Design & UX

1 jun, 2012

A ascensão e a queda da experiência do usuário – Parte 5

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Na última parte da série sobre design e experiência do usuário, abordaremos liderança, limites e perspectivas para o setor.

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Liderança

Influência e liderança estão dentro do nosso alcance, se conseguirmos ser mais ousados. O caminho que apresenta menor resistência é esperar que empresas enxerguem nosso valor e criem novos papéis executivos – Chief Experience Officer, Chief Customer Officer. Mas toda área acha que merece um título C-alguma-coisa. Apesar do que a Forrester possa dizer, isso não vai acontecer em escala nenhuma, tão cedo.

Então, se quisermos aumentar nossas posições de interesse sênior, devemos estar abertos a rotas alternativas – gerenciamento de produtos, marketing, até tecnologia – nas quais podemos usar o design como uma lente para inovar e para espalhar a mensagem infecciosa da centralização no usuário de departamento a departamento.

Conheça seus limites

Defender um objetivo maior é instigar o que é importante, claro. Nenhum de nós precisa ouvir que precisamos fazer o bem e fazer a diferença. Já estamos ligados nisso. Nossos valores e nossas atitudes são os responsáveis por nos arrastarem para esse campo.

Mas precisamos conhecer nossos limites. A humildade e o pragmatismo dos praticantes do mundo de hoje são uma razão importante para o aumento de nossa influência. Seria um desastre para a comunidade UX acreditar no seu próprio “auê” e sucumbir em arrogância.

Ao entrar em novo território, devemos ter certa humildade. Devemos saber quando interromper e quando ouvir. Devemos reconhecer que ótimas mentes já combateram esses problemas, e respeitar os profissionais e pensadores que já construíram o caminho antes de nós.

O que vem agora?

Hoje eu incito a nossa comunidade a transcender o comercialismo trivial, mas tomando cuidado com o perigo da arrogância. Então, suponho que estou defendendo o meio termo. Radicalismo racional. Ambição com humildade. Quão terrivelmente britânico da minha parte.

Para mim, o futuro do UX é multidisciplinar e pluralista. O design da experiência do usuário pode coexistir com outras disciplinas. Ele precisa agregá-las, apesar de precisar de fato as subverter.

Em vez de construir paredes em volta de domínios, deveríamos perseguir os problemas e suas soluções até onde eles levam, desafiando as disciplinas. Ao longo do caminho, iremos encontrar outras pessoas que pensam da mesma maneira e dividir nosso pensamento oblíquo.

Esses parceiros, sejam quais forem suas disciplinas, irão se provar aliados tão valiosos como nossos amigos. Assim, quando tivermos problemas que o design não poderá resolver – e existem muitos deles – teremos aliados que poderão nos ajudar a navegar em volta deles.

Um futuro possível

Eu pintei um cenário do líder da experiência do usuário, mas sei que esse não é um papel que vai interessar a todos. Os profissionais estão no coração da disciplina, então me permita finalizar com uma ficção especulativa; uma olhada nos níveis da nossa indústria em alguns anos.

A frase “experiência do usuário” ainda tem validade, mas ela se tornou um quadro de referência comum, e não um cargo. Os princípios do UX escoaram para a corrente sanguínea de todo designer competente.

Alguns de nós oferecem nossos serviços fora do domínio digital, criando serviços completos em domínios ecléticos. Outros preferem que o escopo de seu trabalho seja específico para certos produtos e mídias: digital, web, e assim por diante. No entanto, o espaço entre as duas abordagens está diminuindo. A distinção entre produtos e serviços está acabando, e a maioria dos produtos não-triviais tem um serviço digital como componente. Muito poucos produtos existem puramente offline.

É provável que olhemos para trás com um olhar saudoso dos tempos atuais, o apogeu da comunidade UX, antes de seu escopo e de sua escala se tornarem muito grandes para serem coesos. E muitos de nós iremos olhar para trás com carinho para a web livre e aberta, criada por nerds visionários para encorajar o fluxo livre de informação. Em vez disso, veremos novamente uma paisagem com um “jardim murado” em volta, o navegador web terá falhado em sua missão de se tornar uma Plataforma Verdadeira, e os abusos das regras e da privacidade pelos governos e pelas empresas estarão mais perigosos que nunca. Mas a tecnologia digital terá finalmente chegado ao ponto de ser um único meio verdadeiro, abrangendo dispositivos e canais, e se infiltrando no cotidiano das pessoas em centenas de maneiras.  

Os problemas mais interessantes e complexos desta era envolvem a arquitetura da informação. As promessas e a teoria do ubicomp (ubiquitious computing) estão finalmente se tornando reais, do seu jeito natural e desajeitado. Na medida em que os dispositivos, os dados e as pessoas se tornam cada vez mais interligados, existe uma grande quantidade de IA sendo praticada. Muitas pessoas não o chamam de IA, mas tudo bem. O trabalho é o que interessa.

Existe um IA Summit? Eu não sei. Mas ainda existe uma próspera comunidade de pessoas combatendo esses desafios e, entre a frustração e a “coceira na cabeça”, existirão importantes descobertas genuínas, que ajudarão as pessoas a construir, a compreender e a viver os espaços de informação nas suas formas mais interessantes.

Na medida em que os praticantes exploram as fronteiras da indústria, em algum lugar, um designer apaixonado pelo UX aqui – ou talvez em outro país, abstraído com essas palavras – será nomeado o CEO de uma empresa, em vez de uma firma de design. E eles estão sistematicamente acabando com os competidores. Eles congregaram os fragmentos que se sobrepunham à compreensão do usuário em corpos holísticos e bem compreendidos de conhecimento, exatamente como Lou explicou. Eles tentaram criar um valor pessoal em vez de lucro, e agora estão sendo recompensados com ambos. Poucas pessoas fora de sua vertical específica estão prestando muita atenção nisso, mas não vai demorar muito para que elas sejam abordadas por pessoas querendo saber o seu segredo. Um balanço global para uma nova mentalidade de negócios sustentáveis centralizados nas pessoas está a caminho.

Encerramento

Apesar do território árduo que temos à frente, essa comunidade me deixa otimista com o futuro da tecnologia e até do mundo. É muito excitante estar entre pessoas tão inteligentes e interessadas, e ser capaz de dividir meus pensamentos sobre o futuro da nossa indústria, e eu agradeço a todos por esta oportunidade.

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Texto original disponível em http://www.cennydd.co.uk/2011/fall-and-rise-of-ux/