Ao atingir o pico de 7 bi de pessoas, a matilha cede lugar a “comunicação química” do formigueiro digital.
Há uma confusão do tamanho do Himalaia sobre os novos projetos de redes sociais corporativas.
Para reduzi-la, é preciso revisar o papel da comunicação na gestão.
Desde que o ser humano desceu das árvores, pois conseguiu desenvolver armas que o protegia dos animais, que temos usado a comunicação para sobreviver.
Resolvemos os problemas conversando, ensinando, aperfeiçoando.
Sem a comunicação, não sobreviveríamos no mundo, pois não temos garras, asas, rabos. Criamos tecnologias, a partir da troca de ideias, que nos permitiram criar essas “próteses” civilizacionais.
A comunicação é parte integrante da solução dos problemas, e uma coisa (a gestão) condiciona a outra (comunicação).
Se mudamos a comunicação, mudamos a gestão e vice-versa.
Pois bem.
Vivemos atualmente, com a chegada de uma nova tecnologia cognitiva descentralizadora, uma revolução na comunicação. Estamos descobrindo que a comunicação muda antes do que a gestão, achávamos o contrário.
Assim, o modelo está mudando e é preciso analisar como era e para onde vai.
A comunicação define a forma de tomada de decisões.
Hoje, temos o modelo “líder-alfa das matilhas” para decidir.
- Alguém mais experiente ascende a uma função de líder por um critério específico de meritocracia;
- O líder recebe o encargo de decidir, a partir de sua experiência e dos dados que consegue colher.
O modelo é sustentável até um certo número de pessoas a serem geridas. Quanto mais vamos aumentando o número de indivíduos, o que nos leva mais e mais à complexidade, mais a decisão do líder alfa vai ficando mais difícil, pois leva mais tempo e são tantas variantes que ele não consegue mais ser eficaz.
O surgimento das redes sociais digitais nos leva para um novo modelo de decisão, baseado mais nos modelos da comunicação “química” das formigas do que no líder-alfa da matilha de lobos.
Pessoas (formigas) passam a se comunicar/informar em redes digitais, nas quais deixam rastros/cheiros, através dos cliques e das referências a cada acesso.
A grande vantagem que temos o movimento real – se conseguirmos extrair os dados desse processo.
Cria-se, assim, um novo modelo de comunicação que pode ajudar a tomada de decisões, de forma muito mais rápida e eficaz, pois mais e mais dados passam a ficar disponíveis, reduzindo a margem de erro na tomada de decisões.
A figura do líder-alfa vai cedendo lugar a um modelo de comunicação/gestão mais próximo de um formigueiro, no qual a liderança vai sendo trocada a cada situação, pois observa-se que em dada situação fulano ou beltrano podem decidir de forma melhor, baseado no vai e vem do movimento real das pessoas e não no suposto pela experiência do líder alfa.
Tal medição é barata e acessível, o que torna o modelo muito mais fácil de ser gerido.
É a mudança que estamos promovendo na espécie humana ao atingir o pico de 7 bilhões de pessoas. A matilha está cedendo lugar à “comunicação química” do formigueiro digital!
Assim, a ideia de implantar tal modelo no modelo anterior é completamente ineficiente, pois são duas culturas diferentes de tomada de decisão.
Quando falamos em colaboração, temos que separar duas colaborações:
- A colaboração no modelo da matilha, do líder-alfa serve para que este tome a decisão, baseado em um modelo de meritocracia, cada vez mais obsoleto, que serviu a um tipo de organização;
- A colaboração no formigueiro serve para que haja um rodízio de líderes, a partir da meritocracia das trocais reais, em um novo modelo de organização.
Não é possível querer a colaboração do formigueiro na matilha, pois fazem parte de duas culturas de tomada de decisão distintas.
Eis o grande impasse e o nó que a gestão tem pela frente diante de uma inusitada Revolução Cognitiva em pleno século XXI.
Enquanto não pararmos para refletir e pensar, iremos repetir, mais e mais o mesmo paradigma, gastando recursos e tendo resultados pífios.
Por aí, que dizes?