A rápida ascensão da Inteligência Artificial (IA) Generativa trouxe transformações significativas para diversos setores. Da otimização de tarefas até a aceleração do aprendizado, essa tecnologia vem se desenvolvendo como uma grande aliada da sociedade. Nem por isso, o seu avanço é isento de desafios, principalmente no âmbito da cibersegurança.
IA e Cibersegurança
Os números esclarecem um pouco esse cenário: a empresa do segmento EST revelou que o Brasil foi o quarto país da América Latina que mais sofreu ameaças digitais no primeiro semestre de 2024, atrás de Peru, México e Equador. Isso representa um total de 201 mil investidas criminosas registradas (7,76%).
Esses dados reforçam o quanto o avanço da IA precisa ser acompanhado de estratégias sólidas de defesa digital. Os métodos utilizados por criminosos estão cada vez mais sofisticados, explorando brechas em sistemas e utilizando técnicas avançadas para contornar mecanismos de proteção, especialmente por conta da crescente interconectividade.
Pessoas, empresas e governos precisam se juntar nesse cenário, para identificar as lacunas que abrem espaço para essas investidas e agir de forma proativa.
Ameaças aprimoradas a partir da engenharia social
Grande parte da sofisticação das ameaças digitais começa na engenharia social. As estratégias exploram as vulnerabilidades humanas, antes das tecnológicas. As deepfakes são exemplos marcantes disso. Esses algoritmos de IA são usados para criar imagens, vídeos e áudios falsos que imitam pessoas reais com alta precisão. Portanto, é uma técnica que pode ser utilizada para disseminar desinformação ou simular a voz e a aparência de alguém para aplicar golpes.
O phishing é outra técnica em que fraudadores tratam comunicações falsas como legítimas, imitando bancos, empresas ou até contatos pessoais para enganar vítimas e obter dados sensíveis, como senhas e informações bancárias. Com a evolução das estratégias cibernéticas, esses golpes se tornaram ainda mais sofisticados, atingindo não apenas usuários comuns, mas também altos executivos (C-Levels) e grandes autoridades.
As consequências de crimes como esses vão muito além do prejuízo financeiro. Quando uma identidade é usada indevidamente, recuperar credibilidade e segurança pode ser um processo longo e desgastante. No caso de organizações, os danos vão desde o comprometimento da sua reputação até penalidades regulatórias e falhas na proteção de informações.
Conscientização sobre a IA
Visto que a base desses ataques começa na persuasão, a conscientização deve ser a ferramenta de defesa primária contra cibercriminosos. A educação digital é a chave para tornar esse ambiente seguro.
A disseminação de boas práticas na internet, como o uso de senhas fortes, autenticação em duas etapas e atenção ao compartilhamento de informações pessoais, precisa começar a ser olhada como um pré-requisito básico da nossa sociedade. Muitas dessas recomendações são amplamente divulgadas, mas reincidência de golpes mostra que ainda há um longo caminho a percorrer para que o público assimile e aplique esses cuidados de forma sistemática.
Além disso, o consumo crescente de conteúdos digitais é outra prova de que esse tema será um dos debates globais fundamentais dos próximos anos. Em um mundo onde vídeos e áudios falsificados podem viralizar em segundos, aprender a verificar fontes e confrontar dados antes de compartilhar qualquer coisa é um hábito que deve ser incentivado. Isso inclui procurar notícias em veículos confiáveis e comparar informações em diferentes plataformas. Cada vez mais precisaremos adotar um “ceticismo crítico” a respeito de informações, imagens e vídeos que recebemos em apps de mensagens e redes sociais.
Não há dúvidas de que a IA veio para ficar e seguirá moldando o futuro. No entanto, mais do que criar novas ferramentas ou desenvolver produtos inovadores, é fundamental construir uma cultura de segurança. Somente assim poderemos explorar todo o seu potencial transformador e avançar com confiança rumo a um futuro tecnológico mais seguro.