Os efeitos do suporte a conteúdo em Flash sobre os navegadores de dispositivos móveis, como smartphones e tablets, são bastante conhecidos – e criticados há anos.
Questões como o impacto sobre o desempenho, a duração da bateria ou até mesmo a temperatura dos aparelhos são comuns, embora isso não tenha impedido determinados fabricantes destes dispositivos – em especial entre os tablets Android – de anunciar o suporte a Flash como um diferencial positivo de seus produtos.
Mas a realidade da existência de aparelhos que rejeitaram a inclusão deste plugin e acabaram respondendo por uma fatia considerável do tráfego web gerado por dispositivos móveis é inescapável, e certamente ajudou a moldar o planejamento dos desenvolvedores de conteúdo e de aplicações web, a ponto de tornar evidente uma tendência de adoção de tecnologias alternativas, como o HTML 5, que além de não criarem os mesmos problemas ainda contam com a vantagem de serem baseadas em especificações abertas e acessíveis por todos os interessados.
Mais do que isso: a nova geração de sites e apps em HTML5 e similares tem a vantagem de rodar em navegadores comuns, sem precisar instalar ou manter atualizados plugins de terceiros, e com compatibilidade plena e nativa nas principais plataformas: até mesmo aquelas que destacavam em comerciais de TV o seu suporte a Flash.
Este movimento em direção a padrões e ferramentas abertos me parece positivo para todos os envolvidos. Aliás, quase todos: as empresas que tinham no Flash em si o seu ganha-pão, ou ao menos que o tratavam como um elemento central de seu negócio, certamente tinham razões para tentar evitar, ou até mesmo para negar a existência, desta reação que se desencadeou ao longo dos anos recentes.
Mas na última quarta-feira o último bastião de negação se rendeu: a própria criadora e fornecedora do Flash capitulou no campo de batalha móvel e anunciou que esta tecnologia vai passar a se concentrar no mercado desktop.
No anúncio, a empresa reconhece que o suporte a HTML5 nos navegadores de todas as principais plataformas móveis faz dele o melhor suporte para criar e entregar conteúdo nos navegadores móveis, e assim decidiu passar a contribuir mais intensamente com este padrão.
Os desenvolvedores Flash para navegadores móveis não ficarão completamente órfãos, entretanto: antes de se retirar, a empresa pretende oferecer uma forma de os desenvolvedores empacotarem seus produtos na forma de apps para inclusão nas lojas e repositórios das principais plataformas.
Fica, portanto, o convite aos desenvolvedores web acostumados a tantos anos de dominância do Flash: não façam como a desenvolvedora da plataforma, que insistiu nela até não ser mais possível continuar, e agora vai ter de realizar esforço extraordinário para aderir aos padrões abertos.
Abracem o HTML5 desde já, em todas as plataformas suportadas, e conquistem não apenas a sua independência, mas também um novo grau de liberdade que só os padrões abertos podem oferecer!
Artigo publicado originalmente no Blog developerWorks Brasil