A maioria da sociedade é conservadora, é preciso entender isto; é conservadora porque essa infra-estrutura cultural dada mantém a estabilidade da sociedade – Ferreira Gullar, da minha coleção de frases.
Todos nós vivemos em bolhas de sensos comuns.
Os nossos sensos comuns organizam a sociedade, fazem com que normas se estabeleçam.
É uma função social.
Nossas caixas de senso comum, assim, são “dosadas”, “feitas”, articuladas pelas ferramentas de controle informacional de uma dada sociedade.
Leia-se controle informacional: acesso, ou não, alteração, ou não, comentário, ou não, nas bases de dados. E liberdade para criar, participar e criar canais de comunicação.
(Um blog, por exemplo, é uma base de dados. O do Lula não deixa comentar. É uma base de dados fechada.)
Quem detém o controle do ambiente produtivo, de certa forma, tem forte influência nos meios de comunicação para “vender” sua ideia de sociedade ideal.
Há, entretanto, uma relação entre o controle e a necessidade de produzir e inovar:
- Quem quer inovar precisa abrir e deixar criar espaços mais democráticos, que permita circular ideias para que cada um possa mexer na sua caixa dos sensos comuns, pensando coisas diferentes. dentro e fora das empresas. É, como se diz no mercado, preciso “pensar fora da caixa”!
- Quem não tem essa demanda pela inovação mantém a circulação de ideias parada e, portanto, facilitando manter as caixas fechadas, controlando a mídia e o acesso e participação nas bases de dados. É o exemplo da China, que não inova, apenas repete, das empresas que estão ainda vivendo o mundo 1.0. No dia em que quiserem criar vão ter que abrir para as ideias circularem!
O senso comum, assim, é uma faca de dois legumes.
Se, por um lado, serve para organizar, por outro, é um instrumento de dominação e estagnação social.
Se apertar muito o parafuso, a máquina não anda.
Se soltar, ela começa a andar por conta própria.
Eis o dilema de quem está no poder!
Nos raros momentos de harmonia entre os diferentes agentes do sistema social, o senso comum é pouco questionado.
E, digamos, tem a sua utilidade prática, pois é preciso ter alguma continuidade.
Normalmente, as escolas são agentes de reprodução do senso comum, bem como os cursos de Pós, MBA, etc. Assim como tudo que circula na Indústria Cultural.
Reforça-se e o que questiona, rapidamente é transformado e produto e se dilui.
O ambiente replica o senso comum definido por alguém, que criou uma filosofia, mas escondeu na manga.
Nas crises, entretanto, é o senso comum o primeiro a levar pedrada.
Pois se há crise, há algo a ser mudado e precisa-se questionar aquilo que é o senso comum, que nos leva a continuar a fazer as mesmas coisas, que geram a crise.
(Vide a atual crise do capitalismo, que vários dogmas estão sendo questionados.)
Acredito que estamos vivendo hoje uma crise permanente de crescimento populacional, que nos leva a uma outra, que é a da exigência de uma inovação permanente do setor produtivo.
A Internet vem ajudar a resolver as duas.
E, por isso, pede-se tanta inovação e pensamento fora da caixa.
É um sinal claro que o modelo atual não está mais dando conta da demanda latente da sociedade por novos tipos de relação com seus fornecedores de produtos e serviços.
As organizações só falam nisso: pessoas que tenha capacidade sistêmica, inteligência para organizar os dados, que possam criar e inovar.
Ou seja, querem agora gente que pensa, pois o modelo anterior está quebrando!
Hoje, pede-se pessoas que tenham capacidade de analisar de fora o seu senso comum para nos tirar da crise!
Ou seja: trabalhar fora da caixa é básico.
O problema que todas as estruturas sociais da sociedade ainda estão no modelo anterior, por isso, estamos falando em empresa 2.0, escola 2.0, governo 2.0.
É uma demanda desse novo setor capitalista ambientalista colaborativo na produção de novos produtos e participativo dos lucros.
Como vamos chamar isso?
Vivemos hoje uma necessidade é similar à crise que deu origem ao Capitalismo.
Limites no modelo feudal, baseado no livro manuscrito.
Que impedia os habitantes, principalmente da Europa, de irem adiante nas suas necessidades conscientes e outras latentes.
Criou-se ali uma nova civilização com uma nova mídia de descontrole social, que permitia uma oxigenação na sociedade.
Estamos entrando em um período de Iluminismo necessário para essa revisão, mas em outro patamar.
Hoje, mais do que grandes pensadores.
Teremos pensadores de nichos, que só conseguirão revisar o geral em grupo e de forma colaborativa.
Teremos menos profundidade individual, mas mais capacidade de produção rápida e a distância em grupos.
Talvez seja para isso que essa nova geração está sendo preparada.
De qualquer forma, o ritmo geral impactará de forma diferente:
- Em alguns setores mais competitivos e de ponta, com taxa maior de velocidade.
- Naqueles que são menos competitivos, monopolistas, que fornecem ao mundo matérias-primas, sem muito valor agregado, com uma taxa menor.
(O mesmo vale para os setores internos das organizações, aqueles mais inovadores e menos inovadores.)
Rever a caixa é preciso!
Até que se tenha uma outra, com outra estrutura de poder.
Que dizes?