Desenvolvimento

9 jul, 2014

Qual o futuro do Bitcoin e de outras moedas criptográficas?

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Na Revista iMasters #10, perguntamos a alguns profissionais de TI e empreendedorismo sobre o Bitcoin e outras moedas criptográficas. Você pode ver a opinião deles, e deixar a sua nos comentários.

Em 2013, o Bitcoin atingiu o maior valor de mercado em seus cinco anos de existência. Impulsionado por isso, houve um aumento significativo da sua adoção por comerciantes e varejistas. Qual a sua opinião sobre o Bitcoin e outras moedas criptográficas? Que futuro você acredita que essas tecnologias terão nos próximos anos?

Apesar de o Bitcon ter sido criado em 2009, agente observa que sua adoção ainda está no início sob todos os aspectos. A adoção do Bitcoin pelos varejistas e comerciantes ainda vai aumentar muito, o que pode ser observado pelo movimento que se inicia nos Estados Unidos, em grandes lojas como overstock.com, tigerdirect, entre outras. Transações financeiras utilizando criptomoedas são mais práticas, simples e baratas, já que é possível enviar um Bitcoin do Brasil para a China tão fácil como se envia um e-mail, sem taxas bancárias, impostos ou burocracia. Bitcoin é a moeda global que pode ser utilizada por qualquer pessoa. São essas características que tornam o Bitcoin e outras moedas virtuais uma invenção tão surpreendente quanto o celular e a Internet.

André Horta – empreendedor e fundador do site Bitcoin2You, que permite a compra e venda de Bitcoins.

 

As criptomoedas resolveram, de maneira muito elegante, um problema clássico. Com a tecnologia do blockchain, é possível confirmar a autenticidade de um documento (moeda, contrato, certidão) sem a centralização em uma entidade verificadora (como uma casa da moeda ou cartório), e a exploração dessa tecnologia está apenas começando, por enquanto focada em transferência de valores (como uma moeda). Com as criptomoedas, já é possível solucionar problemas insolúveis no sistema financeiro tradicional: micropagamentos, transferências internacionais sem taxas, irreversibilidade de transações, e muito mais. Acredito que as criptomoedas serão revolucionárias nas transformações pelas quais a sociedade vai passar nas próximas décadas.

Marco Gomes – empreendedor, programador e nerd.

 

Moedas criptográficas representam uma solução promissora para descentralização da infraestrutura financeira internacional e das relações de poder associadas. Além disso, suas realizações concretas atuais agregam uma série de inovações tecnológicas de interesse independente, como a demonstração prática de que é possível manter consenso distribuído, com inúmeras aplicações em potencial. Não sabemos quão realmente disruptiva será essa tecnologia frente a Estados cada vez mais controladores e bisbilhoteiros, mas é certo que não vivemos mais em um mundo onde moedas puramente digitais são impossíveis ou inviáveis de se construir.

Diego F. Aranha – professor do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas e especialista em Criptografia e Segurança Computacional.

 

Bitcoin, bem como outras moedas criptográficas mais aperfeiçoadas com a mesma natureza distribuída e cooperativa (como Zerocoin), devem crescer em popularidade ao longo dos próximos anos, à medida que sua utilização se tornar progressivamente mais amigável e se não for artificialmente bloqueada por iniciativas governamentais. O principal desafio social que essas moedas enfrentarão, quero crer, será estabilizar o comportamento complexo e flutuante do câmbio, ainda típico de processos que não atingiram o equilíbrio. As tecnologias criptográficas mais robustas em desenvolvimento podem favorecer decisivamente essa estabilização, se lograrem inspirar confiança proporcional da parte dos usuários.

Paulo S. L. M. Barreto é Professor Associado (Engenharia de Computação) da Poli/USP, onde obteve o doutorado em 2003 e a livre-docência em 2011.

 

Por que as moedas virtuais vieram pra ficar? Elas são uma das tecnologias de maior crescimento atualmente. E qual o motivo disso? Acredito que a principal reposta para essa pergunta é estarmos em um mundo em que as pessoas se conhecem, se comunicam, trabalham e até mantêm relacionamentos amorosos umas com as outras, independentemente de em que parte do mundo estejam. Contudo, nesse ambiente global, sempre houve a falta de uma maneira de elas pagarem umas às outras de maneira eficiente, barata e fácil. Assim, se eu tenho aula de inglês com o professor em Dublin por Skype, como pagá-lo?

O Bitcoin, ao ser criado em janeiro de 2009, trouxe essa solução simples de transações financeiras, em que não dependemos de intermediários caros para fazer pagamentos presencialmente ou pela Internet. Com a criação das moedas virtuais, não precisamos de empresas de envio de dinheiro, ou de cartão de crédito para pagar o professor de inglês na Irlanda ou quem quer que seja. O pagamento é praticamente instantâneo e vai direto para ele, sem que haja chance de fraude. É essa necessidade simples e básica de mover dinheiro que faz o sucesso do Bitcoin, e que garante que as moedas virtuais chegaram e não vão mais embora.

Rodrigo Batista é CEO do MercadoBitcoin.com.br. Formado em computação pelo IFSP, em Administração de Empresas pela USP e é pós-graduado em Engenharia Financeira pelo PECE-USP.