Design & UX

24 jul, 2015

Participando do Google Design Sprint

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A startup VivaReal, na qual trabalho atualmente como UX Lead, foi selecionada pelo Google para participar do primeiro Design Sprint, que ocorreu em São Paulo. Nós, da VivaReal, e outras startups estivemos juntos no desafio de explorar o método do Google.

Mas você sabe o que é Design Sprint? Vamos às definições e, em seguida, à percepção que tive da experiência.

O Design Sprint é um método para encontrar soluções para o seu produto, de forma a compreender melhor onde focar as melhorias, explorar, testar e validar as hipóteses levantadas.

Segundo o próprio Google, o Design Sprint consiste nos seguintes passos:

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  • Understand: What are the user needs, business need and technology capacities?
  • Define: What is the key strategy and focus?
  • Diverge: How might we explore as many ideas as possible?
  • Decide: Select the best ideas so far.
  • Prototype: Create an artifact that allows to test the ideas with users. Validate Test the ideas with users, business stakeholders and technical experts.

Você pode ver o documento completo neste link.

O processo, se feito corretamente, deve acontecer em cinco dias, veja neste outro link.

No entanto, fizemos o Design Sprint em um único dia, intensivo, rápido, dinâmico. É um processo muito bacana e ajuda a focar no real objetivo de encontrar a solução.

Understand

Explorarmos todos os problemas que queríamos resolver, porém, discutindo entre o grupo, entendemos que o real problema que tínhamos estava sendo um pouco ignorado na sua prioridade, e isso nos fez rever algumas coisas que geraram um reconhecimento maior da priorização de quais pontos melhorar do nosso projeto.

O time estava unido em discutir, escrever e rabiscar algumas ideias iniciais.

Time na ordem da esquerda para a direita: Francisco Sokol - Engenheiro de Software, Bruno Poncinelli - UX Designer e Vinicius Geraldes - Gerente de Produto.
Time na ordem da esquerda para a direita: Francisco Sokol – Engenheiro de Software, Bruno Poncinelli – UX Designer e Vinicius Geraldes – Gerente de Produto.

Define

É o momento em que o time decide, de fato, qual é o ponto do projeto a ser trabalhado, e todos entram em acordo do que deve ser melhorado e explorado.

Depois, cada um do time escreve suas soluções em post its. São diversas ideias, e ninguém é proprietário especificamente de nenhuma. Elas são colocadas em um algum lugar, e então agrupadas por categoria que faça algum sentido dentro do projeto em questão.

Após isso, existe um método em que os envolvidos votam nos grupos de maior relevância, cada um tem um número contado de votos, no caso 2, e aquele dentro do grupo que tiver maior poder de decisão, como um CEO, PM etc., terá 3 votos.

Uma vez decidido o grupo de ideias, começa a outra fase.

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Diverge – How might we

Nesta fase, cada um do grupo começa a desenvolver suas ideais. O método aplicado é chamado de Crazy Eights, no qual cada participante pega uma folha sulfite, dobra até formar 8 retângulos e começa a rabiscar suas ideias, de preferência que seja algo mais com cara de sketch, evitando escrever muito.

Os papéis então vão para uma parede para uma segunda rodada de votos, no mesmo modelo do primeiro, mas é uma fase já mais avançada – nesse caso, a ideia aqui é realmente divergir: cada um, com sua ideia e sem que um saiba da quem é responsável por cada ideia, dever ler todas atentamente e votar sinceramente na qual lhe agradou mais e fez sentido para o que está sendo explorado.

No caso do time da VivaReal, as ideias estavam muito alinhadas – creio que nós não divergimos muito, acho que temos plena consciência, como time, dos problemas que enfrentamos e dos melhores caminhos para solucioná-los. Assim, no geral, as ideias bem complementares, o que dificultou ainda mais o processo de votação.

E só a título de curiosidade, cada passo desses é cronometrado, gerando uma pressão para fluir as ideias, daí o nome Sprint – é mesmo necessário correr.

E o momento da votação é chamado de Zen Voting…

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Decide

É a hora então do Zen Voting. Selecionar as melhores ideias foi difícil, muito difícil como citei, mas chegamos a um consenso.

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Prototype

No último processo, é necessário gerar um artefato – no caso do Design Sprint, é solicitado que se faça um protótipo de papel utilizando as regras do Material Design.

Aqui o tempo já é mais generoso, em média 1h30 para fazermos o nosso protótipo.

Comecei o processo e então passei para o Bruno (UX Designer) continuar, pois realmente tenho minhas ressalvas com os protótipos de papel que citarei logo mais.

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Um processo divertido não podemos negar, mas fica a pergunta: funcional?

E então chegamos ao término do Design Sprint

A experiência foi bacana, já tinha feito antes com o Nelson Vasconcelos (UX Designer VivaReal – Google Expert) lá mesmo na empresa. No entanto, quando chegou nessa parte, sugeri que, em vez de gerarmos o protótipo de papel, fosse feito em conjunto um documento escrito. Um documento fantástico foi escrito em praticamente meia hora, com todos os detalhes, uma verdadeira inteligência coletiva.

A questão que levanto sobre os protótipos de papel são polêmicas e, portanto, prefiro não me aprofundar. Se você gosta disso e funciona para você, é o que importa. Eu prototipei muito com papel quando não havia ferramentas para tal, fiz diversos websites dessa forma, com todas as interações etc., mas fica a observação: era final dos anos 1990. Estamos em 2015, com milhares de ferramentas à nossa disposição.

Acredito que o Sketch (rabiscar o papel) é muito e muito válido, ele é livre, e nele você pode fazer todas as suas primeiras ideias ganharem vida rapidamente.

A questão é: você fazer protótipo de papel, como se fosse uma interface, e então valida com o usuário? Não vejo como isso pode ajudar você mais do que uma ferramenta ajudaria. E por quê?

Simples, estamos validando uma ferramenta no mundo digital, levar isso para o mundo físico é impregnar o usuário de outras referências – ele vai ficar observando os detalhes do seu maravilhoso protótipo de papel (que em alguns casos levou-se horas para fazer) e nem sempre poderá navegar entre todos os flows possíveis do projeto, afinal, não é fácil replicar as funcionalidades em um protótipo de papel.

Costumo dizer que, protótipos de papel, papelão ou outros são ótimas ferramentas para validar produtos físicos, uma nova maçaneta, por exemplo, com qualquer recurso inovador, mas utilizar isso para validar um app? Não funciona como esperado, e digo isso com experiência de causa. Testei ambos os modelos e sei bem que, na realidade, utilizar ferramentas adequadas como InVision é mais eficaz.

Então terá quem diga: “Você pode tirar foto do seu protótipo de papel e utilizar no InVision”. Daí não é mais um protótipo de papel, você estará gastando tempo fazendo toda uma colagem, elevação por níveis etc., quando bastaria utilizar um sketch com canetinhas para representar seu protótipo e então tirar as fotos – isso, sim, funciona e é rápido.

Então, do meu ponto de vista, eu curti muito o Design Sprint até chegar nessa parte, pois quando vi a maioria dos grupos jogando fora suas anotações e levando seus protótipos para casa, confesso que deu uma certa dor no coração.
Nós fizemos o protótipo de papel, mas também anotamos tudo, inclusive as ideias que supostamente não venceram na votação mas estavam alinhadíssimas como solução, e com isso saímos satisfeitos.

Com o conhecimento gerado no Design Sprint, vamos fazer de fato o Sketch das telas que pensamos, rapidamente mesmo, rascunho. E, feito isso, partimos para uma user interface que poderá subir posteriormente em A/B test.

E continuo dizendo: o melhor método é aquele que funciona para você, explore tudo que puder, todos os recursos, mas mantenha sempre a mente aberta.

Algumas fotos do evento:

Eu, Eduardo Horvath, no coffee break. :)
Eu, Eduardo Horvath, no coffee break. 🙂
Ah, esses Androids, levaria todos para casa.
Ah, esses Androids, levaria todos para casa.
Como citei, tinham diversas startups lá.  E lá na frente Nelson (VivaReal) e Ana (B2W) ambos Google Expert fazendo o papel do Sprint Master.
Como citei, tinham diversas startups lá. E lá na frente Nelson (VivaReal) e Ana (B2W) ambos Google Expert fazendo o papel do Sprint Master.