Oi, pessoal !
Aqui com vocês, enfim, o resultado da pesquisa que começamos em fevereiro. O objetivo era descobrir o que motiva os brasileiros interessados em estudar e trabalhar com games.
Antes, três pontos a destacar:
- A nossa pesquisa enfatizou o perfil motivacional de quem quer produzir jogos. Nesse sentido, difere desta recente pesquisa, que era sobre o consumo de games;
- A pesquisa relatada aqui é uma continuação da que fiz em 2016, com as turmas de Games da UNIVALI, de Florianópolis. Na ocasião, apresentei os resultados no formato de um artigo no I SLAT Jogos. Você entenderá mais a presente pesquisa se conhecer a de 2016. Para isso, basta baixar o artigo clicando aqui;
- A atual pesquisa fiz com a ajuda do Fabiano Naspolini, aqui do Fábrica de Jogos, e renderá um artigo acadêmico a ser publicado em breve.
Ditos esses três pontos, vamos ao que interessa!
Amostra obtida
Depois de 2 meses de coleta de dados, tivemos 210 participantes de 85 cidades de todas as regiões do país. Essa quantidade de pessoas que respondeu ao questionário confere ao resultado aproximadamente 7% de margem de erro, com 95% de nível de confiança, na hora de generalizar resultados para toda a população de criadores de games no Brasil.
Quem é o criador de games no Brasil?
Se fôssemos transformar nossa amostra em um personagem, levando em conta a maioria de votos para estabelecer produtos, teríamos:
- Um homem (88%);
- de cerca de 26,5 anos (média);
- formando ou formado no Ensino Superior (74,6%).
A partir daí, os resultados diferem bastante, como veremos a seguir.
Engajamento na carreira com games
Foi perguntado: “Qual o seu interesse em uma carreira com games?”. As respostas foram bastante divididas:
Cerca de 1/3 dos respondentes está de fato envolvido com games. Isto é, trabalhando, estudando ou tocando um negócio da área.
Como você se informa sobre a carreira com games?
Os resultados apontam certa informalidade:
- 85,7% consegue informações pelo YouTube e redes sociais;
- 70,5% por meio de portais na internet;
- 64,8% conversando com amigos;
- apenas 13% discute com colegas de trabalhos;
- contudo, 40% afirma frequentar eventos sobre games.
Com que você quer trabalhar ?
Os mais votados:
- Game Design: 77%;
- Desenvolvimento de software: 53%;
- Level Design: 47%.
Os menos votados:
- Áudio: 18,1%;
- Testes: 25,7%;
- Animação e Ilustração (empatados em 31,4%).
Levando-se em conta que Level Design é uma especialidade de Game Design, então podemos dizer que a maioria dos profissionais tem interesse na parte criativa (Game Design) e em botar a mão na massa programando. Por outro lado, a área de criação de áudio mostrou-se a menos procurada talvez pelo aspecto altamente especializado da mesma, que muitas vezes não faz parte de pequenas empresas de games. Já os testes, bom, eles tendem a ser vistos como “o patinho feio” da empresa, não?
Agora, sobre animação e ilustração, confesso que fiquei surpreso. Dado o grande número de interessados na parte de “arte” dos jogos, talvez isso denuncie que a amostra estava viciada por interessados em Desenvolvimento de Software que responderam à pesquisa. Ou talvez queira dizer outra coisa que ainda precisa ser investigada, como uma possível queda na procura por essa área.
O que te motiva a trabalhar com games?
As 3 motivações mais votadas foram:
- Ter a oportunidade de criar coisas interessantes;
- Desenvolver maestria técnica;
- Receber reconhecimento como profissional.
As 3 menos votadas:
- Obter status na sociedade;
- Ter um emprego seguro e estável;
- Gerenciar pessoas e processos.
Então, lembram do nosso personagem criado a partir da pesquisa? Ele seria um cara bem criativo e competente que quer a companhia de outros criativos e competentes que reconheçam a capacidade dele. Ah, e ele não liga se não será respeitado pela avó que queria que ele fosse médico. Tampouco faz questão de emprego onde chega as 8h e sai as 18h todo dia, com salário garantido no final do mês. Ele topa arriscar e fazer algo diferente disso. Uma coisa que ele não curte muito é a papelada administrativa, diga-se de passagem.
Quão convicto você está nessa de games?
Pois é, nosso amigo tá bem convicto, né?
Como você se imagina no futuro?
Vejamos:
- 51,4% disse estar muito otimista;
- 33,3% reconhece que pode ser difícil, mas que pode dar certo;
- 32% afirma que talvez tenha que mudar de cidade ou mesmo de país para trabalhar com games;
- 27% diz que fará games apenas como hobby ou carreira secundária;
- 4% diz que não faz a menor ideia, mas vai atrás de informações;
- 5% diz que não faz a menor ideia… e nem liga.
Em outras palavras, temos aí 1/3 da amostra que parece ser formada por hobbistas que manterão outros empregos. Mas há 1/3 ou mais que levará a sério mesmo a carreira como primária. O que me chamou a atenção foi o que parece ser um excesso de confiança: apenas 1/20 diz que não sabe ao certo. Será que toda essa confiança é justificada pelo crescimento atual da indústria de games nacional?
Mas não acabou ainda!
Gostou? Tem mais!
Eu e o Fabiano escreveremos um artigo onde mais detalhes serão revelados e bem mais discutidos. O plano é publicá-lo no segundo semestre de 2017 e torná-lo uma referência para quem esteja pensando em entrar na indústria de games, ou pensando em como criar um programa de ensino ou treinamento a respeito.
Até lá!