se
capacitando (OK), porém muitos oferecem o serviço sem conhecimentos
mínimos necessários para prestar um serviço de qualidade (não OK).

Aém disso, ainda é muito grande o número de profissionais de
marketing, sócios/donos de empresas e outros profissionais de negócios
que não entendem a importância de aparecer nos resultados orgânicos de
busca (early-majority e later-majotiry – ver artigo: Marketing e Tecnologia: Eterno Dilema).
Muitas pessoas que tomam decisões de investimentos em marketing focam
apenas nos links patrocinados como estratégia de marketing de busca, o
que é um erro estratégico.

Creio que é necessário um movimento de todos no sentido de criar uma cultura de busca
nas pessoas de modo que o SEO se torne uma prioridade, e com isso, o
aporte de investimentos e demandas de projetos será maior. Também é
fundamental mostrar a importância do investimento na geração de
conteúdo para potencializar o trabalho de SEO.

Dentre os principais fatores para o SEO, podemos destacar a meta tag TITLE, as URLs amigáveis e o número de páginas indexadas.
Notem que a cada novo artigo em um site, teremos mais um TITLE, uma URL
amigável e uma URL indexada no Google. Em resumo, quanto mais conteúdo,
melhor para o SEO.

A área de conteúdo deve conhecer as boas práticas de SEO para
conteúdo e alimentar o site com conteúdo relevante. O conteúdo não deve
ser apenas o tradicional, deve ser relevante e cativar o leitor como um
bom livro. Sabemos que isso exige investimento de tempo e recursos
(contratar bons profissionais de conteúdo), mas o resultado irá
surpreender. Como está o conteúdo do seu site?

Aproveitando a metáfora da corrida do ouro, conteúdo relevante são as jóias resultantes de um bom trabalho de garimpagem.

Este gráfico ilustra como seria o ciclo de vida do SEO, mostrando
que estamos na fase de crescimento e maior lucratividade, mas que o
aumento da competição irá gerar um declínio do lucro e uma consolidação
dos players. Como ocorreu no início da internet quando houve um boom de
produtoras web, estamos vivenciando um boom de agências de links
patrocinados, SEO e redes sociais.

Aprendizado como solução

Gosto muito desta frase de Leonardo da Vinci, “Aprender é a única coisa de que a mente
nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”, pois ela reflete a minha opinião sobre a importância de
resistir à tentação de colocar os ganhos financeiros à frente do
aprendizado.

Ministro cursos de AdWords e SEO (search engine optimization) desde
2007, e tenho visto como pessoas sem conhecimentos da importância do
marketing de busca saem do curso encantadas com esta nova maneira de
olhar o marketing online. É importante que todo profissional de SEO
assuma seu lado professor.

Redes Sociais

Não sou especialista em redes sociais, apesar de ser um heavy-user,
usando de forma ativa Twitter, Facebook, Youtube, Slideshare, Flickr,
Scribd, Gengibre, Delicious, Gafanhoto, Digg, etc. Portanto, peço a
compreensão dos especialistas em Social Media nas opiniões que darei a
seguir. Retirei este trecho de uma matéria publicada em 2007:

“Vejam o caso do Facebook, um site de
redes sociais que ainda não provou sua viabilidade financeira: consta
que seu valor está sendo avaliado pelos investidores em até US$ 15
bilhões. Isso equivale a quase metade do valor de mercado do Yahoo, uma
empresa com 38 vezes mais funcionários e, com base em estimativas sobre
a receita do Facebook, 32 vezes mais faturamento” Fonte: Tecnologia Terra

O Twitter é um excelente exemplo da explosão de uma rede social. Já
se consolidou entre os usuários inovadores e early-adopter (ver artigo:Marketing e Tecnologia: Eterno Dilema),
mas ainda não faz parte do dia-a-dia da maioria das pessoas que
desconhecem redes sociais, que para as pessoas mais ligadas à inovação
são comuns como Slideshare, Digg e Delicious.

Tenho visto um crescente número de ofertas de serviços de ações de
marketing online em redes sociais. Não quero negar a importância de
investir em redes sociais, mas reforçar que devemos evitar as
armadilhas de achar que ser apenas um bom usuário de redes sociais já
nos capacita a fazer um planejamento de ações em redes sociais.

Enquanto o SEO tem um foco no conteúdo, as redes sociais são focadas no diálogo.
Por este motivo, é muito importante que profissionais de
marketing/comunicação utilizem e/ou testem as principais redes sociais
para ter a oportunidade de serem usuários. Afinal, como
planejar ações no Youtube, Twitter, Facebook e outras redes se as
pessoas envolvidas não passaram pela experiência de postarem um vídeo
no Youtube ou terem seguidores no Twitter?

Um case de uma campanha com miopia de marketing no Youtube, é da empresa Centauro. Li um artigo no Portal da Propaganda com elogios à “primeira campanha interativa no Youtube (ver vídeo)“,
mas visitando o vídeo você perceberá pelos comentários que não atingiu
o público de forma eficaz e não teve nenhum efeito viral (tem menos de
20 mil visualizações desde junho/2008).

Em contrapartida, digitem “Galinha” no Google e assistam o excelente vídeo da Galinha Pintadinha com mais de 9 milhões de visualizações!
Meu fillho tem 6 anos e adorou os vídeos, e adivinhem só… a
responsável pelos vídeos é uma produtora – Bromélia Filminhos – de
Campinas. Um case de sucesso de marketing viral, SEO e redes sociais,
parabéns para os responsáveis!

Conteúdo e redes sociais

Antes das redes sociais, o conteúdo era publicado no site da
empresa. Atualmente, é importante rever nosso conceito de CONTEÚDO,
pois os 140 caracteres do Twitter podem parecer insignificantes, mas a
partir deles podemos ser levados para vídeos no Youtube, Blogs, Fotos e
outros conteúdos relevantes indicados por uma pessoa que escolhemos seguir.
As redes sociais estão muito mais ligadas ao conceito de diálogo e
conexões com pessoas, do que conteúdo e palavras-chave como no SEO.

O nosso site passa a cumprir a função de agregar parte do conteúdo que temos distribuído na internet.

Conclusão

Para concluir o raciocínio deste artigo, quem ganhou dinheiro na corrida do ouro foram as pessoas que vendiam pás e picaretas. Nosso desafio atual é descobrir quais são as pás e picaretas da internet de hoje. Se você descobrir, lembre-se de me avisar também!

Referências: