Marketing Digital

1 jun, 2010

Serendipidade Social

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Serendipidade, Serendipismo, ou ainda Serendipitia (assim definirá qualquer dicionário da língua portuguesa) é a característica daquele que faz boas descobertas ao acaso ou atraia o acontecimento de coisas favoráveis. Mecanismos de busca como Google e Twitter (se considerarmos as buscas em tempo real) são grandes ferramentas produtoras de serendipidade.

É a “serendipidade social”, que me faz chegar, quase ao acaso, a certo artigo da revista The Economist que diz que Biz Stone, cofundador do Twitter, costuma usar o termo “alquimia social” para descrever a maneira pela qual mensagens curtas e “aparentemente inconseqüentes” de até 140 caracteres conseguem se transformar em algo de valor real.  

Essa me parece a vocação das redes sociais: transformar algo simples, como a comunicação entre as pessoas, em algo de potencial valor social e financeiro. Por que isso acontece? Simplesmente, porque as redes sociais (que Augusto de Franco, da Escola de Redes, explica e enfatiza não ser o software – e com ele concordamos) dizem mais respeito às pessoas do que à tecnologia.

São as pessoas que geram o conteúdo e lhe atribuem valores; são elas que inventam um propósito, um uso para as ferramentas que usam. Como exemplo, podemos citar os recursos que o Twitter agregou à ferramenta principal, nos últimos anos, depois da adoção delas, antecipadamente, por seus usuários, como é o caso do retweet e da hashtag.

Augusto de Franco, da Escola de Redes, explica o que são redes sociais

Em relação à literatura, é inegável o potencial das redes sociais de leitores, cuja função (sem pretender esgotar todas suas possibilidades) é servir de suporte à leitura, à formação de grupos de discussão e propiciar contato direto entre escritores e leitores. Livros, sabemos há tempos, são constructos sociais. Um verdadeiro ecossistema pode ser identificado em torno dos livros. No Brasil, duas redes sociais de leitores começam a se destacar: O livreiro e Skoob. Os escritores também observam e começam a explorar o potencial das redes sociais. O escritor Paulo Coelho, por exemplo, há anos interage com leitores através delas. Mais recentemente, Luiz Fernando Veríssimo começou a publicar crônicas no Twitter.

O Twitter e o Facebook (a maior rede social on-line do mundo) estão no negócio de ajudar as pessoas a compartilhar informações, e ambas se amparam no elemento “tempo-real” como base para seus serviços. As duas empresas estão entre as mais inovadoras do mundo. O Twitter, segundo dados da comScore, atraiu em outubro de 2009, cerca de 50 milhões de usuários e continua se expandindo na Alemanha, Japão e Brasil.  

Entretanto, os serviços das duas empresas diferem em dois aspectos importantes. O primeiro é a natureza das relações que lhes são subjacentes. Enquanto no Facebook os usuários podem se comunicar diretamente apenas se um deles aceitar ser um “amigo” do outro, no Twitter, as pessoas podem se inscrever no fluxo de quem quer que seja, para lhes acompanhar tweets públicos. O Twitter é essencialmente um sistema de broadcast em que os usuários transmitem rajadas curtas de informação a diversos e diferentes públicos, bem como a amigos. O Facebook, por sua vez, diz mais respeito a uma conversa íntima e permanente entre amigos.

Uma pesquisa realizada por Mikolaj Jan Piskorski, professor da Harvard Business School, e um de seus alunos de MBA, Bill Heil, mostrou que de um grupo de pouco mais de 300.000 usuários do Twitter, entrevistados em maio 2009, mais da metade deles tuitaram menos que uma vez a cada 74 dias. Eles também descobriram que os 10% dos usuários mais prolíficos do Twitter eram responsáveis por 90% do total de tweets. Outro estudo publicado em junho/2009 pela Sysomos, empresa de pesquisa que tinha analisado 11,5 milhões de contas do Twitter, constatou que um em cada cinco pessoas que assinam o serviço nunca tinha postado nada.  

Outra grande diferença entre o Twitter e o Facebook está no tipo de conteúdo que é enviado através das duas redes. O Facebook permitem troca de vídeos, fotos e outros materiais, enquanto o Twitter é metade blog, metade e-mail. “Há aqui uma diferença real entre o poder da multimídia e o poder do texto”, diz Dom Sagolla, o autor de “140 Characters: A Style Guide for the Short Form”, um livro sobre a arte de escrever tweets.  

Stone diz que vê o Twitter mais semelhante ao Google do que ao Facebook. Ele descreve o Twitter como “uma empresa de informação” cujos usuários estão ansiosos para encontrar respostas para o que está acontecendo no mundo agora. O principal desafio de Stone e seus colegas é encontrar maneiras inteligentes de transformar os dados brutos armazenados nos bancos de dados do Twitter em lucro.

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Fontes: The Economist, Infopedia.pt