Não reclame do excesso de informação, pois quem escolhe os filtros é você! – Nepô – da safra 2011;
Costumamos classificar informação como um grande bolo.
Consumimos como se tudo fosse o mesmo prato, do mesmo tipo.
Ando pensando bastante e mais ainda agora que preparo meu novo curso sobre como lidar melhor com a explosão informacional em curso.
Pois bem, acredito que temos três dimensões da informação:
Informações factuais – as coisas que acontecem no mundo, mortes, vidas, acidentes, compras, vendas, golpes, eleições etc.
As informações factuais nos enredam,
perdemos a maior parte do tempo com elas, nos tomam, são aquilo que
produzimos, os documentos, as planilhas, mas não conseguimos ver que
existe uma lógica teórica e filosófica que poderiam nos dar mais
sentido.
Acompanhamos fatos, através da mídia, das redes sociais e, quase sempre, nos perdemos neles.
Informações teóricas – são aquelas que lidam com o
fatos para dar um certo significado e abordam questões de sobrevivência,
de classificação de diferentes fenômenos, que nos ajudam a sobreviver
no mundo e a compreender os fatos, mas que estão dentro de uma filosofia mais geral, apesar de não percebermos isso.
As informações teóricas guiam nossa prática, mudam mais
constantemente, estão coladas mais nos nossos softwares aplicativos do
que na placa-mãe, são até visíveis, são da ordem da estrutura, mexem
com movimentos mais próximos das nossas vidas.
Abordamos mais na universidade e nas pós, temos também pouco tempo
para pensar sobre elas no dia-a-dia, apesar de serem elas que nos guiam
na nossa vida prática, pois consideramos que a melhor maneira de fazer é
por aqui, baseado em alguma teoria.
Porém, foram construídas por pessoas, que ao se perpetuar no tempo, se tornaram muitas vezes pouco visíveis.
Informações filosóficas – aquelas que consolidam
teorias para dar um certo significado, que tratam de questões do ser, do
significado, das questões da nossa relação com o desconhecido, com Deus,
o poder superior, morte etc (ser ou não ser).
As informações filosóficas são constituintes, pouco mudam, estão
coladas na nossa placa-mãe, são invisíveis, são da ordem da
super-estrutura, mexem com movimentos macros.
Abordamos pouco na escola, não temos tempo para ela no dia-a-dia,
apesar de serem elas que nos guiam, pois consideramos que somos ela, são
nossa filosofia de vida, nossa religião, nossa maneira de pensar,
quando, na verdade, foram construções de um coletivo de pessoas, que ao
se perpetuar no tempo se tornaram invisíveis, como se fossem nossas.
Ou seja, gastamos muito tempo com fatos, pouco com teoria e quase nada com filosofia.
O problema é que quando temos uma revolução
da informação, como consequência, temos uma explosão informacional e
sugere-se inverter o triângulo. Gastar mais tempo para compreender as filosofias, que abrangem as teorias que nos ajudam a analisar os fatos.
Analisar fato funciona em momentos de estabilidade, quando a lógica
está consolidada, mas são abaladas nas rupturas, como a que vivemos com a
chegada da internet.
Nesses momentos, sem a filosofia, não entendemos as diferentes
teorias, que nos permitiriam ordenar melhor os fatos e perder menos
tempo com que é interessante, mas não relevante.
Conseguir resolver a crise informacional em curso é conseguir dedicar
mais tempo para refletir sobre as filosofias macros, pois elas estão
mudando.
São a base das grandes mudanças em curso.
São essas mudanças que vão separar o que é modismo (fatos/teorias) de mudanças filosóficas grandes.
Assim, podemos ver o que é preciso rever nas teorias e como podemos compreender melhor os fatos.
Isso torna-se mais evidente e necessário em uma revolução
informacional, que descortina a falta de compreensão dos fatos, que nos
fazem rever teorias e fica evidente que as filosofias em que estamos
baseados não são nossa maneira de pensar, mas um arcabouço construído
que deve ser revisto para rever teorias e, por fim, conseguir analisar
melhor os fatos.
Gasta-se menos tempo e tem-se muito mais.
Que dizes?