Marketing Digital

20 abr, 2010

Os leitores brasileiros e o livro digital

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No final de março, São Paulo sediou o 1º Congresso Internacional do Livro Digital. O evento aconteceu durante o 36º Encontro de Editores e Livreiros, organizado pela CBL – Câmara Brasileira do Livro -, em parceria com a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e a Frankfurter Buchmesse, responsável pela maior e mais importante feira do mercado editorial internacional, a Feira do Livro de Frankfurt.

Durante o congresso, que recebeu palestrantes do Brasil e do exterior, foram divulgados os resultados da pesquisa Os Leitores Brasileiros e o Livro Digital, coordenada pelo Observatório do Livro e da Leitura. A pesquisa, inédita, apresentou a percepção atual do consumidor de livros e de conteúdo digital no Brasil.

Segundo a pesquisa, existem atualmente no Brasil cerca 95 milhões de leitores, e 4,7 livros são consumidos por habitante anualmente. Esses dados mais gerais são provenientes da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (Instituto Pró-Livro/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo), de 2008. A mesma pesquisa informa que cerca de 77 milhões de brasileiros não leem.

Entre os leitores, 4,6 milhões leem livros digitais, sendo que, deles, cerca de 1/3 lê diariamente, outro 1/3 lê uma vez por semana e 1/3 lê uma vez por mês. A média de leitura de livros digitais é de 97 minutos por semana. Cerca de 7 milhões de brasileiros baixam e-books gratuitamente pela internet, dos quais 68% o fazem com regularidade. A maioria desses leitores tem entre 14 e 17 anos.

Mercado editorial: é preciso se reinventar

Participaram da pesquisa qualitativa entrevistados de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife. O grupo compreendeu leitores que afirmaram frequentar livrarias e serem bons leitores ou, para sermos mais precisos, indivíduos que leem regularmente. Alguns, já com experiência de leitura em e-readers. O perfil dos leitores pesquisados compreendeu estudantes do ensino médio e superior, profissionais liberais, executivos e funcionários de empresas. Esses leitores, em geral, concordam que o livro possui alto valor simbólico na sociedade, que concorre com outros bens culturais de consumo e que com a internet há uma maior disponibilidade de resumos de livros.

Uma pergunta importante nesse momento em que algumas livrarias nacionais começam a vender e-books, editoras exclusivamente eletrônicas são inauguradas e e-readers de várias marcas começam a chegar ao Brasil, é o que pensa e como reage o leitor brasileiro diante do livro digital. Na opinião dos entrevistados, o conceito de livro digital, sempre associado à internet, está bastante difundido. Entretanto, os leitores brasileiros tendem a rejeitar, inicialmente, os livros digitais. Os principais motivos são a dificuldade para ler os textos na tela, o manuseio e transporte difícil do computador e a afeição aos livros impressos.

Além disso, os leitores brasileiros reclamam que não dá para fazer anotações; mesmo tendo a informação na tela, preferem imprimir e ler em papel; consideram que haja conflito entre a leitura do e-book e o uso de outras ferramentas de comunicação como o MSN, Orkut, Facebook e Skype, entre outras. Ainda assim, é reconhecida pelos entrevistados a boa capacidade de armazenamento do e-reader e o seu forte apelo ecológico. O usuário iniciante tem uma forte expectativa de uso do produto.

Em geral, reconhece-se que os leitores eletrônicos ainda estejam em um estágio inicial, e por isso espera-se ainda uma grande (e rápida) evolução tecnológica e redução nos preços. Novos aplicativos devem ser agregados. Ao se perguntar que valor o leitor estaria disposto a pagar por um e-reader, os paulistas responderam R$ 1.500,00, os cariocas e gaúchos R$1.000,00 e os pernambucanos R$ 250,00. Porém, a percepção geral é de que o preço adequado para o e-reader se disseminar no mercado nacional seria entre R$ 200 e R$ 300.

Em relação ao livro digital, o preço, segundo os entrevistados, deveria ser 1/4 do preço de capa do correspondente impresso. Apesar de se considerar remota a extinção dos livros de papel, é percepção quase unânime de todos os envolvidos com o mercado editorial que o negócio do livro passa por uma revolução inédita e que vai ter que se reinventar.

“Twintrevista” com Galeno Amorim, diretor do Observatório do Livro e da Leitura

Algumas das principais questões levantadas pelas pequisas Os leitores brasileiros e o livro digital e Retratos da Leitura no Brasil serão abordadas nesta terça, 20 de abril, às 18h, durante a “twintrevista” (entrevista via Twitter) que realizarei com Galeno Amorim, diretor do Observatório do Livro e da Leitura. Todos poderão acompanhar e participar, ao vivo, em http://www.pontolit.com.br/twitterati/ ou em http://twitter.com/pontolit. Para enviar perguntas, basta anexar aos seus “tweets” a hashtag #pontolit. Participem!

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Fonte: http://www.congressodolivrodigital.blogspot.com/