Tecnologia

2 set, 2010

Os vários papéis do e-Publisher

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Escrevo este artigo logo após visitar o site Simon&Schuster.biz. Conhece? Se a resposta for não, e você atua no mercado editorial (seja qual for o seu papel), eu lhe digo: você deveria passar lá também. A Simon & Schuster quer se transformar em uma editora 2.0. Ou melhor, sabe que precisa se transformar em uma editora 2.0. E o que isso pode significar para eles? A resposta em uma palavra apenas: sobrevivência.

E qual a estratégia usada pela editora? Para começar, a Simon & Schuster criou uma espécie de “Guia do Autor” on-line para explicar aos seus contratados os conceitos básicos de uso da web. Esse é um espaço para ensiná-los a criarem um website ou blog, compreenderem as nuances e importância das mídias sociais, e receberem notícias e atualizações sobre sites e tecnologias que podem lhes ser úteis nas diversas etapas de administração de suas carreiras. Afinal, uma editora 2.0 precisa de autores 2.0, e vice-versa, e, para os autores 2.0, o domínio desses conceitos 2.0 também significa (também em uma palavra apenas) sobrevivência.

Um dos primeiros aspectos de um empreendimento 2.0, sabemos, é colocar o poder de decisão na mão de seus usuários e clientes. O que faz todo sentido, aliás, afinal de contas, qual a razão de existência de uma empresa se esta não for foco no cliente? Além da Simon & Schuster, outras editoras americanas têm procurado passar uma mensagem bem clara aos autores: criem seus sites e blogs, mantenham contato com seus leitores através da web, sejam autores 2.0 (para que nós também possamos nos desenvolver como uma editora 2.0, entendem?). Essas ações mútuas (eis uma concepção quase unânime) ajudarão a aumentar a audiência on-line e o número de leitores (de livros impressos e digitais) entre os nativos digitais.

Editores 2.0

Orientar seus autores, neste momento de transformações tão profundas do mercado editorial, não temos dúvidas, é um papel importante do e-publisher, o editor 2.0, aquele que compreende que, para além do foco nas discussões sobre o livro eletrônico, a internet deve ser compreendida como potencializadora do processo editorial através do fluxo bidirecional de informações que ela facilita e implementa. É papel dos editores do século XXI oferecerem serviços de valor agregado, disponibilizarem para seus autores uma plataforma de software que lhes possibilite a gestão personalizada de sua carreira on-line, acesso a informações sobre a venda de seus livros e/ou processo editorais de seus títulos, planejamento de marketing digital, incluindo dicas e boas práticas do uso de ferramentas como blogs, mídias sociais, bibliotecas e outros bancos de dados on-line, podcasts, book trailers e outros recursos importantes para a promoção e venda on-line.


Simon&Schuster.biz

Os editores 2.0 devem encorajar (e auxiliar) seus autores a terem uma presença on-line ativa. Esse é essencialmente o papel do e-publisher: agregar valor ao processo editorial 2.0, funcionando como um expert no planejamento e implementação de um hub digital central, gerenciando autores e seus conteúdos, facilitando a comunicação entre comunidades de leitores e autores, gerenciando seus dados e informações em diversos níveis, temas, aplicações e contextos, agindo assim como uma curador dos títulos sob sua administração. Os autores-empreendedores, por sua vez,  precisam de uma plataforma on-line para gestão de sua carreira e esse é um serviço a ser oferecido pelo know-how editorial.

Ferramentas para os autores 2.0

Para ter uma presença on-line, os autores devem entender, por exemplo, como interagir com os diversos (e essenciais) recursos on-line à sua disposição. Configurar um blog, por exemplo, para muitos deles ainda é um algo bastante misterioso e complicado. Estas são perguntas frequentes entre autores pouco familiarizados com as ferramentas de gestão de conteúdos mais populares dos nossos dias: como escolher a plataforma ideal para o meu caso? Como administrar, obter tráfego, controlar acessos, customizar temas, anexar plug-ins, etc?

Os autores do século XXI também devem participar das redes sociais. Precisam ter características de empreendedores, o que demanda tempo, paciência e atitude. Mas, é preciso que eles participem ativamente da realização deste trabalho e, ainda que precisem de orientação (e para isso existirá o e-publisher), ninguém executará melhor essa tarefa do que eles próprios. Existem sites especializados em livros e comunidades de leitores em diversas redes sociais. Cada uma delas cumpre um papel diferenciado que será percebido a partir da experiência de uso dessas redes. O Twitter tem um papel na divulgação e comunicação rápida e direta com os leitores. Já o Facebook e o Orkut permitem a criação de comunidades de fãs. O autor 2.0 estará em todas elas.

Mercado Editorial 2.0

Os e-publishers também devem se familiarizar com os instrumentos digitais de divulgação mais comuns no sentido de ajudar seus autores 2.0 a dialogarem com os e-leitores. Os trailers, para citar um exemplo, mais comuns aos profissionais do cinema, não devem ser esquecidos ou deixados de lado como menos importantes ao mercado editorial 2.0. Assim, uma das etapas de um marketing mix online será responder a pergunta: como promover a leitura entre os nativos digitais? Os book trailers (ou trailers de livros) são criados tendo em mente os leitores do século XXI, crescidos e ensinados pelo linguagem visual da televisão e do cinema. Esses trailers engajam e divertem e são criados através do uso consciente e imersivo das ferramentas de web 2.0 e sua principal missão é convencer os leitores potenciais de que determinado livro deve ser lido.

As histórias continuarão a ser contadas e os livros lidos. Os desafios do e-publisher são (e cada vez mais serão) diversos, mas seu principal papel continua a ser o de mediar, facilitar e incentivar (não se esquecendo de agregar valor) o diálogo entre autores e leitores, imprimindo, ao processo editorial, o seu know-how e controle de qualidade. A audiência é ampla, irrestrita e ávida por informação. Afinal, esse é um mercado tecnológico e especializado (o mercado editorial 2.0) e tende a ser cada vez mais tecnológico e especializado, requerendo dos seus participantes um entendimento sempre maior e mais detalhado do e-consumidor e de todo o ecossistema on-line, ou seja, a inovação também é uma questão de vivência ou (dependendo do seu ponto de vista) de sobrevivência.