A tecnologia precisa permear a vida das pessoas sem que elas percebam; nossa tarefa é aprimorar nossos soft-skills para conseguir entender as demandas e, acima de tudo, comunicar suas soluções.
Quem trabalha com tecnologia sente, muitas vezes, que ela é intangível para as pessoas. Convivemos com familiares e amigos nos questionando sobre o que a gente faz, tentando entender o nosso trabalho. Mas, convenhamos, explicar temas como integração de sistemas não é das tarefas mais fáceis.
Isso não muda o fato de que todo esse código que escrevemos, por exemplo, vai impactar a vida de muita gente – inclusive aqueles que não entendem o que está escrito ali.
A tecnologia não é apenas intangível: ela é invisível. E isso é bom. Pense na eletricidade. As pessoas acendem lâmpadas todos os dias, mas não ficam pensando sobre toda a complexidade que está por trás de acionar um interruptor.
Se a tecnologia é invisível, isso significa que ela já está permeada na sociedade. Quando ela chama a atenção, são grandes as chances de que ela precisa melhorar.
Está cada vez mais claro que a função de qualquer profissional de TI é tornar a tecnologia invisível, construindo uma solução que é tão simples e eficiente a ponto de não precisarmos explicá-la.
Essa missão não é simples. Não basta ter todo o conhecimento técnico; é preciso compreender realmente as necessidades e as demandas das pessoas. Até porque, muitas delas estão fora do ambiente de TI e têm dificuldades com o uso de tecnologia.
Nossa tarefa é decodificar e suprir essa demanda. Para isso, precisamos de soft-skills que estão relacionadas à nossa habilidade de nos comunicarmos com as pessoas e de conhecê-las de verdade. É um trabalho que envolve psicologia e empatia.
Mas, para esse conceito deixar de ser uma teoria e se tornar uma prática, o profissional precisa fazer um trabalho de autoconhecimento e aprimoramento de suas soft-skills, indo além de toda capacidade técnica que já possui.
Sei que pode parecer um clichê corporativo, mas não se engane: essa é uma necessidade real e imediata, principalmente para aqueles que ainda sentem dificuldade em se comunicar com as pessoas.
O mundo vive um momento em que mais tarefas estão sendo automatizadas, numa constante busca por produtividade e eficiência. Para nós, humanos por trás das máquinas, existe uma demanda específica: a capacidade de entender a linguagem do outro, utilizando nossa empatia, nosso carisma, nossa atenção.
Eu lembro muito bem quando essa ficha caiu para mim. Eu era desenvolvedor em uma multinacional e topei o desafio de trabalhar com o time de vendas em outra empresa. Saí de uma função puramente técnica e me tornei o único representante de um determinado produto na América Latina.
Caí de paraquedas na área comercial e tive que aprender na marra, conquistando clientes, gerenciando expectativas e sendo muito firme, quando necessário, nos momentos que eles escolhiam caminhos que considerávamos problemáticos.
O meu maior aprendizado, na época, foi entender verdadeiramente as pessoas e aprender a me colocar no lugar delas, compreendendo seus objetivos e seus problemas. Lidar com as pessoas é um exercício diário, mas que rende frutos o tempo inteiro. E o principal deles, certamente, é a construção de relações de confiança.
Foi um processo gradual. Fui testando, confiando e aprimorando a cada dia, me tornando cada vez mais comunicativo. Hoje, percebo que evoluí, mas noto também que é um processo que não acaba nunca.
Independentemente da posição que ocupe na empresa, qualquer profissional da área precisa desenvolver essa habilidade de comunicação. Esse é a única maneira de cumprir a função primordial da tecnologia: tornar a vida das pessoas mais fácil e confortável. A tecnologia deve ser invisível. Mas o profissional de TI, não.