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29 abr, 2015

HTML5 é uma recomendação. E agora?

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Em outubro do ano passado pudemos acompanhar um momento muito importante para a Web. Não foi somente seu aniversário de 25 anos ou os 20 anos do W3C. No dia 28 de outubro de 2014, a documentação do HTML5 ganhou o status de “W3C Recommendation”. Mas o que muda realmente na nossa vida com isso? Por que é importante que essa documentação tenha o status de Recomendação, se ela já era amplamente utilizada e implementada em milhares de websites há anos?

Sem pensar muito, você poderia simplesmente responder “e daí que virou uma recomendação?” ou simplesmente “não mudou nada na minha vida”. Pensando friamente na pergunta, para um desenvolvedor que já trabalha com HTML5 há anos, o impacto desse documento em se tornar uma Recomendação parece não mudar nada em sua vida. Na verdade, não são mudanças, e sim a consolidação de uma tecnologia que o mercado escolheu. Quando falo mercado, não estou somente me referindo aos desenvolvedores, mas a empresas e profissionais que decidiram usar o que o HTML5 trouxe de novidade para uma Web em crescimento.

A implementação do HTML5 pelos navegadores (e, claro, pelos websites) já vinha acontecendo há muitos anos. Desde os primeiros esboços do documento, debates e idas e vindas com o WHATWG, os navegadores gradualmente foram incorporando recursos, algumas vezes de forma experimental e outras de forma definitiva. Em meados de 2010, testes de determinadas características do HTML5 só podiam ser feitos na última versão do navegador Opera. Mas que garantia a Opera tinha de que esses recursos iriam permanecer na documentação final?

Não é uma questão de garantia, e sim da participação na construção de um padrão. Os principais players do mercado de navegadores contribuíram para a construção e a evolução do HTML5. A forma de construir esse padrão é a chave de um processo colaborativo e livre. Defender que determinada característica deve permanecer ou não na documentação final faz parte do processo democrático de construção de um padrão global.

A Recomendação agora é um documento estável e não corre risco de mudanças. As evoluções e as mudanças virão com a próxima versão da linguagem de marcação. Isso dá ao mercado argumentos para implementar um determinado recurso de forma mais confiável. Eu explico.

Imagine uma grande empresa que vai reformular todo seu website. Essa empresa precisa de um documento de requisitos robusto e estável para tomar a decisão de implementar determinados recursos. Não dá para trazer apenas um relatório com uma lista de browsers e as tabelas do “Can I Use” para um projeto de grande porte.

Enquanto o documento não for uma versão estável, muitas empresas ainda poderiam não se sentir seguras para migrar para o HTML5 (acredite, esse argumento existe). O desenvolvedor que está acostumado a implementar esses recursos em todos os websites de seus clientes, vendendo inovação e mostrando que acompanha o que o mercado vem implementando, hoje tem um argumento sólido para convencer seu cliente mais conservador a utilizar novas APIs ou elementos semânticos em seu código.

Essa segurança para o mercado é importante para dar mais respaldo ao desenvolvedor para oferecer ao seu cliente um determinado recurso, afinal, a decisão de adotar uma determinada tecnologia envolve custos. Vale lembrar que no documento do HTML5 de fevereiro de 2014, quando seu status já era de Candidate Recommendation, os elementos <dialog>, <details> e <summary> e diversos input types, como <input type=color>, <input type=datetime>, <input type=month>, <input type=week> e <input type=time> corriam o risco de ficar fora da especificação final. Desses mencionados, somente <input type=time> e <input type=color> permaneceram no documento. Os demais foram movidos para a versão 5.1 da linguagem de marcação, que tem seu status como “Working Draft”.

A batalha pela evolução da Web continua, lutando contra sistemas legados e navegadores desatualizados. Com a evolução da documentação, não só do HTML, mas também do CSS e de outras tecnologias do W3C, ganhamos força e munição para desenvolvermos uma Web muito mais rica e cheia de recursos, e de uma forma não somente experimental. A Web moderna deve fazer parte da realidade de todos, desde o desenvolvedor visionário e cheio de ideias no uso das novidades dos padrões até as empresas tradicionais com processos burocráticos e demorados de homologação de desenvolvimento.

Por esse motivo, devemos, sim, comemorar o status do documento HTML5 de “W3C Recommendation” e participar cada vez mais da construção desse e dos demais padrões. Eles são desenvolvidos por quem realmente se preocupa com a evolução da Web: nós mesmos.