No artigo anterior, visualizamos os
primeiros
passos na implantação do Scrum em uma fábrica de software e o momento
certo
para o envolvimento do cliente. Hoje veremos alguns detalhes na
utilização
do SCRUM juntamente com o cliente e algumas dicas para quem pretende
utilizá-lo
na sua empresa.
O cliente aceitou, e
agora?
Com a aceitação do cliente, era chegada a hora de formalizar
o processo como um todo. Para isso, nada mais importante do que o
envolvimento
do cliente e do time nesta importante definição. Com a anuência de
todos, chegamos
aos
processos a seguir:
- Sprint Planning 1: reunião de
priorização do
backlog e definição dos itens que entrarão no sprint que se inicia.
Envolvidos:
todo o time e o cliente; - Sprint Planning 2: reunião de
definição de quem
irá desenvolver cada tarefa e explicação dos itens a todos do time.
Envolvidos:
apenas o time; - Daily Meetings: mantivemos as
reuniões diárias
de 15 minutos com todo o time. Passamos a utilizar o despertador do
celular
para não esquecer. Impreterivelmente que a reunião se inicia às 16h,
independente
se todo time está presente ou não; - Sprint Retrospective: retrospectiva
do sprint
com a abordagem dos pontos positivos e os pontos a serem melhorados.
Apenas o
time participa; - Sprint Review: revisão do sprint
entre o time e
o cliente.
Além disso, continuamos utilizando o Scrum Board
para o
controle visual das atividades.
Paralelamente, adotamos a utilização do Burndown, que nos dá uma visão
diária
do andamento das atividades, eliminando inúmeros controles e planilhas.
As estimativas passaram a ser feitas por todo o
time. Desta
forma, normalmente uma pessoa é responsável pelo detalhamento dos
requisitos e,
após seu término, juntamos todas as pessoas em uma sala e praticamos o
Planning
Poker. Ele nada mais é do que o entendimento dos projetos por todos os
membros
do time onde, em seguida, cada um sugere um prazo para cada
micro-atividade. No
final, juntamos os prazos de todos e discutimos em conjunto a razão de
cada
escolha.
Resultados
Com as ações acima, conseguimos melhorias
significativas nos últimos sprints entregues. Dentre as
inúmeras melhorias, podemos citar:
- Maior acerto
nas
estimativas, uma vez que todo o time participa dessa discussão; - Maior comprometimento dos
profissionais com
as tarefas, pois cada um participa da elaboração do prazo e existe
apenas uma
data como meta, a
data final do sprint; - Maior controle das alterações de
escopo, pois
como os sprints são quinzenais, normalmente o cliente aguarda o final
de um
sprint para solicitar uma outra atividade diferente da priorizada; - Maior integração entre os
profissionais, pois as
reuniões são descontraídas e com uma ótima possibilidade de integração; - Eliminação do cronograma formal e
acordos de
entregas a cada sprint. O cliente não sabe o que cada um está fazendo,
mas sabe
que no dia “X”
ele irá receber os
requisitos que foram priorizados; - Eliminação das horas extras, pois há
apenas um
prazo e as pessoas se ajudam para o cumprimento daquela meta; - Maior controle de versões, pois há
apenas duas entregas no mês; - O cliente vê o trabalho andar, pois
está sempre
recebendo algo “pronto” (no Scrum não existe atividade 90% concluída:
ou está
100% ou não está); - Todos têm conhecimento das
atividades dos
colegas; - Formação de profissionais multi-skilled;
- Disseminação de conhecimento, pois
todas as
reuniões do Scrum têm como objetivo maior a troca de experiências e
conhecimentos entre os membros do time.
Não se anime!
Ao ler todas as melhorias acima, provavelmente você deve
estar super animado e louco para implementar o Scrum amanhã na sua
empresa,
certo? Vá com calma! O Scrum não faz milagre. Repare que ele apenas dá
condições para que as pessoas desenvolvam seu trabalho de forma
simples, sem
burocracias e focadas sempre no cliente.
O Scrum não cria documentos,
não cria
fluxos, não define processos. Ele apenas sugere uma série de atividades
muito
simples que, se usadas de forma correta, facilitam o decorrer do
projeto como
um todo. Não venda o Scrum como algo milagroso porque ele não é. Use-o
como uma
tentativa de melhorar algo que você já faz hoje. Scrum
é um framework para a sua metodologia.
Conclusões
Utilize o Scrum como facilitador; não o veja como solução
de todos os seus problemas e os da sua
empresa. Tenha paciência e seja, sobretudo, persistente!
A
metodologia deve ser usada como apoio ao seu
trabalho e não deve ser a responsável pelo fracasso ou sucesso dos seus
projetos. Se o sucesso do seu trabalho depende de uma metodologia,
acredito que
esteja na hora de você repensar algumas coisas.