Carreira Dev

19 mai, 2010

Qual o melhor Cloud Computing no Brasil? Nuvem aqui é fumaça

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O Cloud Computing chegou no Brasil como a
Fórmula Indy: alardeado na mídia e promovido pelas grandes empresas
interessadas. Na hora da largada, aquele momento onde você passa o
cartão de crédito, vêm a surpresa e a decepção acompanhadas do
doce-amargo sabor da verdade: fui enganado e só vi poeira.

Claro que essa sensação é para os
técnicos. Os leigos simplesmente compram o frango e o guaraná e pensam que
levam um bacalhau e uma Clericot.

O que é Cloud Server?

CloudServer nada mais é do que a
evolução dos servidores virtuais. Uma cloud tem como características
básicas e fundamentais: espaço em disco ilimitado e capacidade de
crescimento ou diminuição do processamento e memória RAM de forma
instantânea.

A história resumida do Cloud Computing

Os servidores virtuais antes eram
limitados ao seu próprio tamanho e para modificar era necessário fazer
um novo deploy. A VMWare, umas das grandes de tecnologia em
virtualização, colocou a equipe de engenharia para trabalhar e lançou um
upgrade, onde é necessário apenas o reboot do servidor. Além disso, os
servidores virtuais passaram a armazenar suas informações em storages e
então surgiu o CloudServer.

Cloud Computing fora do Brasil

Hoje a GoGrid é, sem sombra de dúvidas, a
referência em Cloud Computing. Sua tecnologia permite que você
administre a nuvem em uma interface simples, amigável, totalmente web
2.0. Com o arrastar do mouse é possível realizar o deploy de servidores
virtuais e dedicados (físicos), criar storages (armazenamento) e ainda
realizar Load Balancing com os servidores da nuvem; tudo em poucos
minutos e cliques.

O mais interessante é que você paga pelo
que você usa. Não há mensalidade fixa e o preço é justo e muito
inferior ao praticado no Brasil. Existem alguns pacotes mensais que
reduzem o custo e valem a pena também quando você tem dimensão mínima de
quanto vai consumir.

Claro que não seria possível praticar os
preços de lá aqui em nosso país, que além de não produzir a tecnologia
de hardware necessária, cobra impostos altíssimos. Porém, em se tratando
de software, o Brasil tem condições e potencial para oferecer o melhor, e é
nesse ponto que começamos a história de ficção.

A realidade brasileira

No Brasil, o cloud computing é tratado
como hospedagem. Você paga uma mensalidade por um pacote, que às vezes
pode ser personalizado. O deploy de servidores demora em torno de 3 dias
e é feito mediante a solicitação de serviço (chamados). O valor é um
pouco salgado, dados os impostos praticados sobre os equipamentos
importados, já que o Brasil não fábrica a tecnologia, tão somente, às
vezes, monta as peças chegadas do exterior.

Enquanto no modelo estrangeiro você
consegue ter desempenho dinâmico, ou seja, se você por acaso tiver uma
demanda inesperada na sua aplicação, em 10 minutos você terá quantos
servidores quiser à disposição e funcionando para suportar a nova
demanda. No modelo brasileiro, você abre um chamado e aguarda
pacientemente ou liga na central de atendimento esmurrando virtualmente o
primeiro atendente e implorando por uma solução mais rápida.

Normalmente, esse mesmo atendente irá
sugerir que você simplesmente aumente a capacidade do seu servidor
virtual e dê um reboot para que as alterações entrem em vigor. O que não
faz sentido algum, pois quando a demanda inesperada esgotar, você ficou
com a conta mais gorda para pagar no final do mês. Enquanto isso, no modelo
estrangeiro você simplesmente remove o servidor virtual extra com um
clique e paga pelas horas que de fato utilizou.

Lembrando que disponibilidade faz-se
verdadeiramente elevando o número de entradas (servidores), e não da
capacidade individual de um servidor; e posteriormente atrelando-se a um
Load Balance para equalizar as demandas por servidor.

Pois bem, no Brasil Load Balance ainda é
coisa do futuro, não vi e não encontrei nenhuma empresa de hosting que
ofereça. Ou seja, Load Balance? No Brasil? Monte uma estrutura dedicada e
compre o equipamento você mesmo.

Além disso, as principais fabricantes
para Cloud Computing (Intel e VMWare) disponibilizam APIs para
desenvolvimento de aplicações de gerenciamento do hardware. Pergunte-se
agora por que, então, as maiores empresas de hosting que oferecem esse
serviço não têm um painel onde você mesmo pode fazer o deploy da sua
infra-estrutura. A resposta é simples: é mais fácil desenvolver um
painel que envia um e-mail ou abre uma OS no helpdesk do que contratar uma fábrica de
software
e oferecer um serviço de qualidade para o cliente final.
Além disso, é mais “vantajoso” colocar um caminhão de dinheiro na mídia
(TV, Radio, Revista e Jornal) do que oferecer tecnologia e flexibilidade
ao cliente.

Essa semana visitei uma empresa
brasileira que está desenvolvendo uma solução muito parecida com a
GoGrid. Se de fato oferecem as mesmas condições ou próximas a isso como
as estrangeiras, serei o primeiro a anunciar. Mas por enquanto não
recomendo a contratação de Cloud Computing no Brasil.

A “tecnologia do futuro” ainda é futuro
no Brasil.