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17 dez, 2009

Encurtadores de URL: uma disputa estratégica pela web em tempo real

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O mercado de “encurtadores de URL”, ou URL shorteners, foi sacudido esta semana por anúncios importantes. Para quem achava que os encurtadores eram só uma moda passageira ou um hack sem nenhum modelo de negócio sustentável, é hora de rever os conceitos.

O Facebook anunciou que está experimentando com um serviço de encurtamento de URLs próprio, chamado fb.me. No mesmo dia (15), o Google lançou um  novo serviço, o  goo.gl, que é um encurtador de URLs integrado com o Feedburner e o Twitter.
Pensando apenas no URL shortener, por que eles criaram seu próprio
serviço em vez de usar (ou comprar) um existente, como o bit.ly?

O valor estratégico dos URL Shorteners

Encurtadores de URL não são tecnicamente sofisticados e podem ser
programados facilmente. Isso explica parcialmente por que o Google e o
Facebook resolveram lançar o seu próprio serviço, mas não explica
a razão de terem usado recursos que poderiam ser aplicados em seu negócio
fim para implementar algo que poderia ser comprado ou simplesmente usar
recursos de terceiros. Qual é o valor estratégico desses encurtadores,
que justifica esse investimento?

O valor dos encurtadores ficou evidente com o surgimento dos
sistemas de busca em tempo real. Uma das principais aplicações dos
sistemas de comunicação instantânea – categoria ampla que cobre desde o
MSN até o Twitter – é trocar informações sobre sites e serviços online,
e isso é cada vez mais feito usando URLs encurtadas.

As URLs encurtadas representam, para a busca em tempo real, o mesmo
que a invenção do PageRank representou para a busca na Web dez anos
atrás. Na época, a grande descoberta do Google foi que poderia usar a
informação intrínseca das páginas  – seus links e referências mútuas –
para inferir a relevância das páginas, classificando-as por este
critério. Os URL shorteners são igualmente fundamentais para a busca em
tempo real: eles permitem que o provedor de busca intercepte a
informação de acesso a conteúdo de forma indireta. Com essa informação,
torna-se possível dizer qual é o conteúdo mais relevante em tempo real – sem que necessariamente você tenha que hospedar ou sequer indexar o
conteúdo.

A resposta do bit.ly

O principal serviço de URL shortening do mercado, o bit.ly, não poderia ficar parado, e respondeu imediatamente. O bit.ly Pro
é um serviço que permite que provedores conhecidos de conteúdo, como
por exemplo o New York Times, ofereçam URLs curtas customizadas com um
domínio associado à sua marca (no caso do NYT, o domínio é nyti.ms).
Além disso, o bit.ly anunciou um novo dashboard que apresenta
ao seu usuário informações em tempo real sobre o uso de suas URLs
encurtadas. É um movimento importante e que posiciona o bit.ly cada vez
mais como um provedor de serviços profissionais para publishers profissionais, de pequeno, médio e grande porte.

A competição entre os serviços

A competição entre os serviços de URL shortening promete ser feroz.
Existem vários critérios comparativos que analisam as vantagens de cada
um dos concorrentes:

  1. Conveniência. O bit.ly é, até agora, o campeão, pelo
    simples fato de ser o encurtador oficial do Twitter. Outros
    encurtadores (como o brasileiro migre.me)
    sofrem em comparação porque precisam ser acionados manualmente. Um dos
    grandes pontos a favor das novas ofertas do Google e do Facebook é
    justamente serem mais convenientes, por estarem integrados às
    respectivas plataformas.
  2. Capacidade de encurtamento. Em SMS e Twitter, cada
    caracter conta. Nesse campo, o fb.me começa ganhando com cinco
    caracteres, contra seis do bit.ly e do goo.gl. Mas é uma diferença
    pequena, que pode ser compensada pela forma de gerar as URLs. É uma
    disputa bem acirrada.
  3. Qualidade dos serviços. Os encurtadores atuais já
    vêm melhorando seus serviços gradativamente, mas devem ser pressionados
    fortemente pelos gigantes Google e Facebook. O anúncio do novo dashboard do bit.ly é um movimento nesse sentido.

O futuro está nas parcerias

Encurtadores de URL são ferramentas simples, e por mais relevantes
que sejam os critérios técnicos, eles podem não ser decisivos. Uma das
características que tornam esse segmento diferente é que o seu uso está
sempre associado a um outro serviço – MSN, Twitter etc. E por isso as
parcerias são fundamentais.

O bit.ly saiu na frente, mas precisa
manter essa dianteira. A relação entre o Twitter e o bit.ly é muito
próxima. Porém, se o Twitter optasse por outro provedor, ou permitisse
que os usuários escolhessem o seu provedor à vontade, as regras do jogo
mudariam completamente. Por isso a negociação é fundamental para manter
o equilíbrio do mercado. Novidades nessa área – com aquisições,
lançamento de novos serviços ou rompimentos de contrato – devem agitar
o mercado nos próximos meses. O Yahoo! deve se posicionar em breve,
possivelmente com algum serviço baseado no meme (um bom candidato seria
me.me). E a Microsoft com certeza irá entrar no segmento – seja com um
serviço próprio (msn.go?) ou comprando algum dos players atuais. A
disputa está apenas começando.