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As ferramentas e redes sociais que hoje fazem parte da vida de milhões de usuários conectados com a grande rede trouxeram, como todos já sabem, facilidade imensa em produzir conteúdo, ver e dar nota aos trabalhos de outros membros colaborativos e deram, ao cidadão “comum”, a grande oportunidade de publicar e “viralizar” qualquer conteúdo bom e relevante.

Bom e relevante?

Não, a voz do “povo” não deve ser considerada sempre soberana, pois não foram poucos os momentos onde a humanidade, em seus mais diversos cenários, produziu, defendeu e até mesmo afundou todo um povo em nome de alguma crença ou algo que julgava ser a “verdade absoluta”.

Da mesma forma, sabemos [google trends aqui, please] que muito conteúdo considerado de apelo discutível, de nível baixo e preconceituoso, desrespeitoso e repugnante recebe muitos acessos, gera interesse de uma grande massa (sem uma face comum, em princípio), oculta sob o véu da tão defendida liberdade de expressão.

Mas será que a liberdade de expressão justifica a falta de respeito aos padrões mínimos de respeito ao ser humano e seus valores essenciais? Certamente, não.

Há uma série de exemplos (tristes e lamentáveis, por sinal) que demonstram a má utilização da expansão de conteúdos de baixo nível (e não me refiro à qualidade do aúdio ou vídeo, mas sim da essência do mesmo) e como o bizarro interesse que geram nas massas servem de estímulo para que tais aberrações sejam cometidas, registradas e compartilhadas através de grandes redes e serviços de web.

A certeza do anonimato

Não há como controlar o que se vê e o que acontece diariamente na internet. Dados transitam simultaneamente, desde emails empresariais a spams, desde vídeo conferências educativas a filmes de pornografia pirateados em algum torrent da vida. Toda liberdade é uma via de duas mãos, é ingênuo pensar que seja diferente. A via da informação, da cultura, do conhecimento também é a via dos conteúdos de baixo nível, das redes pedófilas, dos ataques criminosos a diversos cidadãos de bem.

Há uma certeza do anonimato, que serve de estímulo ao crime. Os mecanismos.br de combate ao crime são tacanhos e não conseguem dimensionar tudo o que ocorre. Existem projetos de leis absurdos, tentando “frear” a liberdade de expressão. Não, esse não é o caminho.

Deve-se ir até a raiz do problema e começar daí. Como é possível publicar conteúdos visivelmente violentos, criminosos, repulsivos em grandes redes sociais? Algumas palavras são bem explícitas, bastava um (bom) filtro para bloquear a publicação. Se as grandes corporações 2.0 querem manter suas condições, manter a liberdade de expressão, é urgente que tal liberdade não ultrapasse os limites do respeito mínimo à condição humana, da dignidade e do respeito mútuo.