Design & UX

20 out, 2017

4 Desafios ao projetar simuladores – Lições do Projeto CardioSIM

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RESUMO: Neste artigo destacarei alguns desafios envolvidos no design de simuladores e como game designers podem solucioná-los. Farei isso baseado na minha experiência recente de participar do design do CardioSIM, um simulador de ressuscitação cardiorrespiratória.

Sobre o CardioSIM

Em 2017 tive a oportunidade de participar da criação de um simulador para a área da Saúde. O CardioSIM tem por propósito ensinar o protocolo correto de tratamento a um episódio de parada cardiorrespiratória. Desenvolvido pelo DOT digital group, Florianópolis, em parceria com a REDEC, de São Paulo, e testado pelo pessoal do INCOR, o simulador foi feito tanto para profissionais de Saúde quanto de Segurança, podendo ser aproveitado para o público em geral, também.

Na imagem acima: a perspectiva em 3ª pessoa de um episódio de parada cardiorrespiratória

Cheguei a escrever, juntamente com o Rudy Neder Rocha, da REDEC, um artigo sobre o CardioSIM que foi aceito na SBGames deste ano. Apresentarei o material dia 3 de novembro, em Curitiba.

No artigo de hoje, compartilho com vocês quatro dos principais desafios em termos de Game Design envolvidos nessa experiência, e como eles foram superados

Desafio 1 – Simulador não é game

A linha entre simuladores e games é tênue e até móvel. Mas, a grosso modo, games são feitos para divertir e simuladores para, com realismo, promover alguma mudança comportamental. Ao projetar um simulador pode ser que um designer inexperiente se preocupe em torná-lo divertido. O fato é que essa é uma má escolha (quase sempre). Simuladores devem primar pelo realismo: retratar situações para fins educacionais. Você não está projetando uma experiência que deve ser divertida. Ela pode até gerar algum prazer para o usuário que percebe que está aprendendo algo, claro. Mas se precisar escolher entre deixar o simulador aprazível e empolgante de um lado, e educativo e realista por outro, escolha sempre a segunda alternativa.

Logotipo do CardioSIM

Desafio 2 – Design por Comitê

Quando se projeta um simulador é necessário se ater a alguma descrição da realidade simulada. Em outras palavras, ele precisa atender a critérios de algum protocolo instaurado, e isso pode tornar seu projeto complicado e moroso. No caso do CardioSIM foi realizado um verdadeiro design por comitê. Isto é, enquanto game designer eu tive pouca margem para fazer o CardioSIM como eu pensava que seria o melhor, sendo que precisei me ater a decisões de médicos e as exigências que faziam sobre como o simulador deveria ser. O processo de fazer o simulador foi menos criativo e mais consultivo. O que implica, por exemplo, uma rotina de trabalho diferente para o game designer: muitos documentos compartilhados, reuniões de validação e consultas para fechar a documentação.

Desafio 3 – Testes

Testes já são importantes em games. Quando o assunto é fazer um bom simulador testar costuma ser mais importante ainda! Desde a concepção o CardioSIM foi avaliado por profissionais de Saúde, incluindo médicos que o experimentaram detalhadamente e geraram listas e mais listas de demandas de melhorias. Se for projetar um simulador tenha um ótimo cronograma de testes planejado.

Desafio 4 – Contexto de uso do simulador

Games têm tutoriais sobre como funcionam. Simuladores, por sua vez, precisam ser feitos levando em conta que serão usados como parte de um processo maior. Um processo de ensino. No caso do CardioSIM isso se expressa pela forma de como o simulador avalia a performance do usuário. Avaliação essa que pode ser usada como prova em um curso, e também gera feedbacks para melhorias e estudos subsequentes. O fato é: ao projetar um simulador pense como ele se encaixará em um sistema educacional qualquer, seja online ou offline, presencial, a distância ou misto.

Gostou desse artigo? Curta, comente e compartilhe e assim escreverei mais sobre design de simuladores!