Quando percebi que entregar no prazo não era o suficiente
Durante boa parte da minha carreira, eu me orgulhava de entregar projetos dentro do prazo e do orçamento. Cada check verde no cronograma era uma pequena vitória.
Mas, com o tempo, comecei a perceber um incômodo: alguns desses projetos “bem-sucedidos” simplesmente não geravam resultado algum para o negócio.
Lembro de um caso específico: um sistema interno que desenvolvemos com toda a metodologia clássica , escopo fechado, sprints bem conduzidas, testes validados.
O projeto foi entregue impecável. Três meses depois, o uso era mínimo.
O time havia entregue o que foi pedido, mas não o que realmente resolveria o problema. Foi um choque. Ali percebi a diferença entre pensar como Project Manager e pensar como Product Thinker.
No primeiro caso, meu foco era concluir o trabalho. No segundo, deveria ter sido entender o porquê daquele trabalho existir.
O que muda quando passamos a pensar como donos de produto
Pensar como um Product Manager não é mudar de função , é mudar de lente.
Como PM, eu costumava medir sucesso em marcos e entregas. Hoje, aprendi a perguntar: “qual valor isso gera?”
O foco deixa de ser o output (entregas) e passa a ser o outcome (impacto).
E dá pra resumir a diferença nesse “processinho básico” que me ajudou a virar a chave 👇
E, no fundo, é até engraçado: enquanto o Project Thinking tenta controlar tudo, o Product Thinking tenta entender o porquê.
Um mede progresso; o outro mede propósito. Um comemora checklists; o outro comemora aprendizado.
É a diferença entre “terminamos o projeto” e “valeu a pena ter feito?”.
Entregar menos, mas entregar melhor
Num projeto recente, o time de negócios chegou com uma lista: dez novas funcionalidades para “melhorar a experiência do cliente”.
Sabe aquele momento em que você olha pra lista e já vê um cronograma pedindo socorro?
😅 Pois é.
Em vez de sair planejando tudo, resolvemos dar um passo pra trás. Fomos entender o que realmente doía para o cliente. Descobrimos que duas pequenas melhorias resolviam 80% das reclamações.
Entregamos só essas duas e o impacto foi imediato. Menos features. Mais valor. Mais sorrisos.
Desde então, carrego comigo uma regra simples: “Nem todo escopo precisa nascer, mas todo valor precisa aparecer.”
Gerenciar projetos, hoje, é menos sobre controlar tarefas e mais sobre curadoria com propósito. E quem entende isso, deixa de ser apenas gerente e vira guardião de impacto.