Marketing Digital

26 jan, 2010

Você valoriza sua privacidade? O Facebook não.

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O fundador do Facebook Mark Zuckerberg afirmou recentemente que o mundo mudou, se tornou
mais público e menos privado, e que o controverso novo padrão refletiu
em como o site funcionaria caso ele o tivesse criado hoje. Nem todos
concordam com suas ações e justificativas.

A sociedade se tornou menos privada ou o Facebook que está forçando
as pessoas para esta direção? Será a privacidade online apenas uma
ilusão? Abaixo estão alguns questionamentos, baseados nas reações
pro-privacidade de muitas pessoas na web às declarações de Zuckerberg.
Embora haja muito a ser dito sobre as análises de dados públicos,
acreditamos que o Facebook está cometendo um grande erro, ao afastar-se das suas origens com base na privacidade dos dados do usuário.

No começo do Facebook, e na grande maioria de sua existência, o seu
principal diferencial era que seus dados só eram visíveis para os
usuários que você aprovava. Em meados de Dezembro, os usuários do
Facebook já não podiam esconder do restante da web algumas informações
incluindo sua foto do perfil, lista de amigos e interesses. Atualizações
de texto, fotos e vídeos do site sempre foram privadas por padrão
(apenas vistas pelos amigos), mas se você não modificou suas
configurações de privacidade antes do mês passado, então o Facebook
sugeriu para que tornasse essas informações públicas, para visualização
de qualquer pessoa. Isto virou o novo padrão do site.

Aqui estão três razões demonstrando que o Facebook agiu errado e
por que a sociedade não está mudando como Zuckerberg afirma.

A evolução das referências não justifica a eliminação de escolha

Mark
Zuckerberg pode estar certo, as pessoas provavelmente estão se sentindo
mais confortáveis dizendo ao mundo sobre suas vidas. Desde quando isso
significa que está tudo bem em tirar o direito de escolha das pessoas e
forçá-las a tornarem públicas algumas de suas informações?

A privacidade é um direito humano fundamental, mesmo que isso hoje em
dia não seja tão verdadeiro como antigamente, principalmente se
tratando das redes sociais, o Facebook costumava ser baseado na
privacidade. Por que desistir tão facilmente?

É difícil acreditar que centenas de milhões de usuários do Facebook
estão querendo jogar a sua privacidade fora, e se o Facebook acredita
que eles querem, por que não faz uma pesquisa com sua base?

Privacidade não significa apenas sigilo

Algum tempo atrás, o ReadWriteWeb Global analisou uma pesquisa
acadêmica da Universidade de Massachusetts, feita pelo estudante Chris
Peterson, que argumenta que uma compreensão exata e contemporânea de
privacidade é baseada mais na integridade do contexto do que em absoluto
sigilo (PDF).

Peterson argumenta que a ideia de que qualquer coisa publicada deve
ser entendida como distribuição pública, é uma compreensão antiquada da
época em que as publicações eram bastante caras e exigiam muito esforço.
Hoje vivemos o oposto, a publicação é gratuita e facilitada, por isso a
informação, em diferentes níveis de adequação na visão do público, está
sendo publicada. Ao contrário do que o Facebook está fazendo, Peterson
diz que uma compreensão mais adequada da privacidade hoje é baseada em
contexto. Esperamos que a nossa comunicação siga um contexto apropriado
(nada de bebidas na Igreja, ou orações em um bar) e esperamos entender
como nossa comunicação será distribuída.

Se um amigo da faculdade tirou fotos de você bebendo em um bar e
mostrou para as pessoas da igreja, você provavelmente sentirá que sua
privacidade foi violada tanto na adequação como na distribuição. O bar é
um lugar público, e não totalmente secreto. Assim, surge a necessidade
de uma compreensão mais sofisticada de privacidade que é mais do que um
mero sigilo.

Ao tornar suas ações e atualizações públicas, o Facebook está
eliminando qualquer integridade de contexto que essas conversações
naturalmente teriam. As atualizações podem ser direcionadas apenas aos grupos de contatos desejados do Facebook, como amigos de faculdade ou de trabalho, mas esta opção está escondida sob opções de padrão público e muitas das atividades dos usuários no site não estão sujeitas a esse tipo de opção.

O fundador do Facebook Mark Zuckerberg costumava dizer que as pessoas iriam compartilhar mais informações caso se sentissem confortáveis sabendo que elas só seriam visíveis para pessoas de confiança. Ele nos disse em uma entrevista há dois anos que os usuários que quisessem tirar seus dados do site não poderiam, porque o controle de privacidade “é o vetor em torno do qual opera o Facebook”. Agora, aparentemente, ele mudou de ideia. Recentemente argumentamos que a sua justificativa para essa nova postura não foi nada convincente.

Muitas pessoas precisam de controle de suas informações pessoais

As pessoas não precisam mais manter o acesso a algumas de suas informações pessoais online limitado apenas para pessoas de confiança?

O Facebook está argumentando que não. Alguns no Facebook podem pensar que não há razão para ter controle de seus dados pessoais, mas muitas pessoas são mais vulneráveis socialmente e possuem uma necessidade maior de controlar suas informações.

Um comentário no ReadWriteWeb Global chamou a atenção, uma testemunha de um caso de custódia dos filhos está sendo perseguida, a falta de privacidade no Facebook piorou as coisas. Qualquer pessoa que souber seu nome pode realizar uma busca e visualizar alguns de seus dados.

Casos como este são muito mais comuns do que imaginamos e a remoção do controle do usuário sobre o que tornará público ou não pode comprometer também na participação segurança das pessoas no Facebook.

Mais do que milhões, dezenas ou até centenas de milhões de pessoas em todo o mundo podem ter uma razão para limitar os acessos de suas informações pessoais na web. O Facebook se tornou um grande sucesso partindo dessa premissa e deveria ser capaz de continuar a prosperar sem mudar completamente sua questão de privacidade.