Vamos fazer uma viagem rápida ao ano de 2000 – a Internet ainda engatinhava no país (o Comitê Gestor da Internet no Brasil foi criado em 1995). Eu estava no segundo ano da faculdade de jornalismo e, se quisesse fazer um jornal próprio, digamos o Jornal do Armindo, seria um trabalho e tanto.
Depois de diagramado, eu iria até o xerox tirar várias cópias e com muita sorte e empenho conseguiria entregar uma centena de jornais aos alunos. O fato de ter de imprimir e entregar fisicamente os jornais é limitante, portanto não podemos levar nossa informação para a quantidade de pessoas que gostaríamos, pois nossa capacidade de entrega é limitada.
Agora vamos voltar aos dias atuais. A rede CNN de telejornalismo tem um site chamado iReport. Nele, pessoas do mundo todo podem mandar notícias para a empresa e, se a for relevante, ela pode ser divulgada para o mundo. Ou seja, potencialmente, cada pessoa no Globo terrestre pode produzir conteúdo para a CNN.
Eu posso ter também o meu blog (na verdade tenho: blogdoarmindo.com.br), que potencialmente pode atingir milhares de pessoas, sem que eu dependa de um grande veículo de comunicação.
Esse fenômeno da pessoa que deixa de ser somente um elemento passivo diante dos grandes veículos de massa e passa a ser um produtor de conteúdo foi previsto pelo escritor futurista norte-americano Alvin Tofler, em 1980, no livro “A terceira onda” (não exatamente desse jeito, mas algo próximo disso). Ele imaginava um consumidor que estaria envolvido no produção dos bens, e que eles fossem os mais personalizados possíveis.
Para descrever esse novo “ser”, ele criou uma palavra da junção de Producer (produtor) e Consumer (consumidor) ficando então o Prosumer, ou seja, o consumidor que é produtor de conteúdo.
Em alguns treinamentos que ministro para operadores de telemarketing, não é raro ouvir relatos de consumidores que ameaçam colocar em seus blogs e redes sociais a reclamação se ele não for mais atendido. Ele não depende mais da carta, do selo ou do grande veículo de comunicação. Ele é o veículo de comunicação.
E mais do que isso: ele é exigente e quer praticamente interferir nos processos produtivos. Imagine um consumidor colocado na sua linha de produção pedindo coisas do jeito que quer em cada etapa produtiva. Esse é o caminho do super consumidor, e falaremos mais dele no próximo artigo.