Tal como um compositor sabe que precisa de uma nota para construir uma música, um analista de SEO sabe que precisa de uma palavra-chave para posicionar uma página. É assim que os mecanismos de busca funcionam. O Google posiciona um site baseado principalmente nas palavras-chave encontradas em uma página. Claro, centenas de outros aspectos também são levados em conta na hora do Google optar por qual página posicionar em primeiro lugar. O fato é que palavra-chave e SEO são como unha e carne. Mas a evolução dos acontecimentos sugere vislumbrar um cenário que já está debaixo do nosso nariz. Até quando isso será uma verdade absoluta?
O Google se utiliza de mais de 200 fatores em seu algoritmo para posicionar uma página. Isso inclui, além das palavras-chave, links que apontam para essa página, a qualidade desses links, conteúdo, arquitetura da informação, social sharing e tantos outros. Mas as coisas estão longe de parar por aí. Um novo ponto de inflexão já está em pleno curso: a otimização de entidades.
O meu logo continua o mesmo, mas o meu crawler, quanta diferença!
Embora o logo do Google seja praticamente o mesmo desde o seu surgimento em 1998, o grande buscador já é bem diferente. E tenha certeza que daqui um ano ou dois também será bem diferente de hoje. A tela clássica dos “dez links azuis” apresenta hoje resultados otimizados para imagens, vídeos, Knowledge Graph, buscas verticais baseados em localização geográfica e muito mais. A página de busca sempre esteve lá. Logo centralizado, campo de busca, botões de pesquisa e “estou com sorte”. Por trás disso, no entanto, as mudanças são profundas, influenciando inclusive a maneira como interagimos.
O vice-presidente sênior do Google, Amit Singhal, que tem 22 anos de Google e como especialista em mercado de busca, disse na última conferência anual de desenvolvedores que estamos caminhando para “o fim da busca como conhecemos”. Novas tecnologias estão sendo implementadas e vão levando o Google a se tornar mais parecido com um computador ativado por voz no melhor estilo Star Trek do que um “simples” site de busca.
Busca baseada em entidades
O conceito de entidade não é algo totalmente novo em SEO, mas a maneira como ela vem sendo aplicada nos obriga a entender novas formas de se pensar em SEO. Uma entidade pode ser qualquer coisa ou qualquer conceito que exista. Pode ser um produto, uma empresa, pessoas, lugares, eventos, filmes, ideias, qualquer coisa. O Google quer apresentar resultados de pesquisa que estejam relacionados com o contexto da consulta feita pelo usuário de forma a otimizar os melhores resultados para o usuário. Em outras palavras, o Google vem expandindo o que já acontece no Knowledge Graph, conectando à uma pesquisa vários atributos e resultados relacionados. Tudo isso vem sendo também integrado ao Google Plus, que se apresenta como uma grande base de entidades, pessoas, empresas, tudo conectado aos círculos entre milhões de usuários.
Para entendermos de um ponto de vista mais prático, peguemos o exemplo da célebre frase “I’m sorry, Dave”, dita por Hal 9000, o olho-câmera programado com inteligência artificial, personagem do filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”.
Fazendo uma busca pelo termo, podemos observar na imagem acima que os resultados da primeira página são o que se espera em termos de otimização onpage: palavra-chave no título, metatags e uma certa densidade de texto-âncora e palavras-chave relacionadas. Entretanto, o Google não mostra só resultados baseados em buscas por palavra-chave. Seu motor de busca está mais inteligente e considera também resultados baseados em entidades, como é o caso dos links para o site do IMDb Quotes e Wikiquote. O termo de busca não está no título, mas na otimização semântica.
O que é otimização semântica?
Otimização semântica ou SEO semântico é uma busca, uma pergunta ou uma ação que gera resultados relevantes mesmo quando os itens do resultado apresentado não contenham exatamente o termo da pesquisa. Isso significa um resultado que considera valor do conteúdo semântico, termos que tenham relação semântica.
O Google entende que se o termo de pesquisa é “humano”, então logo assume que humano é também mamífero, é feminino e masculino, é vertebrado e assim sucessivamente. Nesse sentido, a marcação de dados estruturados vem produzindo efeitos cada vez mais significantes dentro da otimização semântica. Vídeos, imagens, autoria, rich snippets para cada caso estão alterando o comportamento do usuário. A implementação de microdados ou RDFa nada mais é que adicionar marcação semântica, contribuindo para a relevância de uma determinada página e mais ainda, exercendo influência direta sobre o CTR.
Os microdados auxiliam os motores de busca a entenderem o que é mais relevante para a busca, dando as informações “mastigadas” para que o Google ofereça resultados mais relevantes e precisos. Uma busca não retorna mais somente resultados baseados na palavra-chave, mas se leva cada vez mais em consideração a semântica da página (e do site como um todo) como fator de rankeamento. A otimização semântica não só está em plena evolução como já faz parte do trabalho de SEO.
Conclusão
Sob uma nova perspectiva, o Google está expandindo sua capacidade de buscar os melhores resultados. Nos primeiros anos da era pós-Google, o buscador sempre focou em PageRank, backlinks, autoridade de página, conteúdo etc. Hoje, além desses fatores, vemos também uma importância cada vez mais significativa de marcação de dados estruturados, Schema.org, AuthorRank/AgentRank, Google+, Google Business Page e busca semântica.
Os motores de busca são cada vez mais capazes de “adivinhar” o que os usuários procuram, fornecendo os melhores resultados para eles da forma mais fácil possível. Os crawlers estão cada vez mais espertos em sua capacidade de interpretar consultas e sequência de consultas, como “qual a distância daqui para lá” ou “mostre-me fotos da minha cidade”.
Não há dúvidas de que um conteúdo de sucesso depende de palavras-chave. Keywords são cruciais para determinar a relação entre a intenção do usuário e um resultado relevante. A questão é entender que o Google está expandindo sua tecnologia baseado em localização, personalização, contexto e otimização semântica.