Iniciamos 2016 com um movimento que iremos discutir durante muito tempo ainda: Internet das Coisas. Parece que estamos finalmente entrando em fases mais concretas do hype cycle de adoção de novas tecnologias com algumas iniciativas de IoT.
Logo em janeiro já tivemos a Ubiquity Dev Summit, conferência na qual diversos aspectos de Internet das Coisas foram discutidos, principalmente pelo pessoal ligado ao Google. Alguns pontos bem importantes foram levantados no keynote do evento, e acho que eles exemplificam bastante a revolução que iremos enfrentar daqui pra frente. São estes os principais aspectos que vão moldar a experiência com coisas conectadas à Internet e entre si:
a) Human Interface
Pensar esses novos produtos e interações ignorando a interação que eles terão com humanos seria um erro que a era mobile provou que não pode ser repetido. No entanto, como moldar uma experiência na qual a interação pode acontecer apenas por voz, toque, cheiro ou preferencialmente sem nenhuma interação de humano diretamente?
Quando diversos dispositivos, de diferentes formas de inputs e outputs e formatos, precisam coexistir formando um ambiente que continue sendo habitável por humanos, a necessidade por profissionais que saibam pensar e planejar todas as vertentes dessa experiência acaba se tornando cada vez maior.
Pense em objetos altamente tecnológicos, mas com interfaces extremamente simples.
Um dos melhores exemplos que podemos dar hoje são as diversas fechaduras inteligentes que já estão disponíveis no mercado. A tecnologia não intrusiva vai nos rodear.
b) Segurança/privacidade
Outro ponto muito importante é a segurança e privacidade, e como os usuários terão controle dos seus dados. O fator crucial é que quanto mais “coisas” tivermos ao nosso redor, mais informações sobre as pessoas elas poderão coletar: desde algo tão simples, quanto a temperatura de uma casa, até se você precisa ir ao supermercado. Dados, os seus dados, estarão sendo utilizados para construir a experiência que você deseja. Fatores como segurança, controle de permissão de acesso, uma forma facilitada de atualização de software (para o caso de encontrar alguma falha, por exemplo) acabam sendo fatores importantes. Os dados provavelmente serão sincronizados na nuvem, em algum lugar (provavelmente seguro), inclusive para garantir a perpetuidade das suas informações conforme você troca de “coisas” ou adquire “coisas” mais novas.
c) Interoperabilidade
O que nos leva ao último ponto importante: interoperabilidade. O mundo das coisas conectadas já começa relativamente fragmentado. Existem virtualmente três grandes players, cada um com a sua abordagem, plataforma e protocolo específicos para lidar com as complexidades de IoT. Especificamente, o Google tem as iniciativas do Brillo e do Weave: uma endereça o problema de integração entre hardware e sistema operacional, utilizando o sistema operacional Android como base; e a outra tenta padronizar uma forma de comunicação entre as coisas. Outro player bem posicionado é a Apple, com o seu HomeKit, e por último a Amazon, com a iniciativa da AWS IoT.
Cada uma aborda o problema de acordo com a sua particularidade. O Google foca em alcance e utiliza o poder (e a base de instalação) do Android; a Apple foca na sua experiência “premium” e verticalizada; e a Amazon se posiciona pela camada de nuvem e pela capacidade de processamento e de fazer sentido dos dados – que é o problema subsequente de uma estratégia de IoT bem executada. Nesse ponto, o Google está na frente, por exemplo, com o TensorFlow.
A principal questão é que todos esses dispositivos precisarão se comunicar, e isso vai precisar ocorrer independentemente do sistema operacional que você usa, ou do fabricante. Você já pensou o caos que seria se a sua torradeira não falasse com o seu fogão, pois são de marcas diferentes?
Problemas que iremos enfrentar…
Um problema que provavelmente veremos acontecer mais vezes no futuro pode ser exemplificado pela thread abaixo:
Cada vez mais, essas “coisas” serão dependentes e interconectadas, e as questões de personalização, privacidade e estabilidade ficarão cada vez mais latentes. Para quem quiser se aprofundar mais, seguem alguns vídeos interessantes:
- State of The Union: IoT Powered by AWS (AWS re:Invent 2015)
- Keynote wit G. Rajan, R. Monga, C. Thota and T. Jordan (Ubiquity Dev Summit 2016)