Gosto da tecnologia porque ela sempre muda, sempre se reinventa, e em
um ciclo mais rápido do que as outras áreas de conhecimento. Quem
trabalha, como eu, na área de desenvolvimento de sistemas e inovações
para web, vive isso no dia a dia.
A internet mudou tanto em tão pouco tempo – são pouco mais de 20 anos
de história – e não ficou apenas na tecnologia. Ela mudou nossa vida,
interferiu na nossa rotina e vai continuar mudando e interferindo. Posso
dizer que a maioria das pessoas não soube acompanhar esse ritmo ou
mesmo enxergar a relevância da rede em nossa vida.
Desde que começamos a interagir com a rede, Web 2.0, a internet de
fato virou uma mídia, tal qual a televisão, uma frase dita fora do
momento ou de maneira apropriada pode tomar uma repercussão
internacional. Uma mídia mais democrática, pois qualquer um tem a
palavra quando quiser. Antes havia como esconder-se por trás de
nicknames, não existia perfil (Orkut, Facebook, LinkedIn etc.) nem
canais de comunicação (Twitter, blogs etc.). Hoje não é tão simples ficar
só no nickname.
Recentemente um comentário (tweet) no twitter levou a demissão de um
executivo de uma grande empresa de hosting aqui no Brasil. O que foi
dito no twitter foi considerado grave o que em uma roda de amigos em um
bar teria sido considerado normal dado o momento. Por isso digo que as
pessoas devem entender que hoje a internet tem papel de megafone, e não
mais aquele de simplesmente ser um repositório de informação.
No final do ano passado o renomado jornalista Boris Casoy foi pego pela tecnologia, um microfone
ligado na hora errada, quando falava sua opinião, infeliz, sobre os garis
que festejavam o novo ano. Muitas pessoas o criticaram de uma forma
pesada e desnecessária. Todos nós erramos e erraremos – e que jogue a
primeira pedra aquele que nunca falou uma frase desse tipo entre amigos.
A opinião de Boris Casoy foi infeliz dado ao momento, ao operador de áudio e à
tecnologia que permitiu tamanha repercussão.
O programa CQC, da Band, usou um GPS instalado em uma TV doada à
prefeitura de Barueri para mostrar o verdadeiro destino da doação. O
equipamento foi afanado por uma funcionária da escola onde a TV deveria
ter ficado. O rastreador mostrou, em detalhes, quando a televisão era
ligada/desligada e o endereço da residência. O prefeito, depois de ter
impedido via ação judicial que as imagens fossem ao ar – o que
posteriormente foi revogado pela justiça -, deu uma declaração totalmente
mal educada, desqualificando o programa. Alguns dias depois, a filha do
prefeito de Barueri ameaçou um colega de expulsá-lo da faculdade por
ter feito piada com a situação do pai; a ameaça foi gravada por uma câmera escondida e foi
parar no Youtube.
Quantas reportagens e matérias publicadas já abordaram a
empregabilidade de uma pessoa versus o seu perfil nas redes sociais?
Mesmo assim, não raramente, quando analisamos um currículo e
posteriormente o perfil do Orkut ou Facebook, que em alguns casos
consta no próprio currículo do candidato, nos deparamos com comunidades
que pregam racismo, violência, falta de respeito e/ou preguiça.
Acredito que tudo isso acontece hoje porque, no passado, a mídia vendeu
que na internet podíamos ser quem quiséssemos, até um super herói. A
fábula acabou e descobrimos que não é bem assim.