Cloud Computing

7 fev, 2012

MegaGoogle, ou por que continuo a acreditar na nuvem

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Já que o primeiro mês de 2012 já passou e daqui a mais um mês o ano realmente começa, vamos ao que interessa. Se você acessa algo parecido com a Internet deve ter sabido de uma notícia mais importante do que a morte do velho amigo da garotada: a mudança nas regras do jogo realizadas unilateralmente por aquele que é dono da bola, do campinho e dos juízes, resumida no simpático videozinho abaixo:

Gostou do vídeo? Bonitinho, né? Agora vamos lá: você REALMENTE acredita que a intenção é esta? Ah, tá bom. O mais bacana é que não tem opt-out. Não gostou? Quer protestar? O Google não te impede, mas não te hospeda. Vista as calças e abandone a festa.

Videozinho por videozinho, este é muito mais simpático:

O que leva a um ponto muito importante: o que vai acontecer com aqueles pobre coitados que usavam o MegaUpload como DropBox? Tudo bem que não se fala em 1% nesses tempos de 99% (nesse caso deve estar mais para 0,000001%, mas não desviemos do assunto). O que acontecerá com eles? Não sei não, acho que já era. Provavelmente serão considerados vítimas de guerra, um mal necessário para quem os trata como estatística.

Daí aprende-se uma lição que todo mundo sabia desde muito antes da Internet: 1) não se deixa coisa importante em armário suspeito; 2) não se deixa coisa suspeita em armário importante; e 3) vice-versa. Ou, resumidamente, nem sempre o colchão é o pior lugar para se guardar dinheiro.

O mesmo vale para a política de privacidade do Google, dono de boa parte do que se conhece por nuvem. Ele não vai fechar. Se desativar uma coisa ou outra, deve avisar antes, do mesmo jeito que o Yahoo! teve a decência de fazer quando passou o Delicious adiante.

Mas isso não quer dizer que liberou geral nem que a vigilância será radical. Apenas que as portas do fichário são de acrílico, arriscadas para quem quiser guardar sua pornografia ou pirataria nele. Se a suruba for generalizada, recomenda-se tirar seus bens preciosos daquela festa suspeita. Se baixar a polícia e todo mundo for em cana, vai ficar difícil dizer que a bolsa não é sua.

Quanto ao resto das pessoas razoáveis, que usam os serviços do Grande Irmão Branco, não há (muito) a temer por um único motivo: o Google já era mesmo dono de boa parte dos seus dados, e mesmo afirmando categoricamente que não invade a privacidade de usuários individuais, a quantidade de algoritmos e supercomputadores que tem pode moer suas bases de dados e chegar a previsões bem aproximadas. Daí, pra dar uma de bonzinho, manda um link ingênuo como este, pra tentar te convencer que você é o paranoico – ele, na verdade, não sabe de quase nada. Claro. Nem ele, nem a Amazon, nem a Apple. O Big Brother só existe na casa do Bial. Acredite quem quiser.

Ainda mais hoje em dia que seus aplicativos são usados com uma frequência de causar inveja à Rede Globo nos tempos da primeira Selva de Pedra. Não sei se você reparou, mas já faz algum tempo que ninguém propõe passar uma semana sem Google. Talvez porque, como uma semana sem banho, sem luz ou sem coleta de lixo, a pauta só valha pelo bizarro da história.

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Artigo publicado originalmente em Luli Radfahrer