Marketing Digital

18 mai, 2010

Você leria livros no celular?

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Esta foi uma Twitterati diferente. Lancei a pergunta no Twitter do Pontolit na sexta-feira, 07 de maio. As respostas começaram a chegar em poucos minutos e (o mais importante) acompanhadas das respectivas justificativas.

Se a tendência entre os que responderam era “não, obrigado, prefiro não ler livros no celular”, ainda assim, essas respostas continham ressalvas. Diariamente, todos eles costumam ler uma boa quantidade de textos no Twitter. É uma leitura rápida, superficial (características do meio) mas que, não poucas vezes, requer uma ação por parte dos leitores. Essas características também devem ser consideradas ao levarmos os livros impressos para o ambiente on-line?

Entre os primeiros a responderem, @Cuca_Pipoca acha que “dificilmente leria livros em celular, pelo tamanho da tela” e @alexsens nem considera a hipótese: “Não, de jeito nenhum. Ficaria cego”. Por outro lado, @yurivs afirma “Leio livros no meu primitivo celular sempre que estou numa fila de banco ou semelhante” e @CTVanessa confirma “leria sim pq não? ate mesmo pq seria um peso a menos na minha mochila”. Um argumento bastante justo, principalmente, se considerarmos que a fórmula estudantes + livros didáticos parece perfeita para a disseminação dos livros digitais e dispositivos eletrônicos de leitura.

As repostas continuam a chegar e @juju_gomes diz que a leitura de um livro em celular “por enquanto, não me parece agradável!”. Em seguida, @felipemiguel dá seu testemunho @Pontolit quando tentei, meu celular (BenQ EL71) não prestou para isso: backlight apagava rapidamente, tela pequena, consumo alto de bateria”. Mas, @felipemiguel considera que a tecnologia esteja melhorando: “com os celulares de hoje em dia, com tela grande e cheios de parafernálias, talvez eu conseguisse. :-)”.

Como fazer a leitura de um romance ser prazerosa em um celular? Aumentar a tela do celular ou diminuir o romance? Uma terceira opção? Quem não usa celular/smartphone para ler livros, o usaria para acessar Twitter, Facebook, etc? Parece-me que sim. Ou não será exatamente dessa maneira? Bem, para @alexsens a leitura em celulares “não é agradável. A tela de um ebook reader é o mínimo, mas no celular, fundo adequado e fonte ajudariam”. A mesma opinião de @yurivs que concorda que “a tela pequena atrapalha mesmo. (Mais por ser chato ficar fazendo o texto correr.) Talvez seja melhor ler contos. Ou ebook readers”. Quando @Cuca_Pipoca levanta a hipótese de que “para celulares, não caberia melhor os audio-livros?”, chegamos, mesmo que indiretamente, ao tão debatido tema da “convergência”.

Sobre os leitores eletrônicos dedicados, em geral, reconhece-se que ainda estejam em um estágio inicial, e, por isso, espera-se ainda uma grande evolução tecnológica e redução nos preços. Segundo a recente pesquisa Os Leitores Brasileiros e o Livro Digital, coordenada pelo Observatório do Livro e da Leitura, a percepção geral é de que o preço adequado para o e-reader se disseminar no mercado nacional seria entre R$ 200 e R$ 300.

175,6 milhões de celulares no Brasil

São cerca de 175,6 milhões de celulares no Brasil, informam os dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que também indica que, apenas em janeiro de 2010, foram vendidos 1,64 milhão de novas linhas, o que representa um crescimento de 0,94% em relação a dezembro. Do total de celulares, 82,62% estão na modalidade pré-paga e 17,38% no segmento pós-pago. Portanto, para escritores e editores, seria muito importante pensarmos (e incentivarmos) o celular como um dispositivo de leitura.

A @editoraplus considera que “ler no celular é bom, mas depende do aparelho, lógico. Há muitas plataformas diferentes, o q dificulta”. Penso que seja muito importante termos um formato padrão para o livro eletrônico e que, independentemente da plataforma, a experiência do leitor deveria ser a mesma em qualquer aparelho.

Outro aspecto que me incomoda é não rediscutimos o formato do livro on-line. Será que apenas copiar o formato do impresso é o mais adequado? Eu acho que não. Precisamos de um modelo compatível com o ambiente on-line, dinâmico e interativo. O celular é um ótimo candidato a dispositivo universal de leitura, mas é possível que um uma outra espécie de livro ainda tenha que ser inventada.

Diferentes níveis de leitura. Diferentes níveis de interatividade

A @editoraplus aposta que “textos curtos no celular serão um nicho quando chegarmos a uma massa crítica de aparelhos”. É justo. Acho que já atingimos essa massa crítica, pois em termos de Brasil, os números (estatisticamente falando) indicariam que praticamente todo brasileiro teria um celular. Em celulares, não temos dúvidas, a leitura deve ser mais ativa, implicando um grau maior de interatividade do leitor com o texto. Para @editoraplus a questão do formato depende muito de qual suporte o leitor vai utilizar: “Não sei até que ponto a interatividade é algo central, ou desejável, nos livros digitais. Tenho minhas dúvidas”.

O conteúdo e forma se adaptarão ao dispositivo ou, ainda, à configuração escolhida pelo leitor que deseja não apenas ler (uma leitura ativa, é importante lembrar), mas interagir com o texto e com o ambiente de leitura. A interatividade vai implicar tirar o foco do texto? É uma preocupação levantada por @editoraplus: “o leitor está interessado em bifurcar-se dentro do livro?”, pergunta importante, a interatividade retiraria o foco do texto? Acho que dependeria do objetivo da interatividade e, claro, da leitura. Eu não consigo entender uma leitura em ambiente on-line sem algum grau de interatividade. Existem diferentes níveis de leitura, algumas (todas?) são mais adequadas on-line.

Eu acho que mesmo concentrada no texto da obra “fechada”, a leitura, como processo, deve implicar em interatividade, mas, @Cuca_Pipoca lembra que se o “livro ainda é produto acabado, com direitos autorais”, assim, que tipo de interatividade estaria disponível? Essa interatividade seria baseada nos metadados do livro, tais como tema, autor, título, etc? Penso que os livros on-line funcionam como bases de conhecimento, bancos de dados e rotinas ou comnandos associadas para que deles possamos extrair informações.

@Cuca_Pipoca informa que o Twitter lhe serve como fonte de info: “Sigo + páginas ‘institucionais’ (artes e cultura) e assim acompanho movimento”. Existe uma interatividade implícita no ato de seguir, retuitar. Existe um componente “movimento” associado aos fluxos do Twitter. Uma narrativa “dinâmica” que vai se construindo — seja associada ao fluxo do perfil, seja associada a uma tag, por exemplo — à medida que os usuários deixam suas mensagens.

Siga o livro!

Quando lemos um livro, de certa forma, também o “seguimos”. A nossa “interatividade” com livros impressos envolve anotações em suas margens, sublinhas e, mesmo até, a reescrita de trechos desse livro. Essas características não devem faltar ao livro on-line. Penso (aqui, em voz alta): “qual o volume de textos que lemos diariamente no Twitter? Por que o lemos? Esse motivo tem a ver com a interatividade? Podemos usar os mesmos critérios para reinventar o livro em ambiente on-line?”

Talvez, sejam essas boas perguntas para propormos na próxima Twitterati Geral, aberta aos nossos seguidores no Twitter. Então, amigos, até lá!

Para saber mais

  • Você leria livros no celular? Leia aqui a íntegra das respostas

“Twintrevistas” com Duda Ernanny, fundador da Gato Sabido, primeira e-bookstore brasileira, e Newton Neto, Diretor Executivo da Singular Digital, braço digital do Grupo Ediouro

Anotem na agenda. Nesta semana, o tema de nossas Twitterati (entrevistas via Twitter) será o livro digital, abordado em seus mais diversos aspectos. Terça-feira, 18/05, às 18h, nosso convidado será Carlos Eduardo (Duda) Ernanny, fundador da Gato Sabido, primeira e-bookstore brasileira. A livraria virtual é também distribuidora do leitor de livros eletrônicos Cool-ER no Brasil. Quinta-feira, 20/05, também às 18h, receberemos Newton Neto, Diretor Executivo da Singular Digital, braço do Grupo Editorial Ediouro responsável pela publicação de livros digitais sob demanda.

Todos poderão acompanhar e participar, ao vivo, em http://www.pontolit.com.br/twitterati/ ou http://twitter.com/pontolit. Para enviar perguntas, basta anexar aos seus “tweets” a hashtag #pontolit. Participem!