O HTML5 chegou com força e virou o queridinho dos desenvolvedores. Desde 2004, o formato já estava em desenvolvimento. Mas só agora é possível ver um pouco do novo HTML em cada aplicativo ou site. No início do ano, o Mobile World Congress, em Barcelona, na Espanha, reuniu um grupo de gigantes para impulsionar a linguagem. Mozilla, Microsoft, Apple e outras mais que também fazem parte do consórcio mundial de padrões da web,W3C, querem a popularização da linguagem. O especialista em web desenvolvimento do grupo no Brasil, Reinaldo Ferraz, dá uma boa explicação para tanto interesse: “o primeiro ponto é porque o HTML5 é um padrão aberto e gratuito”.
O formato já é amplamente usado em dispositivos móveis, principalmente os que possuem sistema operacional iOS, já que os primeiros tablets da Apple não suportavam Flash. Desde então, muitos colocaram o novo HTML como rival da linguagem da Adobe, ou aquele que finalmente conseguiria extinguir o Flash de vez. Para Ferraz, a competição não existe: “Eu não os consideraria como rivais. Acho que são duas tecnologias distintas. O HTML5 não veio para matar o Flash, mas para trazer novas funcionalidades”. Aos poucos, a linguagem foi sendo cada vez mais participativa. A maior parte dos navegadores que não suportavam o novo formato, hoje já apoia o HTML5.
Jogos famosos como o Cut the Rope já são totalmente feitos em HTML5, e estão disponíveis para smartphones e computadores. Até o site de compartilhamento de vídeos, Youtube já disponibiliza um suporte ao HTML5 para os seus players de vídeo. A linguagem facilita no suporte à vídeos em alta resolução que estão cada vez mais populares na internet. Pelo mesmo motivo, o Vimeo, que é outra página de vídeos, também passou a aproveitar o novo formato.
Onipresente
Hoje, com cada vez mais navegadores que implementam recursos em HTML5 ficou claro que todos compraram a ideia. A grande vantagem da sua popularização está na definição de um padrão para a web, segundo Ferraz: “hoje já existe bastante coisa em HTML5. No fim, você tem uma única web onde todos podem desenvolver seguindo o mesmo padrão”, completa. “O mais importante é que esses padrões trabalham individualmente com uma rede de conexão ligada com CSS, mais um motivo para que todos aceitem a linguagem”. Para o usuário comum, a principal mudança é que o HTML5 dispensa a instalação de plugins para assistir vídeos em diferentes formatos ou visualizar elementos de páginas da web. Estas e outras atividades, ficaram mais simples com a linguagem. Em dispositivos móveis, por exemplo, é possível acessar a internet com muita rapidez.
Já o desenvolvedor, precisa apenas estar por dentro dos comandos certos. O HTML 5 conta com tags canvaspara renderizar imagens; códigos para incorporar vídeos em páginas da internet; APIs de geolocalização; caching de aplicações (que permite o acesso a aplicativos mesmo offline) e bancos de dados com entradas de valores, palavras-chave e SQL. Tudo utilizando um sistema mais simples e padronizado.
A própria W3C tem trabalhado para se chegar cada vez mais perto deste padrão. O consórcio já oferece apostilas de cursos de HTML5, palestras e outras informações para a comunidade web que tem interesse em se aprofundar no assunto (w3c.br). Dia a dia a linguagem tem quebrado barreiras e criado oportunidades para que o ambiente online se torne cada vez mais intuitivo.
Web Semântica
Novas linguagens como o HTML5 seguem um novo caminho, onde a própria internet será capaz de “conversar” com o usuário. Essa seria a chamada “Web Semântica”. Para o assessor técnico da secretaria executiva do CGI.br, Carlinhos Cecconi, a web está chegando lá: “É esse desafio que a Web Semântica objetiva solucionar: a organização semântica desse mundo. Eu diria mais: a interação será cada vez mais rica e complexa porque será semântica. Vai muito além das interações das quais estamos acostumados”. Com cada vez mais tecnologia, a convivência com a internet tende a se tornar o mais simples e natural possível: “nossos celulares, smartphones, tablets e
outras engenhocas com processadores, sempre queremos todos conectados em rede e com acesso à Web. Com todo esse crescimento e amplitude de modos de acesso desde um simples celular até uma TV Digital, a Web precisaria evoluir também nas tecnologias que a fundamentam. Assim acontece com sua linguagem base que agora chega na versão 5”.
Pode-se dizer que o HTML5 já se aproxima um pouco do que seria essa Web Semântica. Alguns recursos já envolvem muito mais o usuário. “O objetivo é esse caminho. Uma transmissão via web poderia ser feita de outras formas, com bancos de dados, microfones e câmeras, por exemplo”, ressalta Ferraz. Cecconi assina em baixo: “O HTML5 introduzirá novas funcionalidades tanto para quem desenvolve aplicações, quanto para quem A história HTML Games Jogos como o Cut the Rope já são feitos totalmente em HTML5 para desktops e dispositivos móveis Players Sites de vídeo como YouTube e Vimeo já usam tecnologia HTML5 para exibir mídias “O HTML5 criará novas funções tanto para quem desenvolve aplicações, quanto para os que navegam.” Carlinhos Cecconi publica conteúdo, e também para os que a consultam e navegam. Dentre essas novas funcionalidades, teremos novos elementos com valores semânticos adequados para a estruturação de modelos de páginas e de aplicações”.
Desenvolvedores
Na visão de Cecconi, é muito importante que os desenvolvedores pensem na Web Semântica para criar: “Nossas criações não são apenas sintáticas. Arrisco a dizer que tudo o que criamos, é feito semanticamente. Além de pensar e começar a desenvolver semanticamente, o desafio maior será tratarmos todo o legado já publicado na web sem vínculos semânticos”. Em resumo, os programadores e desenvolvedores devem criar seus projetos pensando em novas funcionalidades, em conteúdos e significados
(semântica), e ir além da experiência de usuários mais superficial (sintática). Outras informações da própria W3C explicam um pouco melhor essa “internet do futuro“.
“Tudo está aberto para estudo e aplicação. Também pode-se interagir com diversos grupos de trabalho empenhados nessas definições”, diz Cecconi. Hoje ainda não sabemos quais dimensões a nova versão de HTML tomará dentro da web. Mas o fato é que tanto desenvolvedores como internautas comuns deveriam conhecer um pouco mais sobre a matéria-prima que constitui boa parte dos sites que visitamos.