Quanto mais teconologia tivermos, mais filosóficos teremos que ser.
A hiperminésia é a doença que causa a exacerbação da capacidade de retenção que impede a separação entre aspectos relevantes e irrelevantes dos eventos, segundo Roberto Lent em “Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência“.
Exatamente o oposto da amnésia, a hiperminésia faz com que a pessoa se lembre de tudo, mas tenha dificuldade de articular as coisas.
Arriscaria a dizer que estamos vivendo fortemente traços dessa doença na atual sociedade.
Tem muita gente à beira da internação.
Vivemos colados à tela de um computador recebendo informações e cada vez menos conseguimos juntar lé com cré.
Em todas as minhas palestras o tema ansiedade da informação aparece.
Como lidar com tanta informação?
Já disse que o que vivemos não é o excesso de informações, mas o da fofoca.
Entende-se aqui fofoca por tudo aquilo de supérfluo que consumimos, que não nos leva a lugar nenhum.
Tecnologia e explosão informacional precisam de sabedoria.
Vejam a figura da situação ideal para agirmos:
O paradoxo é o seguinte: quanto mais eu recebo registros e os articulo na minha cabeça os dados, informações e conhecimentos, menos tenho sido capaz de me separar deles e tomar decisões com sabedoria.
Quantidade e qualidade não se juntam.
Estranho né?
Ou seja, quanto mais perto estou do problema, menos capacidade eu tenho de observá-lo à distância e ter uma clareza para resolvê-lo.
Contraditoriamente, no momento de mais uma explosão informacional, é necessário caminharmos em direção contrária.
É preciso reduzir a carga da informação na fofoca e se concentrar no que amplia, para basear nossas decisões cada vez mais na sabedoria e menos no dado, na informação e no conhecimento, todos processos cognitivos.
Precisamos em todas as esferas e urgente:
- Ampliar o conhecimento histórico para discernir o que é bobagem do que importa;
- Aprofundar o estudo da filosofia para perceber o que é lógica do que é papo furado;
- E resgatar a importância da arte (poesia, artes plásticas, literatura, teatro, etc) para ampliar a maneira como vemos o mundo – menos numeral e mais intuitiva.
A tecnologia é neutra.
Uma faca serve para cortar o pão e matar o outro. Depende do psicopata que está lanchando. 😉
Quanto mais tecnologia injetamos na veia, mais temos que fortalecer nossos traços humanos, valores, ética, amplitude de horizontes.
É preciso humanizar o mundo tecnológico e não o contrário!!!
Parece estranho, mas quanto mais estudo para entender a rede, mais livros tenho comprado nos sebos para estudar a história das coisas.
Pense na forma como você tem tomado as decisões na sua vida e na sua empresa.
Quanto mais perto você estiver dos registros, dos dados e até mesmo da informação ou do conhecimento “neutro”, mais você estará sendo tático e menos estratégico.
A tática só funciona se ela fizer parte de um contexto geral, de um cenário adequado.
E cenário não se ganha fofocando, seja em que ferramenta da moda estivermos no momento, mas sim alargando seu horizonte, através da filosofia, história e arte, dando-lhe amplitude da sabedoria.
É doido?
É, mas me parece que é por aí que a cobra se enrosca.
Que dizes?