Tecnologia

10 mai, 2011

Desindustrialização tecnológica

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Nos últimos meses, soaram pelo menos dois alarmes que
apontam para um processo de declínio da inovação e da produção dos setores de
alta tecnologia no país.

No final de 2010, o IBGE liberou os dados da Pintec (Pesquisa
de Inovação Tecnológica) referentes aos dados coletados no ano de 2008. Essa
pesquisa, que teve resultados divulgados pela primeira vez no ano 2000, procura
acompanhar o processo de inovação nas empresas brasileiras.

A comparação dos resultados de 2008 com os de 2005 revela
que a taxa de crescimento do investimento das empresas em inovação tem se
mantido ligeiramente abaixo dos índices de crescimento da economia, fazendo com
que a fatia da receita dedicada a inovação diminua.

O número total de pesquisadores que atuam em atividades
internas de P&D, seja na indústria ou no setor de serviços, também vem
declinando – reduziu 8% no período entre as duas últimas edições da
pesquisa.

O único crescimento significativo revelado pela pesquisa é o
aumento do percentual das empresas que inovaram por meio da implementação de
novos softwares (que cresceu 59% no período). Infelizmente, o IBGE não estuda a
origem do software (se desenvolvido no país ou no exterior).

Outro sinal de alerta vem de recente estudo da Abimaq
(divulgado em janeiro de 2011), que revela crescimentos assustadores da
participação de produtos estrangeiros nos mercados de alta tecnologia. Por
exemplo, na área de equipamentos médico-hospitalares, a participação de mercado
dos produtos importados evoluiu de 24% para 65% entre 2004 e 2010. Na área de
eletrônicos, a variação foi de 28% para 56% do mercado total.

As causas desse processo são várias: o real valorizado
encarece as exportações enquanto torna as importações mais baratas. Além disso,
os custos locais de produção são pressionados pela alta carga tributária,
custos de logística, energia e mão de obra, levando as empresas a importar
componentes e inclusive produtos completos.

Do outro lado, a concorrência com os produtos importados
obriga as empresas a reduzir seus preços. Assim, elas passam a não ter mais
capacidade de investimento em inovação, e se transformam em revendedores de
tecnologia importada.

Se nenhuma medida for tomada, as tendências apontadas
tenderão a se intensificar, levando a um aumento da dependência tecnológica, e
a um desequilíbrio ainda maior na balança comercial do setor de tecnologia.

Sabemos que nenhum governo (federal ou estadual) defende
esses objetivos! Mas é preciso passar do discurso para a ação, antes que as
consequências do processo se tornem ainda mais dramáticas.