Front End

15 abr, 2011

Firefox 4, IE9 e a nova guerra dos navegadores

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Para quem passou dos trinta, como eu, o termo
“guerra dos navegadores” remete à famigerada briga entre netscape e microsoft  pelo controle e pelo domí­nio do mercado web. Com
suas terríveis tags proprietárias,
“tocavam o terror” no mundo dos desenvolvedores, que ficavam
divididos, pois, diferentemente do que ocorre hoje, a briga não era por quem
seguia os padrões web, e sim por quem queria
que seu padrão fosse aceito pelos concorrentes.

Assim, a ideia tradicional de guerra não se aplica ao
Internet Explorer 9 e ao Firefox 4.

Web standards versus interesses
corporativos: a verdadeira briga

No momento atual, há um nível maior de consciência,
por conta dos profissionais de web, no que diz respeito a boas práticas de
desenvolvimento. A grande maioria dos frontend developers
possuem condutas éticas com relacão ao uso de recursos como xhtmlhtml5,
css2,
css3 e o javascript
(e suas famosas bibliotecas, como o jquery e o mootools).
A figura do profissional fechado em tecnologias proprietárias
é cada vez mais rara, até mesmo pelo fato de quem pensa assim pode encontrar
grandes dificuldades em se estabelecer.

Dentro de tal novo cenário, dizer que tal browser proprietário e uniplataforma
possui a maior compatibilidade do mercado para novas tecnologias como html5 e
css3 torna-se vital, mas nem sempre o que a publicidade vende como “o
melhor” corresponde a realidade dos fatos. Curiosamente, se antigamente
defender ferrenhamente os padrões era considerado atitude de xiitas do
desenvolvimento web, atualmente é argumento de mercado. Os tempos são outros.

A web é essencialmente democrática,
open source e multiplataforma. Tais conceitos estão impregnados no dna da coisa
toda, desde o início. Atitudes comerciais de grande agressividade, típicas do
mundo pré-web (na famigerada época da homogeneidade de certa plataforma desktop)
são como “corpos estranhos” ao ecossistema. Arrisco-me a dizer que o estouro da bolha 1.0
(que culminou no web 2.0, a nova bolha prestes a estourar em qualquer momento)
separou o joio do trigo, ou seja, as empresas de perfil comercial mais
agressivo, unidirecionais e provedoras absolutas de conteúdo – o joio –
dançaram e o que sobreviveu foi tudo aquilo baseado nos pilares da web já
citados. A eles, soma-se a oportunidade da participação massiva dos usuários.

Não que as
chamadas empresas 2.0 (ou 3.0) sejam perfeitas, corretas. muito lodo nesse pântano lamacento, mas isso
é assunto para outro artigo.

Resumindo o conceito, para um browser ser 100% web
standard não basta renderizar corretamente as especificações do draft html5 melhor que um ou outro
concorrente, muito menos dar suporte ao css3. Isso é muito bom e nos
deixa felizes (quanto mais compatibilidade, melhor), mas há toda uma
questão cultural e estratégica por trás. Acaba que vemos a imagem retocada, que
esconde culotes, cicatrizes e varizes que sempre estarão por lá e virão à tona.
É só uma questão de tempo.

Open source,
multiplataforma e democrático: por quê?

Como sabemos, as coisas mudam e transformam-se em
velocidades impressionantes. O que era o melhor recurso ontem, hoje não passa
de lixo tecnológico. O device top do ano passado virou entulho hoje, a
tecnologia é constantemente atualizada, o que garante seu caráter de vanguarda.

Ninguém questiona que softwares  abertos são corrigidos e melhorados com muita rapidez,
através de uma comunidade dedicada e apaixonada pelo que faz, espalhada por
todo o mundo. Essa comunidade aprecia certos softwares que rodam em qualquer
plataforma, são livres de licenças (diretas ou compulsórias) e permitem a
democratização dos recursos de última geração, mesmo para hardwares mais
tímidos (democratização dos recursos avançados, browsers que precisam de grande
capacidade de processamento e hardware avançados são contraditórios, para dizer
o mínimo).
A internet, na medida que se expande e que mais e mais pessoas se utilizam de seus recursos para quase tudo o que fazem na vida,
precisa ser segura e estável. Programas open source corrigem com muito mais
rapidez bugs críticos de segurança, tornando-se mais confiáveis que muitas
soluções pagas (direta ou indiretamente).

Limitar o browser a determinada plataforma (exigindo,
indiretamente, a atualização do sistema operacional para rodá-lo) é
contraditório, para dizer o mínimo. Mais uma vez, assistimos ao deprimente
espetáculo do mercado, com seus tentáculos rápidos e gulosos, que a tudo
desejam abraçar.

Assim, o firefox 4, por seu grande número de usuários, reúne todas as características necessárias para ser o grande representante dos browsers web standards.
Vejam, não estou dizendo que é o melhor (já que essa definição é bem pessoal)
ou o mais rápido (na atualidade, tal título cabe ao chrome),
somente que é o que possui mais munição e chances reais de fortalecer o
conceito dos padrões para usuários de nível básico e avançado, ao redor do
mundo. Soluções como chrome crescem cada vez mais; o safari oferece o melhor
suporte a html5 e css3, o opera é sempre eficiente; mas o firefox possui as
melhores condições de combate – ou algo que o valha.

Conclusões finais

Há sempre mais a conhecer, além do que se vê.

Se o ie9 oferece suporte a html5, css3 e finalmente dá às especificações do w3c
o devido crédito e respeito (algo inédito no histórico da empresa), isso é
muito bom e colabora para que a grande massa possa a conhecer os reais
benefícios das novas e promissoras tecnologias da web. É possível que, de outro
modo, muitos não teriam contato com os novos recursos, por relutarem em
instalar um novo browser, por exemplo. Talvez, após conhecerem as novidades e
aprofundarem os conceitos, possam até mudar de opinião.

Este não é um artigo pró-firefox, por mais que possa
parecer.

Na verdade, é um artigo pró-web standards, que defende
que uma web melhor e mais democrática só acontecerá com pessoas de mente
aberta, usando browsers que efetivamente se preocupam em levar a melhor
tecnologia para todos (independente de hardware, largura de banda ou sistema
operacional).

Nem tudo o que reluz é ouro. Por mais que as novidades
nos empolguem (e eu sou sempre o primeiro a festejar), é necessário critério,
pois, como diria a canção, “prudência e canja de galinha de galinha não faz mal
a ninguém”.

E que venha a (r)evolução!

Grande abraço e sigamme no twitter!