Marketing Digital

24 ago, 2011

E-books pagam as contas dos autores independentes?

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A partir de hoje, esta coluna
apresentará, semanalmente, casos, discussões temáticas, dicas e
tutoriais sobre os vários aspectos do mercado de Self-Publishing
brasileiro e internacional com o objetivo de
orientar os autores independentes e as editoras que desejam se “aventurar”
no mundo da publicação independente de livros eletrônicos. Em caso de dúvidas mais específicas ou urgentes, você também poderá me contatar por e-mail e, em breve, pelo site do meu livro Guia Completo do Self-Publishing.

O americano Edward Jay Epstein, que exerce o oficio de escritor e jornalista investigativo há 5 décadas, assina o artigo Can E-Books Pay Off for Writers?, (inclui minhas anotações) publicado pela The Atlantic Wire,
no qual avalia a partir de sua própria experiência se é possível um
autor independente sobreviver da venda de e-books. 

O artigo de
Epstein é didático, mas não é conclusivo. Se por um lado alguns (poucos)
autores já conseguem ter um bom retorno na venda de e-books, a grande
maioria, incluindo o próprio Epstein, ainda tem um longo caminho a
percorrer. Entretanto, apesar dos resultados apresentados por Epstein
serem pouco animadores, os números
do mercado editorial americano que apontam um aumento constante na venda
de e-books (um crescimento de 1.247% nos últimos 3 anos) indicam um futuro bastante promissor para os que se “aventurarem” na exploração do mercado dos e-books.

Vamos aos fatos. O mais recente relatório da Associação dos Editores Americanos, publicado há poucos dias, mostra que enquanto as vendas dos impressos em capa dura e paperback
caíram, respectivamente, 23% e 18%, no primeiro semestre de 2011, a
venda de e-books aumentou pouco mais de 160% no mesmo período. Para citar um exemplo brasileiro
(onde esses números de mercado não são encontrados com facilidade), nos
últimos seis meses, na livraria eletrônica Gato Sabido, o volume diário de vendas de e-books quadruplicou.

Em paralelo, acompanhamos pela imprensa toda a turbulência
do mercado editorial americano, com livrarias tradicionais fechando suas portas, o aparecimento de produtos e modelos de vendas inteiramente novos e, principalmente, problemas e incertezas que pairam no ar sobre o quanto e como essas novidades impactarão os escritores que se sustentam exclusivamente de sua escrita.

Assim,
Epstein, após a publicação de 15 livros convencionais (leia-se
impressos), decidiu “embarcar na aventura” de publicar livros para
serem lidos no Kindle, iPads,
smartphones, Nooks, entre outros. Livros eletrônicos, essa é a senha
para que qualquer um possa publicar livros de diversos tamanhos e
gêneros sem precisar passar pela burocracia do processo editorial
tradicional. Epstein conta que levou apenas 12 horas, desde a publicação
de seu e-book Killing Castro, baseado em um relatório secreto da CIA a respeito de uma trama para assassinar Fidel Castro, para que ele atingisse décima sexta posição na lista de mais vendidos na seção American History da Amazon.

E-Publishing ao alcance de todos

Ao autor que domina o processo, o e-publishing,
ou a publicação eletrônica de um livro, poderá ser praticamente sem
custos e levará poucas horas. Para começar, o autor deve ter
uma cópia digital da obra, de preferência, no formato Word ou PDF. Se
preferir, você, autor independente menos familizarizado com as
ferramentas tecnológicas, poderá contratar o serviço de fornecedores. Os
preços dos serviços vão variar. Epstein diz que, ao custo de US$ 1 por
página, é possível contratar em Chennai, Índia, os serviços de digitação,
revisão e geração do arquivo digital. O autor independente brasileiro
poderá encontrar preços similares aqui no Brasil. Os passos para ter sua
obra publicada em e-book, em termos gerais, são idênticos aqui e lá.

Mas, antes, é importante que o autor se certifique de que
tem os direitos eletrônicos sobre o título em questão, dúvida que poderá
ser esclarecida com uma simples consulta ao seu agente ou editora pela
qual o livro foi publicado originalmente. No caso dos títulos novos, não
publicados previamente, o problema já está resolvido.

O próximo passo (importante, mas não
obrigatório) é a compra de um ISBN, um número que identifica unicamente um livro o mundo inteiro. Nos EUA, podemos comprar um ISBN por US$ 25 no site Bowker.com. No Brasil, a compra deverá ser realizada na Agência Brasileira de ISBN
e custará R$ 12,00. O formulário preenchido é enviado pelo correio, e o
prazo de emissão do ISBN será de 3 dias úteis (até 30 solicitações de
ISBNs) ou 7 dias úteis (acima de 30 solicitações) após o recebimento do
material enviado para a Agência. Depois do ISBN, vem a capa, ficha
catalográfica e outros elementos do livro que podem ser contratados de
freelancers. Por fim, o processo passa pela inclusão do livro
eletrônico nos sistemas de venda.

Sistemas gerenciadores de e-books

Na plataforma Kindle Direct Publishing
da Amazon, é possível registrar e, seguindo passos bastante simples e
claros, publicar seu livro gratuitamente. Faz-se o upload do arquivo
digital e, então, o passo seguinte será escolher o preço de capa. Se
mantiver o preço entre $2,99 e $999 você receberá 70% de cada venda
(quando o cliente for da Áustria, Canadá, Alemanha, Liechtenstein,
Luxemburgo, Suíça, Reino Unido ou Estados Unidos). O pagamento é feito
através de um cheque mensal da Amazon depositado em sua conta em
qualquer banco americano.

Mas
e se o seu leitor não usar o Kindle ou uma de suas aplicações de
leitura? Como você, autor independente, poderá fazer seu e-book chegar a
esse outro (grande) grupo de leitores? Uma das melhores opções é a Smashwords,
especializada na conversão e publicação de e-books de autores
independentes. Publicar seu e-book na Smashword é simples e grátis. Um
aspecto interessante dos e-books é a facilidade com que seu conteúdo
pode ser ligado a outros autores, assuntos, títulos e tags através da
base de dados da livraria on-line. Os livros impressos, por sua vez,
dependerão fortemente da qualidade dos metadados cadastrados com eles. 

Chegamos assim à parte mais
complicada: a venda do livro eletrônico. Para tirar vantagem da engine
de recomendação da Amazon, Epstein cadastrou seus 15 títulos na sua
página de autor. Os autores que cadastram seus títulos na Amazon podem
acessar um relatório de vendas online atualizado a cada hora, o que
lhes permitirá experimentar diferentes preços para seu livro, já que a
plataforma torna bastante fácil a troca de preços. Que lição nos fica da experiência de Edward
Jay Epstein? Uma, pelo menos, me parece bastante clara. Em tempos de
turbulência, prudência não deve ser confundida com inoperância, com
letargia.

Quem sai na frente, no mínimo, terá a oportunidade
de compreender e aprender mais rápido como funciona esse novo mercado
em muito bastante diferente do mercado editorial tradicional,
principalmente porque absorve em diversos aspectos características do
ecossistema do software. 

Por fim, um detalhe bastante importante, talvez o mais
importante de todos. O próximo passo que Epstein pretende dar (ele não
deixa dúvidas em seu artigo) é iniciar um trabalho mais metódico de
marketing digital nas redes sociais como Facebook, Twitter e Google
Plus.

E você, qual a sua opinião sobre o mercado de
e-books? E sobre projetos de self-publishing? Pretende iniciar algum
projeto deste tipo nos próximos meses? Escreva sua opinião na
caixa de comentários. Que tenha início o diálogo!