Desenvolvimento

26 nov, 2013

Obtendo resultados com tecnologias emergentes – Parte 01

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TecnologiasEmergentes

Este é o primeiro de uma série de três artigos que vão tratar do uso de tecnologias emergentes na comunicação e no marketing digital. Pretendo analisar algumas das principais tendências em plataformas, conceitos, tecnologias e ferramentas tidas como “emergentes”, ou seja, em processo de popularização e plena consolidação. São termos que vêm ganhando cada vez mais espaço no debate sobre a comunicação e sobre o marketing, tais como narrativas transmídia, multiplaying/social playing, gamificação/ludificação, realidade aumentada, sensores/microcontroladores e, finalmente, computação vestível (“wearable computing”). Todos os artigos pretendem apresentar as vantagens e os riscos de cada uma das tecnologias emergentes citadas de uma maneira bem objetiva, sem tecnicismos, indo direto ao ponto.

Fatores que contribuem para o cenário favorável

São estes alguns dos fatores que fazem das ações com tecnologias emergentes um sucesso, mesmo com um público cujo tempo é cada vez mais fracionado (e disputado):

  1. Cansaço do público/usuário em relação aos formatos tradicionais de mídia, online e offline;
  2. Surgimento de novas categorias de consumidores para novas linguagens e plataformas de comunicação, como os casual gamers;
  3. Inserção de novas competências na cesta multidisciplinar e interdisciplinar, com o amadurecimento dos perfis profissionais;
  4. Tendência à fusão do online com o offline, cujos limiares se confundem cada vez mais.

No mercado emergente, ficam claras as inúmeras possibilidades para traduzir situações de relacionamento diferenciadas ou processar informações vindas do mundo real, fazendo-as interferir no mundo digital. Esse diálogo criado entre online e offline pode ser utilizado para os mais diversos fins, de ações em PDV (ponto de venda) a promo, passando por marketing digital nas mais diversas plataformas. Novamente a tecnologia é cada vez mais acessível e barata, e em um cenário assim apenas a adequação e a criatividade podem fazer um projeto se diferenciar.

Quero falar um pouco neste artigo sobre a utilização de sensores e microcontroladores em ações de engajamento online e offline. São opções acessíveis, e sua programação é relativamente simples. Oferecem facilidade na hora de transportá-los, guardá-los e/ou inseri-los dentro de estruturas de suporte customizáveis. Enfim, para iniciarmos nossa conversa, os sensores me parecem ser uma boa escolha dentro do vasto cardápio disponível para o uso das T.E. em ações publicitárias – sempre vorazes por novas possibilidades, mídias, plataformas e tecnologias.

GuitarPee e Smart e-ball: duas ações interessantes que representam bem os novos tipos de interface que surgem de mash-ups com tecnologias emergentes.

Sensores e microcontroladores/Computação física/Computação tangível

Diferenciadas, inusitadas, divertidas e até mesmo impensáveis durante muito tempo, as ações que fazem uso de sensores e microcontroladores estão cada vez mais populares e despertando maior atenção do público. Muito desse sucesso se deve ao fato de que esse tipo de tecnologia não se situa no domínio nem do digital/online, nem do offline. Ela oferece a possibilidade de se situar em um espaço entre esses dois universos, buscando sua fusão, uma conexão, um modelo peculiar de interface/plataforma completamente diferente do que estávamos habituados até então.

Os sensores têm o poder de transformar praticamente qualquer tipo de objeto, superfície ou situação em interface. Mais do que isso: os sensores são capazes de captar tipos especiais de informações, como distância, temperatura, pressão, direção e sentido, posição, profundidade e ondas sonoras. E essa lista só aumenta a cada dia.

Diante da enorme gama de possibilidades oferecidas, escolhi um dos sensores mais populares para iniciar a série de artigos: o sensor de profundidade. No próximo artigo, fecharemos o tema falando sobre o famoso microcontrolador Arduino e suas possibilidades.

Sensores de profundidade/Sensores infravermelho

Câmeras infravermelho com sensor de profundidade, como a utilizada pelo famoso Kinect (que também possui uma segunda câmera, RGB, com 640×480 de resolução), são uma das mais acessíveis e econômicas maneiras de se trabalhar com detecção de presença, de gestos, posição, toque e mais o que a imaginação permitir. Também é possível, com o Kinect, transformar qualquer superfície, inclusive volumétrica, não plana, em superfície de toque.

Para utilizar esse tipo de ferramenta, você precisará, basicamente, de um computador e do dispositivo infravermelho, que será conectado a ele. Esse é o setup mais comum, no caso do uso do Kinect e do Leap Motion. Existem outras configurações, com outros tipos de câmeras infravermelho, que podem ser conectadas a microcontroladores, como o Arduino (que veremos mais adiante). Linguagens dos mais diversos tipos podem ser utilizadas para programar esses dispositivos, como o Processing e o C#.

No primeiro vídeo, vemos o Kinect em ação, em pleno uso da Natural User Interface, em um advergame. Já no segundo vídeo, vemos a apropriação de tecnologias já existentes, como o leitor de código de barras (também baseado em infravermelho), que de uma forma criativa podem trazer novos usos e experiências a dispositivos até então criados para fins específicos.

Apesar de ser um tipo de dispositivo bastante poderoso, o Kinect e outras câmeras semelhantes não possuem bom funcionamento em ambientes com iluminação excessiva. A exposição direta à luz solar é certeza de mau funcionamento em um sistema com sensores do tipo infravermelho.

Natural User Interface – NUI

Esses dispositivos, que nos permitem controlar objetos, ambientes ou criar interações virtuais utilizando gestos ou posições corporais, como no caso do Kinect e do Leap Motion (que será lançado oficialmente, em maio), são fundamentais para consolidar um conceito de interface denominado NUI – Natural User Interface. Uma tendência que pretende estabelecer novas formas de controlar interfaces digitais, online e offline, a partir de gestos e situações corporais e/ou “naturais”, tendo em vista ergonomia e qualidade do design de experiência, para que haja o mínimo de ruído entre a interface e sua utilização prática. A ideia é fazer com que ela se ajuste ao usuário, centrada nele, e não o contrário.

Algumas práticas parecem ser baseadas em NUI, mas acabam por substituir um processo tradicional por outro mais moderno, porém menos adequado. Utilizar o Kinect como um mouse é um desses exemplos de uso que precisam ser evitados, pois acabam por tomar mais tempo e esforço do que se fossem realizados através de outras plataformas e tecnologias. Ao contrário, o uso do Leap Motion para esse fim é extremamente recomendado, sendo uma experiência agradável e prática.

O leap motion é um sensor que permite controlar interações utilizando gestos dos dedos e das mãos, com uma precisão surpreendente. Seu lançamento oficial será em maio deste ano.

O microcontrolador Arduino e seus Shields

Muita gente já ouviu falar de um tal de Arduino. O nome é estranho e as possibilidades que ele oferece ainda mais inusitadas. No próximo artigo, saberemos para que serve e como funciona um microcontrolador, abordando vários cases em que se usa essa tecnologia, que traz consigo todo um modo sui generis de pensar as interfaces – como é de praxe no universo das tecnologias emergentes.