DevSecOps

1 jun, 2009

A sociedade da hiperminésia

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Quanto mais teconologia tivermos, mais filosóficos teremos que ser.

A hiperminésia é a doença que causa a exacerbação da capacidade de retenção que impede a separação entre aspectos relevantes e irrelevantes dos eventos, segundo Roberto Lent em “Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência“.

Exatamente o oposto da amnésia, a hiperminésia faz com que a pessoa se lembre de tudo, mas tenha dificuldade de articular as coisas.

Arriscaria a dizer que estamos vivendo fortemente traços dessa doença na atual sociedade.


Tem muita gente à beira da internação.

Vivemos colados à tela de um computador recebendo informações e cada vez menos conseguimos juntar lé com cré.

Em todas as minhas palestras o tema ansiedade da informação aparece.

Como lidar com tanta informação?

disse que o que vivemos não é o excesso de informações, mas o da fofoca.

Entende-se aqui fofoca por tudo aquilo de supérfluo que consumimos, que não nos leva a lugar nenhum.

Tecnologia e explosão informacional precisam de sabedoria.

(Sugiro ouvir meu podcast no Gengibre sobre a diferença entre dados, informação, conhecimento e sabedoria.)

Vejam a figura da situação ideal para agirmos:

O paradoxo é o seguinte: quanto mais eu recebo registros e os articulo na minha cabeça os dados, informações e conhecimentos, menos tenho sido capaz de me separar deles e tomar decisões com sabedoria.

Quantidade e qualidade não se juntam.

Estranho né?

Ou seja, quanto mais perto estou do problema, menos capacidade eu tenho de observá-lo à distância e ter uma clareza para resolvê-lo.

Contraditoriamente, no momento de mais uma explosão informacional, é necessário caminharmos em direção contrária.

É preciso reduzir a carga da informação na fofoca e se concentrar no que amplia, para basear nossas decisões cada vez mais na sabedoria e menos no dado, na informação e no conhecimento, todos processos cognitivos.

Precisamos em todas as esferas e urgente:

  • Ampliar o conhecimento histórico para discernir o que é bobagem do que importa;
  • Aprofundar o estudo da filosofia para perceber o que é lógica do que é papo furado;
  • E resgatar a importância da arte (poesia, artes plásticas, literatura, teatro, etc)  para ampliar a maneira como vemos o mundo – menos numeral e mais intuitiva.

A tecnologia é neutra.

Uma faca serve para cortar o pão e matar o outro. Depende do psicopata que está lanchando. 😉

Quanto mais tecnologia injetamos na veia, mais temos que fortalecer nossos traços humanos, valores, ética, amplitude de horizontes.

É preciso humanizar o mundo tecnológico e não o contrário!!!

Parece estranho, mas quanto mais estudo para entender a rede, mais livros tenho comprado nos sebos para estudar a história das coisas.

Pense na forma como você tem tomado as decisões na sua vida e na sua empresa.

Quanto mais perto você estiver dos registros, dos dados e até mesmo da informação ou do conhecimento “neutro”, mais você estará sendo tático e menos estratégico.

A tática só funciona se ela fizer parte de um contexto geral, de um cenário adequado.

E cenário não se ganha fofocando, seja em que ferramenta da moda estivermos no momento, mas sim alargando seu horizonte, através da filosofia, história e arte, dando-lhe amplitude da sabedoria.

É doido?

É, mas me parece que é por aí que a cobra se enrosca.

Que dizes?