Na região de Sarah (1), na Índia, o Dalai Lama conseguiu convencer alguns monges budistas exilados a estudarem ciências com o auxilio de professores norte-americanos e com aquela ajudinha da Internet. Conseguiu, dessa forma, a união da cultura antiga e tradicional com o mundo moderno. No mundo da Internet, tudo acontece de forma rápida, sem barreiras geográficas, onde tempo e local já não importam tanto, afinal temos a Internet. E o mundo também é outro.

Monges budistas estudam ciências com professores de universidade dos EUA

Não tem como negar que vivemos um momento especial da história, estamos naquele momento em que ocorrem enormes mudanças e rompimentos de grandes culturas, nem sempre sentidas por todos. Às vezes, o nosso dia a dia é tão envolvido com essas mudanças que elas passam despercebidas, mas estão aí, basta olhar o avanço da tecnologia em todas as áreas, lugares, setores e locais geográficos.

Recentemente, vi um programa sobre o uso de tecnologia pelos monges budistas da região de Sarah, onde eles estão tendo aulas de várias matérias, de matemática a ciências, usando laptops e acessando a Internet. Alguém poderia imaginar isso há alguns anos? Vale lembrar que até o século 20 até o uso de óculos era proibido, tal a rigidez dos costumes.

O Dalai Lama (2) incentivou esses monges a estudarem ciências com professores norte americanos, objetivando unir a cultura antiga ao mundo moderno e ampliar o conhecimento usando a tecnologia.

Antigamente, os monges só obtinham informações de duas fontes, a saber: os livros e anotações ou através do monge mais graduado que possuía a “sabedoria dos mestres”. Comprova-se então que esse curso trouxe grandes novidades ao grupo selecionado.

Um mundo novo a cada lição

São reservados seis dias da semana para que os curiosos monges assistam às aulas e, como parte da sua rotina, eles tiram as sandálias ao entrarem na sala de estudos.

Várias matérias são ministradas por professores selecionados e, paralelamente ao andamento da aula, os monges acessam a Internet como uma fonte de informação. Esses professores dão o embasamento necessário à turma, estimulando os alunos com questões inovadoras e promovendo a discussão de temas dos mais variados. Matérias como Antropologia e neurociência fazem parte do currículo, demonstrando o alto nível do curso.

O uso da Internet como suporte à educação permitiu que um grande número de informações ficasse ali disponível em questões de segundos, facilitando a confecção de trabalhos e discussões.

Percebemos que os monges demonstraram estar bem íntimos dessa tecnologia, bem diferente da imagem que temos deles quando imaginamos o seu dia a dia, naquele longínquo país.

Agora não é só silencio e meditação

Ao todo, são 65 monges que trocam experiências com os professores, adquirindo conhecimento e abrindo a mente a um novo universo de informações. Também traz à discussão a harmonização das crenças tradicionais com a ciência moderna.

O programa da universidade americana (3) já formou o primeiro grupo de monges e tem também outro objetivo: o de repassar o conhecimento adquirido a outros monges de suas academias na Índia e no Nepal.

Conclusão

Mesmo sentados no chão, com sandálias e seus trajes típicos, os monges demonstram que mais uma barreira caiu e que o futuro está ali em suas mãos. A Internet é a companheira das mudanças e tem papel fundamental nesse curso. Com ele, os monges são motivados a entender o que a ciência tem a oferecer, que a troca de conhecimento é saudável e até na hora da meditação monges e professores se permitem meditar em grupo.

Bibliografia
(1) Sara, India, é uma cidade localizada na base do Himalaia onde vive um grupo de monges budistas.
(2) O Dalai Lama é o título de uma linhagem de líderes religiosos da escola Gelug do budismo tibetano e é também o líder oficial do governo tibetano em exílio. “Lama” é um termo geral que se refere aos professores budistas tibetanos.
(3) Programa “Pelo mundo” exibido em 29/09/2012, canal de TV GNT ou acessado em http://globotv.globo.com/globo-news/pelo-mundo/v/monges-budistas-estudam-ciencias-com-professores-de-universidade-dos-eua/2040679/