Carreira Dev

9 mai, 2022

Apagão de profissionais de TI: a saída está na educação

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O Brasil ainda tem mais de 12 milhões de desempregados, 11,2% da população economicamente ativa. E, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 30% dessas pessoas estão em busca de uma vaga há dois anos ou mais, um número recorde.

A matemática é bem simples. Quem tem uma melhor qualificação fica desempregado por menos tempo, enquanto as que ‘sobram’ no mercado de trabalho são aqueles com pouca experiência na área pretendida ou estudo.

Outro dado desanimador é que, entre os meses de fevereiro de 2020 e 2021, a renda média do trabalho diminuiu 8,8%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Uma área em que não há crise de empregos é a de Tecnologia da Informação. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) indicam que até 2025 serão 797 mil vagas criadas para programadores e desenvolvedores, entre outras carreiras.

Ao contrário, faltam candidatos para ocupar tantas oportunidades de trabalho no Brasil. A mesma pesquisa da Brasscom apurou que o déficit de profissionais pode chegar a 530 mil até 2025.

A situação ainda pode ser mais grave quando se coloca na equação as ofertas de empresas estrangeiras. Com a pandemia, o home office de uma vez por todas virou o novo normal e o movimento Work from Anywhere (trabalhe de qualquer lugar) ganha cada vez mais importância.  

Os profissionais brasileiros estão bem cotados, como é fácil perceber. E os salários são de fazer inveja: desenvolvedores seniores podem ganhar de R$ 12 mil a R$ 25 mil, muito mais do que gerentes e diretores da própria empresa.

Verdadeiras ‘moscas brancas’ no mercado, esses profissionais se aproveitam da boa e velha lei da oferta e da procura. Eles são (praticamente) disputados no tapa! Basta ver o LinkedIn de muitas empresas, que são totalmente voltados para a atração desse tipo de talento. Eu mesmo tenho dificuldades de encontrar pessoas disponíveis no mercado para os meus projetos.

A saída é uma só: educação.

O começo é conscientizar profissionais que já estão no mercado de trabalho que é possível migrar para o desenvolvimento e programação, tendo chances de uma remuneração melhor. Cursos confiáveis e práticos para aprender e dominar linguagens usadas no setor como Java, Phyton, React.JS ou SQL não faltam.

Quando se pensa que, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cerca de 14% dos empregos são altamente automatizáveis ​​e outros 32% serão radicalmente transformados pelo progresso tecnológico… Quem disse que não se pode aprender novas habilidades?

Embora algumas funções se tornem automatizadas e outras mudem significativamente por causa da tecnologia, também reconhecemos que novos mercados, indústrias e empregos serão criados – alguns que nem podemos imaginar hoje.

A educação é um dos pilares da sociedade e o modelo de hoje não está pronto para o futuro. Esqueça o conceito de “emprego para toda a vida”, ele está morto. Com a velocidade das mudanças, há cada vez menos carreiras que se pode esperar que o conhecimento adquirido na escola ou universidade sejam úteis até a aposentadoria.

O modelo de educação precisa mudar para ontem. Quantas escolas nos anos 2000 priorizaram a programação como disciplina? E quantas o fazem hoje?

Embora se entenda que a programação de software é uma parte importante do currículo, as escolas que a adotam são poucas e restritas às particulares. A dificuldade no despertar do interesse para a tecnologia pode deixar duas ou mais gerações ainda na luta para encontrar trabalho.

A transformação digital é algo nativo para quem está na escola. E o currículo precisa ser atualizado de uma maneira universal, principalmente no ensino público. A educação é a única força que tem poder de catalisar a mobilidade social. À medida que os mercados de trabalho evoluem, fica claro que o futuro exige um sistema de ensino tão dinâmico quanto as tecnologias que surgem.

Muito ainda precisa ser discutido. Mas a mudança precisa acontecer agora.