Muito tem se falado da popular resolução de vídeos 4K, que existe em televisores digitais e em cinema digital. O termo refere-se à densidade total de pixels na tela, ou seja, 8.3 megapixels, 3840 × 2160 pixels, quatro vezes mais que o padrão Full HD, que é de 2.1 megapixels.
A resolução 4k é apontada como a resolução limite para um televisor doméstico, uma vez que seriam necessários equipamentos cada vez maiores para exibir resoluções além dessa faixa. Segundo o oftalmologista da Unifesp, Paulo Schor, a resolução 4k pode ter superado o limite para o olho humano. A relação entre o olho humano e as telas de alta resolução é muito pequena. Mas, ainda assim, alguns parâmetros podem medir mais ou menos quanto o olho humano enxerga: o primeiro é a capacidade de detecção de dois pontos, o chamado mínimo ângulo de resolução visual, e o segundo é a luminosidade mínima captada pelo olho humano.
Além disso, é preciso levar em conta o campo visual que nós temos. Considerando uma série de variáveis de cálculo e nosso ângulo de visão de 120 graus, chegou-se ao valor de 576 megapixels – esta seria a resolução máxima que poderíamos enxergar. Mas como telas são diferentes do olho humano, é inegável que em breve vamos realmente atingir o limite aproveitável de uma tecnologia como essa, pelo menos para uso em nossas casas.
Confira na imagem abaixo a diferença em resolução das tecnologias de vídeo existentes versus a tecnologia 4k:
O importante mesmo nessa história, na qual as resoluções de vídeo são cada vez maiores, é o armazenamento e a transmissão de dados necessária para atender a essa tecnologia.
Outdoors e monitores 4k de última geração são amplamente utilizados em partidas de jogos, shoppings e centros de compras, onde as telas são maiores e o público está mais distante da tela. É questionável o uso de tecnologias 4k para smartphones, tablets e relógios inteligentes.
Há algum tempo, Dave Evans, chefe do grupo de soluções de Internet da Cisco, previu que a capacidade de armazenamento de cinco exabytes, criada em 2008, – o equivalente a um bilhão de DVDs – se tornaria rapidamente obsoleta devido ao alto tráfego de dados em vídeo. Como o montante de informação criado atualmente gira em torno da casa de 1,2 zettabytes (10²¹ exabytes) e muita da informação criada neste momento já é multimídia, a previsão de Dave é que em breve 90% do tráfego na web sejam vídeo (o que pode ser questionável…). Assim, a era do zettaflood demandará muito das redes.
É claro que lá fora já são comercializados equipamentos munidos da tecnologia 4k, como ultrabooks, TVs inteligentes, tablets e monitores, há bastante tempo. Na feira CES de 2012, grandes marcas já traziam esses dispositivos, e a comoção pela novidade foi enorme. A Copa do Mundo foi a mola propulsora da tecnologia 4k no Brasil. Era uma época em que o dólar estava relativamente acessível, o que facilitou a importação e as aquisições das novíssimas TVs OLED com tecnologia 4k e também nos moveu alguns passos adiante no que tange à transmissão de vídeos 4k através da grande rede.
Provedores de conteúdo como a Netflix já estão adaptados (em grande parte) para exibir vídeos em 4K (o público internacional já se beneficia disso diretamente), tanto no que se refere ao alto tráfego de seus servidores quanto no formato da resolução para exibição de seus filmes.
Os recursos necessários para a exibição de vídeos 4k em streaming e a grande capacidade de armazenamento desse conteúdo que possui GBs de tamanho são desafios constantes. Melhorias na velocidade de acesso ao conteúdo armazenado com melhor indexação são uma das principais necessidades. O espaço de armazenamento deixou de ser um grande problema, uma vez que se tornou produto de baixo custo. Já o link, que garantiria a alta velocidade necessária para acesso ao conteúdo, ainda é um problema. A velocidade de conexão brasileira está muitíssimo abaixo do esperado em termos de evolução. Enquanto muitos experimentam conexões em gigabit em suas casas fora do Brasil, ainda apanhamos de conexões na casa dos MB e que não são entregues em sua totalidade (contratualmente, e com a conivência dos órgãos reguladores, para completar).
É importante ressaltar que já está em pleno uso a tecnologia de vídeo 8K (o dobro da resolução 4k, obviamente). As câmeras para a tecnologia 4K foram lançadas em 2013 e, muito em breve, é possível que a tecnologia 8k apareça por aqui (para usuários finais, é bom lembrar que sérios problemas com os preços dos equipamentos serão experimentados), mesmo que seja questionado o uso real dessa tecnologia por usuários domésticos, já que o olho humano não consegue distinguir diferenças entre tantas cores, fato que já foi levantado quando do surgimento da tecnologia 4k.
Confira na imagem abaixo a diferença em resolução das tecnologias de vídeo existentes versus a tecnologia 8k:
Para onde vamos em termos de evolução das tecnologias de vídeo? A aposta de empresas de streaming de conteúdo é alta. Vamos acompanhar!
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Texto publicado originalmente na Revista iMasters.