Marketing Digital

5 out, 2010

Curadoria de Conteúdo: o estado da questão

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Vamos falar a verdade bem claramente:
é entediante ficar lendo sempre as mesmas coisas na internet. Parece
que todo mundo – e quando eu digo todo mundo significa dizer
todo mundo como potenciais produtores de conteúdo replica, simplesmente e sem qualquer esforço, as notícias que
correm mundo afora. É tanta replicação que ou se perde o verdadeiro
autor (nem sempre propositalmente), ou se perdem os vínculos, as referências,
a ideia original do conteúdo.  

Isso é um sintoma da
Era do Excesso de informação. Temos liberdade, como nunca antes, para
fazer valer as representações mentais sobre nossos interesses; temos
ferramentas, que nos ajudam a formatar nossas concepções; e, finalmente,
somos influenciados por leituras, vídeos, músicas e um passarinho
azul que canta a cada três segundos no canto inferior direito da nossa
tela. 

Estamos com a faca e o queijo
na mão.

Não. Não estamos. 

O que o poder de replicação
vem fazendo nos meios digitais parece querer tornar nula nossa capacidade
crítica. Vamos fazer um exercício? Quando nos inspiramos nas ideias
de outros – seja por que elas têm vínculos com nossos interesses cativos,
ou por que também devem inspirar as pessoas que comumente nos seguem – antes de replicar, podemos pesquisar o estado da questão
dessas ideias.

Muito superficialmente falando (minimizando a importância
que o estado da questão tem para o universo acadêmico), investigar
o estado da questão é levantar quem mais está falando sobre o assunto,
a quê ele está relacionado, de onde partiu o conceito principal, que
referências esses autores usaram. Ou seja, pesquisar, analisar, conhecer
o assunto para, então, propor um conteúdo que se utiliza dessa pesquisa
como alicerce, mas que permite ao produtor de conteúdo colocar seus
comentários, sugestões, analogias e críticas originais na construção.
Dessa forma, levamos para nossos leitores um conteúdo completo, com
o essencial extraído de cada texto, pronto para consumo.  

Essa é uma tendência
na produção de conteúdo digital. Uma forma de se diferenciar das
réplicas desmedidas e mostrar que há inteligência, capacidade de
discernimento e faculdade de julgamento por trás daqueles caracteres.
É o que Jamie Beckland apresenta como Curadoria de Conteúdo,
uma proposta de conquistar reputação utilizando conteúdo de outras
pessoas em um contexto mais elaborado. Beckland diz que “não é roubar
o conteúdo alheio e colocar no seu site”, mas “filtrar, rever”
eleger os melhores e publicar, com ou sem a sua intervenção. 

Eu tenho um amigo na Grécia
(e que é grego) que faz isso. Todos os dias ele olha os vídeos mais
legais indicados pelo Vimeo e publica no seu blog http://thecuriousbrain.com/
. Mas não é só isso. Ele também assiste a clipes de suas bandas favoritas
e publica os “amazing”. Como ele trabalha com publicidade
numa agência, ele também está ligado, claro, a números e a novidades,
e ele coloca no blog apresentações do slideshare sobre esses assuntos.
Ele também curte ilustrações bacanas e publica partes de portfólios
de artistas de todo mundo. E, pra finalizar, ele curte uma “frase do
dia” – bem mais inspiradora do que aquelas do Orkut. Diariamente,
eu sei que vou encontrar cinco novos posts no The Curious Brain que
passaram por um filtro de qualidade e que vão economizar o tempo que eu
levaria na busca por inspiração ou por informação. 

Falando em tempo, para Beckland,
o problema mais importante não é a replicação, e sim o
tempo. Porque os produtores nem sempre têm muito tempo disponível para
produções de conteúdo original e talvez por isso acabem optando pela
réplica amarga que temos que engolir diariamente, como a única forma
de manterem seus blogs atualizados. A curadoria, então, seria uma forma
inteligente de mostrar o estado da questão dos temas abordados, de
manter a agenda de publicação nos blogs, de construir reputação
dos blogueiros e de arregimentar mais seguidores. 

Para finalizar: as empresas
vêm, há algum tempo, investindo em blogs corporativos como uma maneira
de tornar mais direta a comunicação com os clientes. Ser “aberto
e flexível” está na pauta das empresas no esforço de conquista
e de retenção de pessoas. Pensando dessa forma, investir em curadoria
de conteúdo como forma de manter esses blogs corporativos talvez fosse
uma excelente oportunidade para “ficar ainda mais bonito na foto”,
não é mesmo? #ficaadica.