2025 foi um ano em que a tecnologia avançou com velocidade, mas também mostrou seus próprios limites. Os agentes de IA autônomos, que entraram em 2025 como uma das maiores apostas do setor, deram passos importantes, ainda que não tenham alcançado, de maneira estável, tudo aquilo que a empolgação inicial fazia parecer iminente.
Essas soluções, capazes de automatizar tarefas, colaborar com outros agentes e executar ações em nosso nome, já evidenciam um potencial enorme, mas ainda precisam evoluir em confiabilidade e controle para funcionarem com segurança em larga escala. Mesmo assim, o ano mostrou que o caminho está aberto: o “quase” de hoje soa mais como amadurecimento do que como decepção, e a tendência é avançarmos ainda mais nessa direção.
Isso não significa, porém, que a inteligência artificial tenha decepcionado. Muito pelo contrário: 2025 foi o ano em que a IA se tornou incontornável. Usamos mais, discutimos mais e dependemos mais dessas ferramentas do que nunca. As aplicações de texto, imagem, vídeo e código se ampliaram a ponto de transformar rotinas de trabalho, processos educacionais e até o consumo digital. Mesmo para quem vive o setor diariamente, ficou evidente que este foi um período fora da curva para a indústria tecnológica.
Paralelamente a esse crescimento, vimos surgir uma preocupação cada vez mais urgente: como garantir autenticidade e combater a desinformação em um mundo moldado por conteúdos sintéticos? Isso acelerou a criação de estruturas de governança para IA, com foco em ética, transparência, rastreabilidade e responsabilidade corporativa. Ao mesmo tempo, a corrida pela superinteligência dominou debates técnicos e regulatórios, evidenciando o desafio de equilibrar inovação com direitos legais, autorais e sociais (áreas que, ainda hoje, caminham mais devagar que a tecnologia).
Blockchain, hiperautomação e a transformação silenciosa das empresas
Enquanto algumas tendências ficaram aquém do hype, outras amadureceram de forma visível. O blockchain, por exemplo, deixou de ser observado como experimento e passou a operar mais ativamente no sistema financeiro. Em 2025, bancos e fintechs incorporaram stablecoins às transferências internacionais, reduzindo prazos e custos. O que antes era tratado como curiosidade tem virado infraestrutura.
A hiperautomação seguiu o mesmo caminho. Ela ultrapassou o discurso e começou a remodelar cadeias operacionais inteiras, eliminando tarefas manuais e fortalecendo decisões guiadas por dados em tempo real. Do setor financeiro às indústrias e órgãos públicos, a palavra de ordem passou a ser eficiência. Empresas que entenderam isso cedo saíram na frente e desenham um cenário em que gestão e tecnologia já são praticamente indistinguíveis.
Os apagões digitais e o alerta sobre a resiliência da internet
Se por um lado 2025 trouxe maturidade tecnológica, por outro expôs fragilidades importantes da nossa infraestrutura digital. A queda da Cloudflare em novembro derrubou parte significativa da internet mundial, incluindo redes sociais a serviços corporativos, expondo o tamanho da dependência que temos de algumas poucas empresas responsáveis por manter essa engrenagem funcionando. Quando um componente como esse falha, todo o ecossistema sente.
Semanas antes, a AWS já havia enfrentado seu próprio colapso, provocado por um bug no DynamoDB. O incidente afetou dezenas de plataformas e durou quase um dia inteiro, interrompendo operações críticas usadas por milhões de pessoas. Esses episódios se somam a eventos recentes, como o apagão de 11 horas da AT&T e a falha da CrowdStrike no ano anterior, que paralisou hospitais, cancelou voos e gerou prejuízos bilionários. O padrão é claro: estamos apostando demais em nós mesmos e pouco em alternativas mais distribuídas.
Mas há um lado positivo. Cada grande falha acelera discussões sobre arquitetura descentralizada, redundância e diversificação de provedores. A pressão por uma internet mais resiliente está levando empresas a repensar suas estruturas e a investir em infraestruturas menos vulneráveis. No longo prazo, essa reação pode nos conduzir a um ecossistema digital mais robusto e preparado para o ritmo das inovações.
O balanço final: um ano intenso, mas promissor
Assim, 2025 termina como um período marcado por contrastes altamente produtivos. De um lado, a IA segue redefinindo nossa forma de trabalhar, aprender e criar. Do outro, os apagões cibernéticos ainda nos lembram o quanto dependemos de sistemas que podem falhar a qualquer momento. Ainda assim, o saldo é animador.
Se tudo o que vimos este ano foi apenas o aquecimento, 2026 chega com a promessa de ser ainda mais acelerado, daquelas temporadas em que mal conseguimos piscar entre um avanço e outro. E é justamente isso que mantém vivo o entusiasmo pelo que estamos construindo: um futuro tecnológico potente, complexo e, acima de tudo, em constante evolução.




