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10 jan, 2014

Mas afinal o que é conhecimento?

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Estamos na Era do Conhecimento. Mas, afinal o que é conhecimento? Segundo Carvalho (2012), independente do contexto não é fácil definir o conceito de conhecimento. Apesar de sentir e vivenciar o conhecimento e de ter isso bem claro na mente, não é uma tarefa fácil explicar exatamente o que é o conhecimento.

Este questionamento e estudo a respeito do que é o conhecimento têm sido feito desde os tempos mais antigos, por filósofos como Platão, Aristóteles, passando por Descartes e Locke, até filósofos mais atuais, como afirma Carvalho (2012). A Epistemologia é o ramo da filosofia que se ocupa dos problemas que se relacionam com o conhecimento humano.

Todo esse estudo à respeito do conhecimento gerou e tem gerado uma enorme diversidade de material intelectual e várias discussões, no entanto o grande paradoxo que precisa ser levado em consideração é, segundo Carvalho (2012), o fracasso da nossa parte; a incapacidade de explicar por completo o conhecimento – e isso é uma característica essencial do conhecimento em si (ou, pelo menos, de uma parte importantíssima dele).

Apesar da dificuldade em definir conhecimento, segue a transcrição de algumas definições citadas por Cruz (2002). O objetivo neste caso é oferecer uma visão mais ampla e didática a respeito da definição de conhecimento:

  • Para o dicionário Aurélio: “S.m. 1. Ato ou efeito de conhecer. 2. Ideia, noção. 3. Informação, notícia, ciência. 4. Prática da vida; experiência. 5. Discernimento, critério, apreciação. 6. Consciência de si mesmo; acordo”.
  • Para o dicionário Michaelis: “1. Ato ou efeito de conhecer. 2. Faculdade de conhecer. 3. Ideia, noção; informação, notícia. 4. Consciência da própria existência”.
  • Para a Filosofia: Existem dois tipos de conhecimento:
    • Vulgar: Que é o conhecimento do que.
    • Científico: que é o conhecimento do por que.

Segundo Cruz (2002), a diferença entre esses dois tipos de conhecimento não está nos objetos conhecidos, mas no modo de conhecê-los. Reside principalmente no conhecimento das causas, pois o vulgar apenas constata a ocorrência dos objetos, enquanto que o científico sabe o porquê eles existem. Para Cruz (2002) em vez de apenas constatarmos que um objeto existe devemos saber por que ele existe.

Dado, informação e conhecimento

Segundo Carvalho (2012), dado não é conhecimento; informação é conhecimento e conhecimento não é dado.

Para evitar esse tipo de confusão segue abaixo a definição de dado, informação e conhecimento de acordo com Carvalho (2012):

  • Dado: É o registro de um evento. Pensando no conhecimento de forma hierárquica, o dado é o menor e mais simples elemento dessa hierarquia. Ele é uma unidade indivisível, objetiva e abundante. Por este motivo, o dado é o elemento mais fácil de ser manipulado e transportado, seja em um  meio de transporte concreto (de um lugar para outro), seja de uma forma abstrata (de um sistema para outro ou de uma pessoa para outra).
  • Informação: É um conjunto de dados dentro de um contexto. O contexto é fundamental, pois desempenha o papel de diferenciar um mesmo dado em situações distintas, pois um conjunto de dados não pode passar de um acúmulo de coisas sem significado. Também é preciso a implicação de pelo menos um sujeito para que o conjunto de dados seja coordenado de forma significativa. Além do conjunto de dados, é importante para a definição do contexto uma determinada carga subjetiva. Portanto, uma definição mais elaborada para informação é a seguinte: um conjunto de dados, com determinado significado para o sistema. Apesar da informação, conter uma determinada carga subjetiva, a mesma não pode ser algo decifrável apenas por um sujeito específico. Ela deve poder ser codificada de diversas maneiras, ou seja, ela deve ser tangível para um grupo de pessoas, podendo ser acumulada, processada e compartilhada.  O compartilhamento é de grande importância no que se refere à informação e o conhecimento.
  • Conhecimento: Segundo Davenport (1998, apud CARVALHO, 2012) conhecimento é a informação que, devidamente tratada muda o comportamento do sistema. O conhecimento é o resultado de um processamento complexo e subjetivo da informação, pois quando a informação é absorvida por um sujeito, ela interage com processos mentais lógicos e não lógicos, experiências anteriores, insights, valores, crenças, compromissos e vários outros elementos que fazem parte da mente do sujeito, pois consciente ou não ele usa seu conteúdo psíquico para trabalhar a informação e como base nisso tomar uma decisão de acordo com o contexto no qual ele está envolvido. Neste sentido é possível considerar que o conhecimento se configura nessa tomada de decisão, pois ele está ligado à ação uma vez que ele existe e serve para fazer algo, por isso pode-se considera que o conhecimento é um poderoso agente transformador.

A Figura 1 mostra de forma resumida as características básicas de dado, informação e conhecimento.

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Fonte: Carvalho (2012)

Tipos de conhecimento

Segundo Polanyi (1966, apud CARVALHO, 2012) e Nonaka e Takeuchi (1997, apud CARVALHO, 2012), o conhecimento é formado por uma estrutura paradoxal, na qual se identifica dois componentes aparentemente opostos: o conhecimento tácito e o conhecimento explícito.

Conhecimento tácito

De acordo com Carvalho (2012), o conhecimento tácito não é um conhecimento palpável, e nem explicável. Esse tipo de conhecimento é profundamente pessoal e por este motivo muito mais difícil de ser compartilhado.

O conhecimento tácito […] é altamente pessoal e difícil de formalizar, tornando-se de comunicação e compartilhamento dificultoso. As intuições e os palpites subjetivos estão sob a rubrica do conhecimento tácito. O conhecimento tácito está profundamente enraizado nas ações e na experiência corporal do indivíduo, assim como nos ideias que ele incorpora. Nonaka e Takeuchi (2008, p.19, apud CARVALHO, 2012, p. 12)

Para Carvalho (2012), o conhecimento tácito é empírico e prático. Seu contexto é do aqui e agora. Aborda as sensações e emoções do individuo, como também suas crenças, intuições, habilidades e experiência informais, modelos mentais e percepções.

Para Cruz (2002), o conhecimento tácito é aquele que todos nós acumulamos dentro de nós mesmos, ele é fruto do aprendizado, da educação, da cultura e da experiência de vida de cada um. Segundo ele, esse tipo de conhecimento é muito comum em qualquer tipo de organização e considera esse tipo como conhecimento como informal. Por esse motivo um dos grandes desafios que qualquer organização tem é o de coletar, organizar e utilizar esse tipo de conhecimento.

Conhecimento explícito

De acordo com Carvalho (2012), o conhecimento explícito é visível e tangível. É possível entendê-lo como o conhecimento codificado em linguagem que apresenta uma estrutura formal e sistêmica que facilita sua transmissão. Isso confere a esse tipo de conhecimento um caráter mais impessoal.

Esse conhecimento pode ser transmitido por palavras, números, fórmulas, ministrados em aulas e palestras, além de poder ser armazenado e transportado em artigos, manuais, livros, planilhas, banco de dados. Segundo Carvalho (2012) o conhecimento explícito pode ser mensurado, além de ser mais racional e teórico.

Para Cruz (2002), o conhecimento explícito é aquele compartilhado, que é passado a outros para que esses também desenvolvam suas habilidades e possam gerar mais conhecimento e ser passado a outros e assim por diante formando uma cadeia de desenvolvimento científico, cultural, organizacional, emocional, etc. Ele considera este tipo de conhecimento como formal.

Conhecimento tácito e explícito

Para Carvalho (2012) o conhecimento não é só tácito e nem só explícito. O conhecimento é a soma desses dois tipos. O Quadro 1 mostra a diferença entre os dois componentes do conhecimento.

CONHECIMENTO EXPLÍCITO

CONHECIMENTO TÁCITO

Objetivo Subjetivo
Conhecimento da racionalidade (mente) Conhecimento da experiência (corpo)
Conhecimento sequencial (lá e então) Conhecimento simultâneo (aqui e agora)
Conhecimento digital (teoria) Conhecimento análogo (prática)
Receita de bolo, partitura de música. Andar de bicicleta, improvisos de jazz.

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997, apud CARVALHO, 2012)

Para Cruz (2002), tomando com base um ambiente organizacional tanto o conhecimento tácito quanto o conhecimento explícito podem ser classificados quanto ao seu uso em três distintos grupos:

  • Conhecimento Estratégico: O conhecimento  estratégico segundo Cruz (2002) serve para avaliar os setores: econômico, político, social, tecnológico, entidades reguladoras, governo, fornecedores, cliente e concorrentes permitindo que qualquer empresa possa tomar decisões de longo prazo, criar cenários, desenvolver estratégias de atuação, definir políticas, criar produtos e definir o modus operandi.
  • Conhecimento Operacional: O conhecimento operacional está diretamente ligado à capacidade de realizar o dia-a-dia da empresa. Por meio dele é possível  coletar, organizar, documentar e gerenciar processos de negócio, pois segundo Cruz (2002), tudo, absolutamente tudo que se faz em qualquer empresa, em qualquer organização, está inserido num processo de negócio.
  • Conhecimento Emocional: um ar mais informal às relações funcionais em qualquer tipo de organização. Segundo Cruz (2002) são convites, notícias sociais, planos de vantagens, comunicados não-oficiais e notícias culturais, porém alguns cuidados devem ser tomados quando a publicação de tais informações. Cruz (2002) considera que é preciso levar em conta aspectos socioeconômicos, culturais, religiosos e políticos que será atingidos por tais conteúdos.

Referências:

  • CARVALHO, Fábio. Gestão do Conhecimento. São Paulo: Editora Pearson. 2012.
  • CRUZ, Tadeu. Gerência do Conhecimento. São Paulo: Editora Cobra, 2002.