Desenvolvimento

4 mai, 2012

Como eu comecei a programar

Publicidade

Eu já ouvi várias histórias de como muitas pessoas começaram a programar. Muita gente na nossa área tem uma curiosidade fora do normal e começa no mundo do desenvolvimento antes mesmo de entrar num curso técnico ou na faculdade. Tem gente que ganhou um computador do pai e aprendeu a programá-lo, outros começaram seguindo artigos na Internet e alguns começaram realmente em escolas e instituições especializadas.

Eu também comecei muito antes de pensar em fazer computação. E conheço várias outras pessoas de idade parecida com a minha (vinte e poucos anos), que tiveram o seu primeiro contato com a programação da mesma forma que eu.

Há muito tempo, o mIRC era febre entre os brasileiros. Todos usavam o programa de chat para se comunicar com os amigos, com os futuros amigos e com desconhecidos que nunca encontraríamos. Eu ainda acho o formato do mIRC muito interessante. É uma pena que ele hoje pareça ser restrito apenas para os geeks.

O mIRC tinha uma coisa muito interessante e nem todo mundo sabia utilizar. Apenas os nerds hackers iam fundo o bastante no programa para saber que era possível modificar o mIRC completamente. A coisa era tão poderosa que as versões modificadas do mIRC (os scripts) eram mais populares que o programa original.

Outra coisa muito legal no mIRC era que os códigos dos scripts estavam acessíveis. Eles eram open source por natureza. Então, além de poder usar e criar, eu poderia modificar os scripts existentes. Infelizmente, era comum os programadores criarem códigos ilegíveis para que as pessoas não copiassem, mas mesmo assim estava lá! Era só quebrar um pouco mais a cabeça que o código começava a fazer sentido.

E foi modificando scripts que eu comecei a tomar gosto pela programação. Se eu não gostava de algo, eu ia no código e modificava. Se eu queria algo novo, eu adicionava ou se eu queria tirar algo, também era possível remover. Eu tinha os poderes de modificar a ferramenta que eu usava nas minhas mãos, isso era sensacional!

Naturalmente, o próximo passo depois de aprender a mexer no código dos outros é criar o seu próprio. É interessante notar que já naquele tempo eu gostava de uma interface mais limpa. Os scripts que eu usava e criava não tinham muito a ver com os mais populares e espalhafatosos que as pessoas usavam. Alguns eram perturbadoramente poluídos…

Eu aprendi muito fazendo scripts. Aprendi a usar condicionais, loops, variáveis, a mexer com eventos, entre outras coisas. Eu até hoje lembro quando introduziram o comando while – antes os loops eram feitos no melhor estilo gambiarra com goto – e aquele avançado comando não entrava na minha cabeça. Parece simples o que tínhamos quando comparo com o que eu mexo hoje, mas era realmente empolgante aprender para resolver um problema que eu tinha. Eu não estava aprendendo porque alguém mandava. Eu estava aprendendo para que eu conseguisse detectar se uma pessoa falou um palavrão e kická-la do canal.

Nós deveríamos incentivar mais o espírito hacker nas pessoas. Criar tecnologias para que elas criem suas próprias soluções. Ok, tem gente que quer apenas apertar um botão e resolver todos os problemas, mas sempre teremos pessoas com uma curiosidade fora do normal que desejam saber o que tem por trás do botão que faz tudo sozinho, e essas pessoas deveriam ser incentivadas e deveriam ter meios para mudar o que existe por trás do botão.