Mais um ano começou e com muita evolução no mundo mobile. As mudanças estão ocorrendo cada vez mais rápido e a cada dia surgem novidades: novos aparelhos, ferramentas, plataformas e formatos. Neste contexto de atualizações constantes, o que podemos esperar de 2015 para o mundo mobile? À luz dos últimos anos e dos últimos acontecimentos, segue minha conclusão:
Google, Apple, Facebook, Samsung, Motorola, Microsoft, Nokia, Xiaomi e Amazon são as empresas com maior poder de provocar mudanças no mundo mobile.
A grosso modo, a Google deve continuar sua estratégia de dominação global, seja por meio de investimentos em iniciativas como o Nest e os “driverless cars” ou pela consolidação do Google Wallet, entre outros experimentos. O posicionamento do Chrome como um dos navegadores mais utilizados no mundo, em grande parte impulsionado pelo seu uso em celulares Android, também garante a presença da empresa na Web.
Entretanto, como a maior parte da receita do Google advém de anúncios, há de se esperar que a empresa busque garantir sua posição sólida nesse segmento, talvez integrando cada vez mais anúncios localizados no Google Maps, no Adwords ou no Waze. Se o mundo virou mobile, é razoável assumir que os anúncios também virarão, e nesse território a Google tem a liderança bem estabelecida. É por isso que o Google tem investido em iniciativas de deeplinking e “mobile friendly sites”.
2014 foi o ano em que a quantidade de receita obtida de anúncios em jornais, revistas e outdoors se igualou à quantidade de receita obtida online. Gigantes como Google e Facebook estão capitalizando com essa tendência, e o desafio será descobrir novas formas de impactar o usuário mobile com anúncios. Formas essas que devem estar de acordo com a vontade própria do usuário para que sejam efetivas.
Com relação ao Android, a posição da Google é bem clara: o sistema operacional é de graça e aberto, mas os seus serviços não. Ou seja, se uma empresa quiser fazer um novo celular usando Android ela pode, mas a pergunta é se um celular sem os serviços da Google (como Google Play, Google Maps e Chrome, por exemplo) consegue satisfazer seus clientes. O lançamento do Android 5.0 (Lollipop) promete uma versão bem madura do sistema operacional, atacando um problema de experiência do usuário que durante muito tempo foi o calcanhar de Aquiles da empresa. O Material Design, lançado recentemente, também mira na experiência do usuário Android e mostra algo mais refinado, tentando prever os modos de uso de aplicativos para diversos dispositivos (watches, glasses, TVs etc).
Mas nem tudo são flores para o Google Android, afinal a competição de outros players que buscam diferenciação podem deixar a empresa em uma posição delicada. No final de 2014 vimos o fechamento da venda da Motorola para a Lenovo e um mercado inundado por aparelhos Motorola que, além de terem uma ótima qualidade, possuem o nível de alinhamento entre hardware e software que devemos esperar de uma estratégia bem executada. Resta saber como outros parceiros se sentirão quanto a isso – principalmente a Samsung, que até hoje foi a empresa que melhor surfou a onda do Android.
Apple
A Apple, por sua vez, está muito bem, obrigado. Seus números para o quartil estão ótimos e esperamos que a empresa continue focando no que faz de melhor: produzir e vender hardwares altamente integrados com seus serviços e softwares. Apesar de possuir uma fatia relativamente pequena do mercado mundial, a Apple (com o iOS) é a empresa que mais gera receita por meio da sua loja no mundo mobile, além de estar entrincheirada no posicionamento high-end de uso. A tese é que os seus usuários navegam mais e compram mais.
As vendas do iPhone 6 e do iPhone 6 Plus vão determinar se a empresa consegue se manter com as mudanças para o usuário mobile (telas maiores, aparentemente, realmente fazem a diferença). Além disso, teremos o lançamento do Apple Watch, que vem para atender a demanda de uma maior integração entre o online e o offline por meio de dispositivos físicos. Novos guidelines e paradigmas de uso e desenvolvimento vão ditar as novidades que veremos nesse segmento, mas, assim como foi com o iPad e o conceito do tablet, vai depender dos usuários e dos desenvolvedores inventarem novas formas de interagir com esses aparelhos. No campo dos pagamentos, iniciativas como Apple Pay possuem um enorme potencial, mas dependem da adoção de grandes varejistas, e esse vai ser o desafio para 2015.
O Facebook, como não deveria ser nenhuma surpresa, está bem posicionado no lugar de camada social da Internet. Seja por meio de sua rede social, pela qual ficou inicialmente conhecido, ou pelo processo de compra de outras empresas, como Instagram e Whatsapp, por exemplo. Seu posicionamento é claro: mobile é algo extremamente social e é ali que o Facebook quer se estabilizar. Mais de 60% da sua receita de anúncios vem de mobile, e parece que o Facebook é a empresa que melhor está decifrando a forma de aquisição de preciosos downloads de aplicativos. É aqui que ela rivaliza com o Google em anúncios, como as iniciativas de deeplink de ambas as empresas (AppLinks do Facebook e Deeplinks do Google, que já aparecem em 15% das buscas) provam.
Outra grande iniciativa do Facebook que devemos observar em 2015 é sua visão de app unbundling, ou seja, no qual ela subdivide partes do aplicativo do Facebook em pequenos apps focados em algumas funcionalidades que falam entre si. É o caso do Paper, aplicativo para melhorar a experiência de storytelling e notícias nas redes sociais; do Rooms, que estimula uma grande discussão em grupo e é inspirado nos grupos do Facebook, ou do próprio Facebook Messenger.
É esperado, portanto, que o Facebook deixe de ser caracterizado pelo site azul e se torne uma marca com diversos aplicativos e produtos sociais integrados. Em números, o Facebook também está muito bem, com 600 milhões usuários ativos por mês no Whatsapp e 500 milhões de usuários ativos por mês no Messenger. A impressão é que Mark Zuckerberg conseguiu se antecipar à tendência e perceber que messaging é o novo social. O Instagram também não está nada mal, com 300 milhões de MAU’s e muita força inclusive no Brasil.
Se você lembrar que o Facebook tem se apropriado de uma quantidade enorme de conteúdo e informações produzidas por seus usuários, e que essas informações são, em última instância, não indexáveis pelos buscadores da Google, fica claro o potencial da rede social em mobile para 2015. Tanto como geradora de tráfego pago para anunciantes, quanto pelo tempo de uso em mobile, afinal você passa a maior parte do seu tempo usando smartphone no app do Facebook, no Whatsapp ou no Instagram. Não?
iOS x Android
Vamos falar agora um pouco mais sobre a competição que se firmou em 2014: iOS versus Android. Fechamos o ano com aproximadamente 2,5 bilhões de smartphones vendidos no mundo e, desses, aproximadamente 85% rodam Android. São inegáveis o poder e o potencial que esse sistema operacional conseguiu alcançar em tão pouco tempo. Mas quando falamos Android nem tudo é tão distinto assim. Nesses 80 e poucos por cento, temos um amalgamado de versões antigas e diferentes do sistema operacional, (apesar de que a adoção do 4.X foi esmagadora ao longo de 2014, para o bem dos desenvolvedores), de dispositivos e versões inteiramente customizadas do sistema operacional, como por exemplo essa para Amazon Fire e essa para smartphones chineses.
Tudo isso contribui para um problema crônico de fragmentação no Android. Além disso, nem todos os usuários Android são criados iguais. Temos os aparelhos high-end da Samsung, que competem em preço com iPhone, e aparelhos bem baratos que também rodam o sistema operacional. Na verdade, em pouco tempo vai ficar bem difícil caracterizar o Android como um sistema operacional mobile, uma vez que estará também presente em TVs, carros, relógios etc., é bem provável que se torne uma camada de integração entre diversos gadgets e experiências de uso.
O iOS, por sua vez, atualmente possui um market-share de 11.7%, mas detém a maior parte dos usuários mais rentáveis, ou seja, aqueles que compram mais apps e gastam mais dentro dos aplicativos. Isso parece ser o suficiente para que a maioria dos desenvolvedores se mantenham estimulados a desenvolverem para essa plataforma, afinal, 11.7% de 2 bilhões smartphones ainda é bastante. Mas não devemos olhar para os números apenas dessa forma.
Para uma empresa desenvolvendo o seu produto mobile em São Francisco, por exemplo, faz sentido que ela comece pela versão iPhone do seu app, assim como no Japão. Mas com certeza esse não é o caso em grande parte da Índia (onde o Android tem uma base maior). Por isso, a questão do market-share de mobile em 2015 deve ser endereçada de uma forma mais profunda: quem são os seus usuários, onde eles estão e quais smartphones eles usam?
Uma análise que conta a favor dos Androids, linhas mais baratas de iPhones e Windows Phones mid e low-end é o fato de que os próximos 1 bilhão de compradores de smartphones provavelmente vão tomar a decisão de comprar esse ou aquele aparelho e plataforma com base em preço, desde de que ele consiga fazer ligações, tirar fotos, usar o Whatsapp e Facebook, eventualmente usar um app com mapa e navegar na Internet. Ou seja, para a grande maioria dos casos a questão do sistema operacional se torna irrelevante. Por esse motivo é que a diferenciação vai se tornar o nome do jogo em 2015. Em outras palavras, o que vai diferenciar a compra de um Samsung para um Motorola, se ambos tiverem o Google Play, Whatsapp, YouTube e conexão com a Internet?
Samsung
Até metade de 2014, quando falávamos sobre iOS e Android, em grande parte falávamos de Samsung e Apple, uma vez que a Samsung era a empresa que mais lucrou e distribuiu aparelhos rodando esse sistema operacional. No entanto, começamos o ano de 2015 com uma Samsung apresentando números bem amargos (como mostram a Bloomberg, a Reuters e a Business Insider), e essencialmente não conseguindo se diferenciar no cenário mobile. O potencial competitivo da empresa é enorme, uma vez que você provavelmente já possui, além do seu smartphone, algum outro aparelho da Samsung na sua casa, desde notebook à geladeira, passando por ar condicionado. Mas é inegável que o problema de diferenciação atingiu a companhia em cheio.
Podemos esperar bastante coisa vinda do lado do Samsung Gear e provavelmente a morte de alguns produtos (desde a diminuição de quantidade de aparelhos até outros serviços em cima do sistema operacional). A briga não está sendo travada em grandes proporções no Brasil, mas na China e na Índia, onde a Samsung encontra competição da Motorola e da iniciante Xiaomi, que por sua vez parecem ter encontrado uma forma de se diferenciar com o Android. De qualquer forma, ter a Samsung operando de forma ativa no cenário mobile tende a ser bom para o ecossistema geral do Android em longo prazo.
Microsoft
Outro grande player que está bem posicionado em mobile para 2015 é a Microsoft, com a aquisição da Nokia. As vendas dos modelos Lumia têm surpreendido e podemos esperar em 2015 que os desenvolvedores migrem para o desenvolvimento em Windows Phone. A Microsoft como um todo tem um posicionamento fantástico no mercado de PCs com o Windows e a suíte Office, além de ser uma das pioneiras em automação de casas. Por isso, temos tudo para esperar bastante movimentação da MSFT para reconquistar terreno em 2015.
A empresa já mostrou suas boas intenções no final do ano de 2014 com iniciativas como tornar open-source o código do .NET e levar a suíte Office para plataformas mobile. Se ela conseguir alavancar a sua base de usuários e o poder da sua marca, transportando-as para o mundo mobile, com certeza ainda iremos desenvolver e falar sobre muitos produtos para Microsoft.
Amazon
Por fim, temos ainda na briga a Amazon, que apesar de não parecer ter acertado a mão com o lançamento do Fire Phone, possui muito dinheiro em caixa e vai usar isso a seu favor. Vemos um movimento constante da empresa em lançar novas estratégias de produto, e muitas delas são direcionadas para o mundo mobile. Uma coisa que a gigante do varejo on-line sabe fazer bem é lidar com a larga escala de uso das coisas na Internet, seja por meio da AWS ou garantindo que o seu site não saia do ar durante a Black Friday ou a Cyber Monday. Quando perguntado sobre porque a Amazon estaria investindo no mercado de celulares, a resposta de Jeff Bezos foi taxativa: há 10 anos você nunca diria que a Apple e o Google seriam os principais players do mundo mobile e que a Blackberry estaria mal das pernas, então por que é tão estranha a ideia da Amazon no mercado de celulares mobile?
No Brasil, terminamos 2014 com os números divididos entre 75% Android, 15% iOS e os outros 10% entre Windows Phone e outros, sempre com alguma margem de erro. Além disso, estamos com aproximadamente 100 milhões de usuários de smartphones e um potencial de atingir 75% da população brasileira até o final de 2016, ou antes. Vale lembrar que a maioria dos brasileiros vai usar a Internet pela primeira vez por meio de um smartphone, que provavelmente será um Android, e que a preocupação com a quantidade de uso de dados ainda será importante.
Ter bem definido esse perfil geral do usuário brasileiro de celular pode ajudar em algumas decisões de negócio, mas nunca se esqueça de validar com o seu público-alvo, pois nos restaurantes de Ipanema a divisão entre iOS’s e Androids parece igual, mas a briga de mobile em 2015 se dará em dois países bem populosos: China e Índia, onde questões culturais ou particulares dos seus regimes de governo vão influenciar tremendamente o futuro do mundo mobile.
Wearables
Para 2015, a ideia é que passemos a vestir tecnologia. Percebemos que o uso da palavra “wearables”, ou seja, dispositivos que podem ser vestidos e são inteligentes, será cada vez mais comum. Desde relógios, como o Moto 360, que vão muito além da hora, como diz a propaganda, até dispositivos para medir o seu nível de glicose se você for diabético ou coletar dados sobre a sua saúde, como batimentos cardíacos e quantidade de calorias queimadas durante o dia para te sugerir opções mais saudáveis para viver a vida.
Esse parece ser um movimento natural, que ganhou intensidade depois da iniciativa, talvez um pouco frustrada, do Google Glass, produto que provou em 2014 ser ótimo para alguns nichos, mas ainda não pronto para a adoção em larga escala. O conceito de wearables é bem potente e pode ser sintetizado pelo conceito de glances, ou “olhadinhas”, nas quais pequenos pedaços de informações são consumidos com apenas um olhar rápido para o relógio. Por exemplo: quantas vezes em uma reunião as pessoas olham para os seus celulares, que acabaram de “beepar” após receberem um e-mail que não era relevante naquele momento? Ou ainda, seria interessante uma navegação turn-by-turn enquanto você caminha pelas ruas de um bairro até o seu destino?
Os principais desafios para esse tipo de dispositivos em 2015 serão determinados, em primeiro lugar, de acordo com a possibilidade de cair no gosto do público em geral ou satisfazer apenas as necessidades de pessoas extremamente conectadas com o mundo online. Outro fator determinante, além do preço, obviamente, será a adoção por parte dos desenvolvedores das ferramentas para essas plataformas, nas quais eles vão poder propor novas formas de interação que não foram pensadas anteriormente para esses dispositivos pelos seus fabricantes. Atualmente, um fator limitante desses dispositivos é a sua dependência de celulares em alguma proximidade para garantir a conectividade com a Internet.
Online e offline se misturam: beacons, drones e carros
No segundo semestre de 2014, vimos alguns experimentos com o uso de beacons em conjunto com aplicativos. Aqui no Brasil, a Dafiti foi uma das pioneiras, e provavelmente veremos mais iniciativas como essa em 2015, afinal, o potencial de marketing com essas ferramentas é absurdo. Conforme a linha entre o online e o offline vai ficando cada vez mais tênue, com certeza as tentativas de seguir nessa direção vão aumentando.
Tanto os beacons, em alguns países, como os drones, por exemplo, ainda estão passíveis de regulamentação. O congresso americano decidiu que setembro de 2015 é a data limite para que a FAA forneça um plano para a regulamentação de uso de Drones no contexto civil. A Amazon é uma das empresas que já mostrou fortes tendências a explorar esse mercado, mas a aderência final desses casos de uso com a realidade ainda vai ser testada.
Em 2015, esperamos ver mais espaços públicos mapeados com tecnologias como beacons, e a fronteira entre o online e o offline cada vez menor. Na categoria de carros potencializados pelo uso do mobile, é provável que veremos em 2015 alguns carros mais inteligentes, que permitam o controle de algumas funcionalidades por meio de comandos de voz e centrais multimídias conectadas à internet com chips 3G. Entretanto, considerando o ciclo de substituição de um carro antigo por um carro novo, a adoção desses novos modelos tende a ser menor do que novos modelos de smartphones ou TV’s, por exemplo.
Casas inteligentes
É muito provável que neste ano continuemos ouvindo sobre iniciativas relacionadas a casas inteligentes, como por exemplo o HomeKit, anunciado no ano passado pela Apple, e a Nest, comprada pelo Google também em 2014. Entretanto, é muito provável que essa área não saia do campo das ideias ainda em 2015.
O HomeKit essencialmente promete fazer com que os aparelhos da sua casa reconheçam quando você está presente e você consiga, por exemplo, acender e apagar a luz falando com o Siri. A Google, além de comprar a Nest (fabricante de termostatos digitais), anunciou também a Android TV, uma versão do sistema operacional para grandes telas. Entretanto, ambas as empresas vão depender de parcerias com fabricantes de aparelhos e hardware, além de produtores de conteúdo e distribuidores, no caso da Android TV. E essas negociações podem levar um tempo. Outro ponto que ainda precisa ser definido é qual será o aparelho central que concentrará o controle de todos os outros dispositivos, e quem será o fabricante dele.
E os aplicativos?
A principal briga em mobile no ano de 2014, e que vai se estender em 2015, é a dos aplicativos de mensagem. Whatsapp, WeChat, Facebook Messenger, KakaoTalk, Line e Telegram, todos eles tentam dominar o espaço de troca de mensagens no mundo mobile. O Whatsapp tem 600 milhões de usuários ativos por mês, o WeChat com 396 milhões de usuários ativos por mês, o Line tem 170 milhões e o Facebook Messenger tem 500 milhões, mas a briga não está ganha para nenhum desses players. Considerando o fato de que novos usuários de mobile virão da China, Índia, e África, os novos modos de uso e as questões culturais podem determinar o futuro desse mercado.
No Brasil e no mundo outra briga está acontecendo, desta vez no mercado dos aplicativos de táxi ou caronas, entre Easy Taxi, 99Taxi, Uber, Lyft, Zaznu e vários outros que prometem te levar de um lugar ao outro em uma cidade. Uma vez entendido o primeiro modelo de aquisição de usuários para esse tipo de apps, a briga agora parece ter se deslocado para o mercado corporativo, com corridas de voucher para grandes empresas ou para campanhas agressivas com parcerias, como a Easy Taxi tem feito recentemente. O mercado continua bem indefinido, mas com certeza são categorias que vieram para ficar.
Em 2015 também é provável vermos mais integração entre esses apps e outros aplicativos ou serviços no seu celular, na linha da API do Uber. Além disso, o potencial de anúncios em cima desses produtos é enorme. Para um usuário que toda segunda-feira de manhã pede um táxi de sua casa na Vila Olímpia para Congonhas por meio do Easy Taxi, quem estaria mais bem posicionado para oferecer um anúncio de café da manhã em alguma loja no trajeto? O Easy Taxi ou 99Taxi com certeza poderiam, assim como o Waze.
Em varejo online, os números são promissores. O seu celular já não é mais apenas um dispositivo que você usa para pesquisar preços antes de fazer a compra no seu desktop, mas passa a ser o ponto central de contato na jornada do seu cliente com a sua loja. Deseja receber notificações quando o preço de um produto baixou? Você recebe direto no seu celular por meio do app da loja. Ou um estímulo via push notification ou, ainda melhor, é avisado em seu relógio que o seu produto chegou até a sua casa. Tudo isso se torna cada vez mais possível, e em 2015 veremos os players que investiram em mobile ao longo de 2014 tomando a frente e efetivamente executando estratégias como essas. Além disso, as taxas de conversão em aplicativos de mobile commerce estão cada vez maiores e mais relevantes. No final de 2013 avisamos que 2014 seria o ano da mudança. 2015 será o ano em que as empresas que investiram nesses canais colherão seus frutos e se manterão à frente do mercado. A maioria dos e-commerces, por exemplo, ainda não possui API para permitir integração com parceiros.
Um ponto latente em 2015 é o processo de descoberta de aplicativos nas lojas. Conforme a quantidade de aplicativos vai aumentando, fica cada vez mais difícil encontrar os apps relevantes, e é bem provável que o modelo de busca com keywords não seja o mais indicado para isso. Veremos uma movimentação dos donos das grandes lojas de aplicativos para linkar seus dados e gostos com sugestões de apps que podem te ajudar na hora e no momento certo. O Google com certeza tem a vantagem nesse cenário, mas conforme big data se torna cada vez menos uma buzzword e começa a entregar resultados concretos, outros players também poderão embarcar nessa jornada.
E como ficam os desenvolvedores?
2013 e 2014 foi um ano marcado por muita demanda de bons desenvolvedores no mercado, mas pouca oferta. Isso vem mudando ao longo de 2014 e agora em 2015 é provável que isso melhore, mas não tanto. Vemos o Android Studio (IDE oficial para desenvolvimento Android) atingir a sua primeira versão estável, a 1.0, e a quantidade de repositórios no Github usando a nova linguagem da Apple já atingir a faixa de 18 mil, versus 820 mil repositórios em Java e 170 mil em Objective-C, em apenas 6 meses. A mensagem é clara e em 2015 será mais forte: o mercado, tanto brasileiro quanto externo, está precisando de bons desenvolvedores para aplicativos mobile e, segundo especialistas, desenvolver aplicativos mobile passa a ser a profissão do momento em 2015, isso se já não era. Vamos consolidar em 2015 as práticas de engenharia de software para produzir apps com mais qualidade e em menos tempo, além de atacarmos o problema de formação de novos profissionais para o mercado.
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