A cada dia, mais dados privativos e confidenciais transitam pelas grandes redes sociais. Apesar de diversos alertas como este aqui, os usuários não se importam (ou não demonstram) e seguem divulgando dados pessoais, como se suas informações estivessem seguras. Pois é, não estão.
Inocência ou descaso?
É a dúvida que fica no ar.
Inocência ou descaso? Como é possível que, apesar de tanto alarde feito sobre a questão da privacidade, tantos usuários sigam expondo seus dados e informações pessoais pelas grandes redes? Falta de informação? Descaso?
As redes sociais, com seus serviços “gratuitos”, ganham boa parte de seu valor agregado (e comercial) em cima dos dados que possuem. Ou seja, quanto mais usuários, melhor. Assim, com o tempo, colhem dados importantíssimos sobre gostos, hábitos de consumo, escolhas culturais, moda. Não há, dentro de tal raciocínio, o mínimo interesse em manter a privacidade, pois, em última análise, a falta dela produz lucros imediatos.
Inocência e boa fé
Todos parecem acreditar nas políticas das grandes empresas de internet e suas ferramentas sociais. O usuário de nível comum não parece se importar com isso: acredita que milhares de servidores espalhados por todo o mundo são colocados a sua disposição para exibirem as fotos do último churrasco, da empresa, da família de forma gratuita, sem nenhum mecanismo que gere retorno.
Informam dados pessoais que normalmente só seriam solicitados para abrir uma conta no banco, por exemplo; para obterem acesso aos serviços que estão na crista da onda. Não se importam em fornecer dados pessoais, como que dopadas e alienadas em um pseudo-mundo de faz-de-conta, onde não existem perigos e todos são bons: “afinal, o que poderiam fazer com minhas informações, não é mesmo?”
Dentro de tal cenário, creio ser injusto culpar as empresas ou suas políticas de privacidade: a culpa é de quem se deixa levar e não exercita a inteligência, de forma a garantir o resguardo da privacidade. Ou, simplificando, “só existem malandros porque existem os manés.” E, como sabem, “o mundo é dos espertos.” Duro, mas é verdade.
Quero ser celebridade
Há ainda a categoria dos aspirantes a ex-BBB, cantores de axé ou dançarinas de funk carioca: querem a fama a qualquer custo e adoram a ideia de se exporem, mesmo que finjam não gostar da invasão de privacidade. Deixam as cortinas abertas, mas não querem, em tese, que ninguém espie.
Explico.
Como querer “privacidade”, se tudo está escancarado, aberto?
Funciona, mais ou menos, como aqueles furos de reportagem, quando alguém, “não se sabe como”, descobre que a famosa celebridade internacional irá comer um pastel de feira em determinado bairro da cidade. Tais “furos”, na maioria das vezes, são produzidos e combinados entre empresários (que sabem que a máxima “falem qualquer coisa, mas falem de mim”, é questão vital no mercado) e a mídia e, assim, através do ingênuo público consumidor, reforça-se a marca do artista e vendem-se revistas e jornais.
Conclusão
É necessário que haja total consciência das consequências envolvidas pela atitude despreocupada com a privacidade. E digo da privacidade entre você, usuário, e a empresa que oferece determinado serviço gratuito, que pode custar bem mais caro do que se imagina. Se, por um lado, expor-se pode ser gratificante, sobretudo quando chovem elogios e agrados que massageiam o ego, é necessário estar preparado para a saraivada de críticas, de “pedras” ou, para o desespero dos “pós-neo-futuros-ex-BBB”, da indiferença total, num pesadelo pós-moderno composto de 50 followers no twitter e de melancolia, além da sensação de total abandono.
Talvez seja o momento de rever seus valores.
Por falar nisso, sigam-me no twitter.