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20 set, 2016

O futuro da Internet das Coisas está na padronização de seus protocolos

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O tema central da maior Conferência sobre Web no Brasil, a Web.br, será sobre Web das Coisas. A sua 8ª edição acontecerá nos dias 13 e 14 de outubro, no Centro de Convenções Rebouças. Um dos keynotes mais esperados é de Dave Raggett, um dos pioneiros da Web, que desenvolve padrões desde o início dos anos noventa. Além de lançar os trabalhos de padronização em HTML, HTTP e muitas outras tecnologias da Web, Dave lidera o grupo de Web das Coisas no W3C Internacional.

Nessa entrevista, Dave explica os maiores desafios para a implementação efetiva das plataformas de Internet das Coisas na Web. Confira de perto.

1) Quais avanços futuros você antevê no que se refere às tecnologias da Internet das Coisas (Internet of Things)?

As redes de trabalho e as tecnologias de comunicação continuam a evoluir a largos passos. Eu percebo muitas oportunidades para uma maior integração de suporte em termos de hardware, no que diz respeito à segurança nos dispositivos da IoT, bem como na redução pela demanda de energia para aplicações onde os dispositivos são energizados pelo próprio ambiente ou precisam funcionar com a mesma bateria durante toda a sua expectativa de vida.

2) Quais são os maiores desafios para a implementação efetiva destas tecnologias?

A ausência de interoperabilidade ao longo das plataformas de IoT acaba por provocar a fragmentação, além de silos de dados, custos de desenvolvimento maiores, riscos maiores para fornecedores e usuários, e limites na abrangência das oportunidades do mercado. Ademais, existe a consciência crescente quanto aos riscos consideráveis que resultam da segurança frágil.

3) Como a Semântica Web e os dados abertos podem contribuir para o ecossistema da Internet das Coisas?

A amplitude das oportunidades de aplicação cruza muitos domínios o que quer dizer que as necessidades técnicas serão amplas. Nenhum protocolo ou plataforma por si só será suficiente. A Internet das Coisas visa promover soluções no sentido de permitir a realização de serviços que atravessam diversas plataformas ao lidarem com necessidades distintas. Esta solução está fundamentada sobre uma camada de abstração que contém semânticas, segurança e metadados de forma a permitir que plataformas interoperem entre si. O trabalho anterior do W3C sobre a Semântica Web fornece uma fundação para as complexas descrições que se fazem necessárias sobre de que forma as aplicações interagem com as coisas, e sobre como uma plataforma pode acessar outra plataforma de forma a garantir suporte de segurança de ponto a ponto.

4) Quais são os desafios e soluções em potencial para serviços escaláveis baseados na Internet das Coisas?

A Web já provou sua escalabilidade. Precisamos de padrões abertos que permitam a interoperabilidade através das plataformas; não somente através de plataformas baseadas em diversas nuvens, mas também a partir da margem da rede até a nuvem. Mercados abertos de serviços necessitarão padrões abertos para as descrições de serviços que os mecanismos de busca possam indexar, bem como para facilitar a composição de serviços através uma ampla faixa de plataformas.

5) Quais são os desafios e as soluções em potencial para a proteção de dados e para a privacidade do usuário na Internet das Coisas?

Isto é um desafio tanto para governos quanto para o mundo dos negócios. Os consumidores querem serviços, mas os fornecedores por sua vez precisam atender às preocupações referentes à privacidade demandadas pelos consumidores. Existem muitas soluções técnicas uma vez que já temos uma boa compreensão do que é necessário fazer, tanto em nível nacional quanto internacionalmente.

6) O que é necessário fazer para viabilizar a existência de mercados abertos de serviços na Internet das Coisas?

Nós precisamos de padrões abertos para contrapor a fragmentação que estamos vendo nos dias de hoje com a ausência da interoperabilidade ao longo das plataformas. Padrões abertos reduzirão os custos dos desenvolvedores de aplicações e aumentarão as oportunidades para os desenvolvedores de plataformas. Os padrões abertos permitirão que os mecanismos de busca indexem os serviços, além de permitirem que serviços que operem em diferentes plataformas sejam viabilizados por meio de metadados – o que por sua vez permite que as plataformas interoperem. Existem enormes oportunidades para a Internet das Coisas e as tecnologias da web auxiliarão a destravar esse potencial!