Carreira Dev

21 jun, 2012

O psicólogo organizacional como gerenciador de conflitos

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Recentemente, em uma prova de Psicologia do Trabalho, respondi uma pergunta sobre a missão dos psicólogos que trabalham na área de Recursos Humanos. Cheguei a conclusão de que o psicólogo organizacional, de certa forma, é um ‘gerenciador de conflitos’. Confesso que no momento em que escrevo este artigo, pergunto a mim mesmo se a mesma relação poderia ser ampliada e considerar outros profissionais, como os da área da administração, departamento de pessoal, e tecnologia de informação, como os gerentes e líderes de projeto.

De acordo com Sigmund Freud – e me perdoem porque irei reduzir o gap semântico e não ser tão formal quanto ao rigor da ciência psicanalítica -, no processo de constituição do indivíduo há o momento da castração, que normalmente é feita pelo cuidador que assume o papel do pai, cuja relação é explicada através do Complexo de Édipo. Este período nada mais é do que aquele em que se faz a internalização das leis pelo indivíduo, e ocorre pelo fato desse indivíduo que está em formação não poder realizar plenamente todos os seus desejos. O ID não pode se manifestar e dar vazão aos desejos pulsantes dentro deste indivíduo por causa do SUPEREGO, que surge devido ao processo de castração.

Em uma análise relacional, quando o indivíduo inicia o trabalho em uma empresa, invariavelmente ele deverá se adequar, caso queira realmente trabalhar nela. Não falo apenas das características dessa empresa, mas também os seus valores, que nem sempre são os mesmos do indivíduo. Em outras palavras, o indivíduo quer se manifestar de uma forma, entretanto, ele deve adequar-se a um padrão de conduta que não necessariamente é o dele. Fácil observar que existe posto aí um processo de ‘castração’ do desejo desse indivíduo.

É verdade que parte desse desejo pode ser sublimado (outro termo psicanalítico) e assim diminuir essa tensão psíquica do indivíduo de querer realizar o desejo em plenitude e mantê-lo assim, mas não poder. Todavia, também de acordo com Freud, essa tensão não é 100% sublimada, havendo, portanto, resquícios do desejo inicial.

Do outro lado, existe a empresa que, via de regra, está focada para a inovação, pertencimento ao mercado, reconhecimento, e, obviamente, o lucro. Todas essas coisas juntas podem, não necessariamente, estar em conformidade com os desejos dos colaboradores. Vamos concordar que pouquíssimas empresas, permitem aos empregados trabalharem, por exemplo, vestindo o que quiserem e estando presentes fisicamente na empresa quando quiserem, por um motivo simples: em tudo é exigido certa disciplina e portanto, processos castradores do desejo do ID e certamente, disciplinadores. Como a disciplina é imposta, se torna motivo de muita consideração e ponderação.

No meio desses dois interesses, no qual um é fato conhecido por todos (que é o caso da empresa), e o outro, pouco conhecido, por se tratar de eventos internos do indivíduo e por isso mesmo, subjetivo, está o psicólogo organizacional. Uma das funções desse profissional cosiste em fazer com que as pessoas se sintam bem em trabalhar no ambiente em que estão, tendo uma certa perspectiva de futuro e melhora, mesmo que esses dois fatores estejam associados diretamente à empresa no qual fazem parte; e o outro é sobre a empresa, que precisa que os funcionários estejam sempre bem, felizes e alegres, trabalhando para terem uma vida com certa dignidade e com isso fazer a empresa ter lucro. Caso não seja feito isso, a tendência é que as coisas não sejam mais tão harmoniosas.

Então, não seria de responsabilidades do psicólogo organizacional a gerência de conflito? Não sei quanto a vocês, mas penso que sim. E também não estariam incluídos nesse grupo, o líder de equipe e do projeto, o gerente de projeto, o coordenador, o analista de sistemas, entre outros?